Menos de uma semana após o CEO da Adobe, Shantanu Narayen, falar da sua disputa com a Apple sobre Flash no iOS (durante a D9 Conference), o UOL Tecnologia publicou hoje uma entrevista realizada com Fabio Sambugaro, gerente regional da Adobe Brasil, exatamente sobre o mesmo assunto. Ele estava acompanhado por Marta Clarck, vice-presidente da Adobe para América Latina e Caribe.
Resumindo a história: é óbvio que qualquer executivo da Adobe vai tentar a puxar a sardinha pro seu lado, mas se for pra fazer isso é preciso ter em mente que os usuários que ouvirão suas respostas não são, em sua maioria, desinformados o suficiente para simplesmente aceitar as coisas como verdade absoluta.
Pincei alguns pontos da entrevista e os comento a seguir.
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A plataforma Flash é completamente aberta, se eles [a Apple] abrirem muito o Flash podem pôr em risco o modelo de negócios: estão tentando manter o negócio deles. A gente não tem do que reclamar.
Gostaria muito de ouvir um esclarecimento sobre o que ele quer dizer com “plataforma completamente aberta”, porque até onde eu sei toda a tecnologia do Flash é proprietária e as ferramentas de desenvolvimento para ela também não são nada baratas.
No final quem perde não é o fabricante X ou Y, quem está em jogo aqui é o usuário. Ao adquirir um dispositivo, ele busca liberdade de utilização e uma limitação acaba criando algo ruim para o usuário.
Defina o conceito de “ruim”: é eu não poder acessar o site de um restaurante chinês todo feito em Flash (sabe lá Deus por quê), só pra citar um dos raros exemplos que me incomodam, ou ter um browser lento, instável e inseguro devido a um plugin altamente polêmico e criticado?
A médio e longo prazo, se a Apple continuar desenvolvendo produtos atraentes para o público, pode continuar tendo essa mesma estratégia e o pessoal vai se adaptar.
Sambugaro que o diga. Ele mesmo tem um iPad. 😉
Se não conseguir ter a demanda da tecnologia, eles podem perder. Quem perde com tudo isso, sempre, é o usuário. E o desenvolvedor, que tem de fazer conteúdo para os diversos dispositivos.
Ou então o desenvolvedor pode optar por HTML5, CSS e JavaScript, linguagens/plataformas REALMENTE abertas que funcionam em qualquer browser moderno sem a necessidade de nenhum plugin especial e com uma flexibilidade tremenda.
Esses 25 milhões de tablets [referindo-se ao número de iPads vendidos até hoje] têm de usar alguma alternativa para ver algo que hoje é padrão dentro da web [conteúdo em Flash].
Conteúdo em Flash é “padrão” na web desde quando, pessoal? Nunca foi, nunca será. Já foi mais popular/difundido, hoje está despencando vertiginosamente. Todo grande portal, todo site que se preze já se adaptou ou está em processo de adaptação para o iOS — isto é, aqueles que cometeram o erro de apostar no Flash, no passado.
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Sabe qual foi o tom dessa entrevista, pessoal? Eu digo em uma palavra: desespero.
[dica do Max Willes]