A Apple usou boa parte do seu evento especial de setembro para compartilhar com o mundo alguns de seus principais avanços quando o assunto é sustentabilidade, como os seus primeiros produtos 100% neutros em emissões de carbono. Uma organização ambiental destacada pela Maçã no passado, contudo, não tardou em contestar as ambiciosas declarações da gigante de Cupertino.
De acordo com o Inside Climate News, o Institute of Public and Environmental Affairs (IPE) — organização ambiental chinesa sem fins lucrativos — disse em um relatório recente que a empresa comandada por Tim Cook não forneceu detalhes suficientes para sustentar as suas declarações. O IPE também a acusou de praticar “climate-washing”, que é quando uma empresa usa estratégias de marketing para fabricar uma imagem pró-meio ambiente.
A Apple, vale notar, chegou a chamar o IPE de “organização líder em pesquisa ambiental” em um dos seus mais recentes relatórios ambientais [PDF], referente ao ano de 2022. Neste ano, a organização afirmou ter recebido uma quantidade menor de informações sobre as emissões de gases do efeito estufa por parte dos fornecedores da Apple. Ao que tudo indica, a empresa deixou de exigir que suas parceiras forneçam esse tipo de dado publicamente em 2023.
Acreditamos que há uma necessidade de divulgação completa e explicação de como a Apple alcança a neutralidade de carbono de seus produtos, dado o aumento das emissões de carbono de alguns dos seus fornecedores.
Ainda de acordo com o IPE, a Apple pode estar realocando certificados de energia renovável adquiridos para produtos como o iPhone para outros dispositivos, como o Apple Watch. Dessa forma, ao alocar uma quantidade maior de certificados para um aparelho do que para outro, a empresa poderia afirmar que ele é “neutro em carbono” — considerando que os relógios da Maçã contam com produções bem mais enxutas do que os seus smartphones.
Segundo a organização, caso esse realmente seja o caso, as declarações da Apple perdem um pouco da sua força, pois isso abre margem para nos perguntarmos se a empresa realmente fez avanços significativos na sua linha de produção em matéria de sustentabilidade ou se tudo se trata apenas um jogo matemático cuidadosamente calculado.
A Apple, por sua vez, emitiu uma declaração em reposta ao IPE insistindo que não realoca certificados de energia renovável dos iPhones para outros produtos e que a cadeia de produção dos iPhones 15 Pro emite 28% menos gases do efeito estufa em comparação a 2015. Esse marco, segundo ela, teria sido impulsionado pelo seu investimento em energia limpa.
O diretor do IPE, Ma Jun, comentou que apenas 30 fornecedoras da Apple compartilharam dados sobre a emissão de gases do efeito estufa em suas instalações, contra 100 em anos anteriores. Essa curiosa mudança, destacou, coincide com as conquistas da gigante americana em matéria de sustentabilidade, dando a entender uma suposta ligação.
via AppleInsider