Depois de um bom tempo sem modificações, a Apple lançou, em setembro de 2021, uma nova geração do iPad mini.
Totalmente renovado, o aparelho veio com o chip A15 Bionic, uma porta USB-C, compatibilidade com o Apple Pencil de segunda geração e um design inspirado no dos iPads Pro e Air, mais quadrado nas laterais.
O produto agradou a mídia e recebeu vários reviews positivos como um aparelho potente e prático. Mas será que as melhorias o tornaram uma opção profissional? Motivado por essa pergunta, resolvi testar o gadget para ter minhas próprias impressões, as quais compartilho com vocês neste post.
Antes de mais nada, sim, eu sei que o iPad mini não foi criado com o objetivo de substituir o computador de trabalho ou mesmo o iPad Pro, mas achei interessante explorar essa possibilidade, uma vez que ele passou por grandes melhorias e eu já tinha tido uma experiência com o mini em termos de ferramenta de trabalho, como relato a seguir.
Minha história com iPad mini
Quando a Apple lançou o primeiro iPad mini, em 2012, minha primeira impressão foi que havia sido um lançamento inútil. Mas, como muitas vezes acontece, após ter contato com o produto, eu gostei bastante dele e resolvi comprar um.
Nessa época, eu atuava como professor de ensino superior e comecei a usá-lo para dar aulas. Era prático, leve e fácil de manusear. Eu utilizava o meu iPhone como controle remoto para mudar os slides e as aulas fluíam muito bem. Outros professores que usavam o notebook até comentavam que se sentiam como dinossauros quando me viam dando aulas como o iPad.
Resolvi investir para trabalhar mais nele. Fui atualizando-o nas duas gerações seguintes, comprei um HDD Wi-Fi (já que nessa época ele não tinha portas USB), um teclado e comecei a preparar as aulas nele. Mas a pouca capacidade de armazenamento, a necessidade de carregar itens separados e a ausência de mouse ou trackpad me fizeram voltar ao Mac.
Quando eu precisava carregar todos os itens, a impressão se inverteu: às vezes, eu me sentia um dinossauro por carregar itens separados que já estavam acoplados em um bom notebook. Só em 2018 eu voltei a usar o iPad, com a chegada do Pro. Com o lançamento do novo iPad mini, resolvi testá-lo durante 15 dias e devolvê-lo em caso de não me adaptar (até porque eles são muito caros no Brasil). Testei um iPad mini de 64GB, com conectividade Wi-Fi.
Primeiras impressões e consumo de conteúdo
Antes de tudo, uma palavra de gratidão ao ecossistema da Apple. Sim, todos nós já sabemos disso e comentamos constantemente, mas vale falar novamente. Quando o iPad mini chegou, eu fiz meu login com o meu ID Apple e, pouco tempo depois, tudo estava lá, inclusive meu histórico de acessos ao Safari, senhas, etc. Uma experiência realmente agradável.
O iPad é realmente charmoso, pequeno, leve, com as bordas retas e prático para o uso. Eu escolhi a cor roxa para ver uma bem diferente do meu iPad Pro e ela é realmente muito bonita.
Em poucos minutos de uso, você já se sente envolvido pelo device. Ele é rápido e a experiência de consumo de conteúdo fica mais rica do que em um iPhone (no meu caso um Pro, que é menor). Mas, uma coisa fica evidente logo no começo: o Face ID faz falta. Ter que colocar sempre o dedo no botão, mesmo sendo Touch ID, começa a ficar chato. No iPad Pro, o Face ID deixa tudo isso muito mais simples de tal forma que a função passa quase desapercebida.
Leitura de livros no Kindle, acesso a diferentes páginas, vídeos no YouTube e os streamings mais famosos funcionam muito bem. Especialmente para leitura, ele é muito confortável, sendo mais adaptável para o uso com uma mão só. Para vídeos, o áudio dele é melhor do que eu imaginava — as caixinhas de som fazem um bom trabalho, apesar de pequenas.
A bateria deu um show! Após nove horas de utilização contínua em diferentes recursos e com tela em brilho alto, ela ainda estava com 25% de vida. Aparentemente, um desempenho muito próximo ao do iPad de 11 polegadas.
Começando a trabalhar
Para trabalhar, a experiência já não foi tão boa assim. Baixei os apps que utilizo no trabalho, especialmente os chats (como o Microsoft Teams e o Spark).
Para digitar e responder mensagens ele vai bem, até porque permite um uso rápido para digitação com os dois polegares. Mas quando você precisa digitar um texto maior, fica complicado. O Magic Keyboard faz um trabalho realmente espetacular no iPad Pro, especialmente por ter o trackpad integrado.
A ausência de um teclado semelhante no mini torna a tarefa de trabalhar com ele de maneira autônoma quase impossível. A tela pequena também incomoda, mas seria compensada por uma forma mais inteligente de digitar; talvez uma capa com teclado nativa poderia diminuir esse impacto, mesmo que ficando pequena. Além disso, a lógica de trabalhar com ele na mão dá a impressão de estar usando um iPhone grandão.
Como um caderno de anotações, utilizando o Apple Pencil de segunda geração, o mini funciona melhor do que o Pro. Fácil de escrever, desenhar, rabiscar e leve para anotar em pé, por exemplo, ou em uma reunião. Para videochamadas, ele também não decepciona (desde que esteja em um bom suporte). O sistema Palco Central (Center Stage) funciona muito bem, assim como o Isolamento de Voz (Voice Isolation).
Um detalhe interessante: ao utilizar alguns recursos, como Google Drive, ele abriu no mesmo formato do iPhone e não como no iPad Pro, mesmo utilizando o iPadOS 15. Aconteceu também com o site do Mercado Livre, que exigiu o app para algumas funções — o que não acontece no Pro. Não consegui encontrar uma explicação para esse comportamento.
No escritório
Levando para o escritório, conectado a um monitor, teclado e trackpad, o aparelho vai superbem. Obviamente, a diferença entre o A15 e o M1 fica evidente em alguns apps. A velocidade de processamento e tempo de resposta se alteram bastante, especialmente em edição de vídeos e alguns apps mais pesados. Mas para o básico do dia a dia, como emails, textos, planilhas pequenas, etc., você até esquece que está em um iPad.
Claro que a insistência da Apple em não levar ao iPad a função de estender o monitor é horrível, ele poderia ser muito melhor se pudesse trabalhar com dois monitores. Já passou da hora de resolver esse problema se a empresa quer mesmo que os iPads sejam alternativas para computadores.
Conclusão
Como eu disse no começo, sabemos que a Apple não fez o mini com foco no mercado profissional, espaço esse ocupado pela linha Pro. Após duas semanas de uso do iPad mini, na minha opinião, o iPad Pro de 11″ ainda continua sendo a melhor opção para quem quer utilizar o tablet como computador no trabalho, especialmente pela sua autonomia.
Se você só trabalha em lugares fixos, com monitor, teclado e trackpad/mouse disponíveis, e não utiliza apps muito pesados, talvez o iPad mini seja uma opção. Leve para levar ao trabalho e prático para utilizar em viagens sem grandes compromissos. Mas para trabalhar somente nele, toda essa praticidade se inverte, pois exige levar acessórios para todos os lugares, sem contar que a tela acaba cansando a vista por ser muito pequena.
Se o seu único objetivo é consumo de conteúdo, o iPad mini cumpre muito bem essa tarefa. Leituras e vídeos fluem bem, e com maior conforto do que os modelos maiores. Mas nesse caso ele se tornaria um concorrente do iPhone — especialmente se você tem um modelo Max, a diferença de tela não é tão grande assim (6,7″ para 8″), com o detalhe de que o mini não possui uma câmera tão boa.
Uma boa combinação poderia ser um iPhone Pro (sem ser o Max) e um iPad mini, com seus usos específicos. No fim, o mix da Apple está cada vez mais adequado para diferentes nichos e adaptando-se às necessidades de diferentes grupos.
E você, já usou um iPad mini para trabalhar? Conta aí a sua experiência nos comentários!
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