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O nó do iPad começa a se desatar

No ano passado, eu explorei aqui e aqui a falta de clareza que permeava a linha de iPads, sendo a variante Pro a principal vítima da constante mudança do que a Apple visualizava como o papel dos tablets dentro da sua linha de produtos.

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Em 2015, no auge da frustração de Cupertino com a Intel (e vendo o faturamento da linha de Macs estagnado desde 2011/12), veio o primeiro iPad Pro. E a Apple fez de tudo para emplacá-lo como o futuro da computação.

Quando isso não aconteceu, ela passou a tentar promover todos os iPads como substitutos do Mac. Em retrospecto, esse processo parece ter sido parecido com a etapa da barganha de quem passa pelas cinco etapas do luto (e olha que ela também passou pela raiva ao antagonizar diretamente o mercado de PCs): ela separou o iPadOS do iOS, acabou com a exclusividade do iPad Pro, levou gradualmente a compatibilidade do Apple Pencil e de versões do Smart Keyboard a toda a linha, e cansou de falar sobre a “era pós-PC” nos seus eventos, mas… também não colou.

Tim Cook apresenta o iPad Pro como “A maior novidade do iPad desde.o iPad”, no evento especial em setembro de 2015.

Depois de muitos anos (e muitos, muitos bilhões de dólares) investidos, o único verdadeiro resultado dessa insistência da Apple foi o fato de a linha de iPads ter se tornado um grande bololô de versões, acessórios e recursos sobrepostos — e com zero clareza ou diferenciação entre as múltiplas opções e gerações à venda.

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Este iPad aqui, que você achava que já tinha Mini-LED, agora tem Mini-LED! E este outro iPad aqui, agora funciona com o Apple Pencil! E falando em Apple Pencil, aqui está um novo Apple Pencil. Mas ele não funciona com este iPad aqui. Só com esses outros, que por sinal você nem sabia que também já eram compatíveis com o Apple Pencil. Mas só o de segunda geração, que não é a versão USB-C. Essa é outra versão, que funciona com esses outros iPads aqui. Exceto se você tiver um adaptador. Aliás, falando em adaptador…

Nesse mesmo período, a linha de Macs, passou por uma espécie de fase de hibernação, tendo ficado entre dois e cinco anos sem ver atualizações, dependendo do modelo.

Mas enfim, veio a fase da aceitação. Resignada ao fato de que o iPad não seria, afinal, o futuro dos computadores e, cansada de esperar a Intel tomar jeito, a liderança da Apple deu luz verde ao projeto que levou o Apple Silicon aos Macs. O resultado foi imediato. Mais do que isso, os Macs com Apple Silicon registraram justamente a explosão de vendas e empolgação que a Apple sempre quis ver para os iPads, mas que nunca aconteceu.

E foi aí que a coisa se inverteu. Com o benefício do foco total da empresa, o Mac recuperou o tempo perdido e segue acelerando. Já o iPad, bem… acaba de ganhar sua primeira atualização em mais de um ano.

Simplificando a linha

Ao longo dos últimos anos, todos os novos modelos de iPads pareciam ser uma tentativa improvisada e descompassada de sustentar as vendas por mais alguns meses, à frente de uma janela perfeita imaginária de tempo a qual permitira que toda a linha começasse a ser reorganizada do zero.

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Bem, para o iPad Pro e para o iPad Air, os dois dispositivos que mais se sobrepuseram ao longo dos últimos anos, foi o que aconteceu.

No evento da última terça-feira, John Ternus, vice-presidente de engenharia de hardware da Apple, tirou alguns segundos para explicar exatamente como a empresa pretende passar a diferenciar os iPads Air e Pro:

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O iPad Air disponibiliza a um preço mais acessível, os recursos avançados que estreiam no iPad Pro.

Até hoje, a Apple nunca havia feito essa diferenciação. Nem em conceito, e muito menos na manifestação disso em hardware que, cada um com seu próprio calendário de atualizações, gerava toda a confusão que já exploramos.

Se a Apple realmente cumprir a promessa de fazer entre o iPad Pro e o iPad Air, o mesmo esquema de herança tecnológica que, de certa forma, ela vem empregando há anos nos iPhones, é capaz de até mesmo a confusão da compatibilidade dos diferentes modelos do Apple Pencil se resolver em breve.

Mas eles ainda são só iPads rodando iPadOS, né?

Se existe um debate do qual eu não senti saudade nesse intervalo de mais de um ano sem vermos iPads novos, é o sobre a sua utilidade ou o seu motivo de existir.

Se você nunca encontrou um uso para um iPad (ou, como foi meu caso, tentou adotá-lo por algum tempo e não funcionou), isso significa apenas que você não faz parte do grupo de pessoas para quem a Apple faz o iPad. Grupo esse, por sinal, que gera com os iPads o mesmo faturamento que os Macs geram para a Apple. Em alguns trimestres, até mais.

O que é bem diferente do debate — que na verdade, sequer é um debate a essa altura — da diferença brutal entre os avanços de hardware que a linha de produtos acumulou ao longo das suas últimas gerações, e a estagnação vergonhosa do software que o equipa.

O hardware dos novos iPads, especialmente o do Pro, é incrível. Aliás, dentre todos os produtos da Apple, a linha de iPads parece ser a que mais permite que a equipe de design industrial experimente materiais, soluções e tecnologias. Do Tandem OLED ao chip M4, do logo traseiro da Apple feito de cobre para dissipar calor à desnecessária, porém interessante finura de 5,1mm que só perde para os 4mm do iPod shuffle de 5ª geração, os novos iPads Pro trazem não só o que todos podemos esperar daqui a uns anos no iPad Air, mas mas também em Macs, iPhones, etc.

Ainda assim, nesta última semana, todas as discussões envolvendo a disparidade abissal entre os avanços de hardware e a situação do software do iPad acabaram tocando em um mesmo ponto: talvez valha esperar até a WWDC24 para ver o que a Apple anunciará no iPadOS 18, antes de crucificar a coisa toda.

Sinceramente, essa esperança eu já perdi. O iPadOS parece estar permanentemente pelo menos meia década atrás das possibilidades proporcionadas pelo hardware, e acredito que ele seguirá assim. Em grande parte, isso parece ser graças ao que resta da insistência burra da Apple de ainda tentar emplacar o iPad como a próxima grande coisa, que precisa ser diferente da coisa antiga, senão não vale 1Alô, Stage Manager (também conhecido como Organizador Visual)..

No evento da última terça-feira, a Apple mostrou mais uma vez que ela acha que a solução do atraso do iPadOS cabe apenas aos apps, e nas possibilidades que o hardware abre para eles. Não é assim. O sistema precisa acompanhar. Mas, um passo de cada vez. Por ora, para quem se importa com o iPad, a última semana vai entrar na história do dispositivo como uma rara vitória inequívoca. Já para quem não se importa, bem… o que diabos você ainda está fazendo aqui?


Ver preços iPads Pro de Apple Preço à vista: a partir de R$11.069,10
Preço parcelado: a partir de R$12.299,00 em até 12x
Telas: 11 ou 13 polegadas
Cores: prateado ou cinza-espacial
Capacidades: 256GB, 512GB, 1TB ou 2TB
Conectividade: Wi-Fi ou Wi-Fi + Cellular

Ver preço Apple Pencil Pro de Apple Preço à vista: R$1.349,10
Preço parcelado: R$1.499,00 em até 12x

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Preço parcelado: a partir de R$3.299,00 em até 12x
Tamanhos: 11 ou 13 polegadas
Cores: branco ou preto

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Notas de rodapé

  • 1
    Alô, Stage Manager (também conhecido como Organizador Visual).

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