Cerca de um ano após o lançamento oficial do padrão Matter, ele está chegando à versão 1.2, trazendo principalmente suporte a mais tipos de dispositivos. O protocolo é uma iniciativa da Connectivity Standards Alliance (CSA), cujos membros incluem a Apple, o Google, a Amazon e a Samsung, e sua a ideia é unificar a compatibilidade de dispositivos de casa conectada com os diversos sistemas e aumentar a interoperabilidade entre os aparelhos.
O update é especialmente interessante por expandir o suporte do Matter para dispositivos domésticos mais substanciais. Até então, a compatibilidade restringia-se a aparelhos menores, como lâmpadas, fechaduras e sensores; com a atualização, nove tipos de dispositivos passaram a ser suportados.
Uma adição interessante é a de refrigeradores, sendo possível monitorar os eletrodomésticos compatíveis, incluindo a temperatura. Além de geladeiras, o suporte também se estende a congeladores e até mesmo adegas. Outra novidade é a compatibilidade a aparelhos de ar-condicionado (e não apenas termostatos), com controles de temperatura e modo de ventilação.
Lavadoras de louça e de roupa são outras a integrarem a lista de dispositivos com suporte ao Matter 1.2. Nesses casos, os recursos incluem notificações de progresso, de alarmes e de erros de temperatura, água ou trava da porta, bem como de conclusão de ciclos. Secadoras passarão a ser suportadas futuramente, segundo a CSA.
Também entre as adições estão aspiradores robô, com suporte a alertas de progresso da limpeza, bem como a recursos como modos de limpeza e outros detalhes. Detectores de fumaça/monóxido de carbono e sensores de qualidade do ar estão, ainda, na lista, com notificações em áudio e visuais caso haja disparo dos detectores, além de autoteste, bateria fraca e detecção de concentração.
Os sensores de qualidade de ar suportados pelo protocolo podem monitorar e capturar PM1, PM 2.5, PM 10, CO2, NO2, VOC, CO, ozônio, radônio e formaldeído. Também é possível receber informações sobre o ar com base na localização.
Purificadores de ar são outros a terem ganhado suporte ao protocolo, exibindo informações sobre o dispositivo e funcionando — inclusive com dispositivos do tipo ventilador ou termostato. Pode-se monitorar o status de consumo de recursos, bem como o do filtro, com suporte ao tipos HEPA e de carbono.
Por fim, o Matter 1.2 trouxe suporte a ventiladores enquanto dispositivos separados, sem estar vinculados a algum outro. É possível mudar os movimentos dos aparelhos, assim como definir modos de ventilação e escolher a direção e a velocidade do vento.
Com a adição do suporte, os fabricantes dos dispositivos terão de incorporar o novo sistema aos seus aparelhos, o que deverá resultar em lançamentos com o Matter 1.2 a partir do ano que vem. A ideia por trás da adoção do protocolo é que os desenvolvedores preocupem-se menos com a compatibilidade a sistemas de empresas específicas.
Isso porque o suporte ao padrão já significa que os aparelhos funcionarão com ecossistemas das diversas empresas participantes (como o HomeKit, da Apple, além de outros como o Google Home). Ao suportar mais dispositivos, dessa forma, mais pessoas serão impactadas, bem como se pode projetar uma maior interação entre os eletrônicos, embora cada ecossistema precise também adicionar o suporte a cada tipo de aparelho.
Outras novidades
Além do suporte aos novos tipos de dispositivos, a versão mais recente do protocolo trouxe algumas outras adições, como a extensão da compatibilidade com fechaduras para modelos com trincos. O padrão também passou a contar com descrições das características físicas dos dispositivos, de modo a criar representações dos aparelhos.
Pode-se, ainda, criar composições complexas e hierarquicamente organizadas de dispositivos, assim como adicionar etiquetas semânticas, de modo a descrever a localização e as funções de pontos de um sistema. É possível também criar descrições genéricas dos estados operacionais dos aparelhos, facilitando a geração de outros tipos em revisões futuras do padrão.
Também foram anunciadas novidades voltadas a desenvolvedores, como suporte a mais plataformas e melhorias na parte de testes. Segundo o The Verge, a CSA afirmou estar trabalhando para corrigir problemas envolvendo ecossistemas diferentes não se comunicando diretamente, de modo a aumentar ainda mais a interoperabilidade.
Já são 1.214 dispositivos certificados com o protocolo e 675 empresas fabricantes de dispositivos inteligentes que aderiram ao Matter. A ideia da CSA é que o padrão receba, no ano que vem, duas atualizações, expandindo para novos dispositivos e com mais recursos nos já existentes.
Como dito, tanto as fabricantes de dispositivos quanto empresas como a Apple, que detêm ecossistemas de casa inteligente, deverão incorporar as novidades aos seus dispositivos. Apenas devemos ver esses novos recursos na prática no ano que vem, quando também deverão ser lançados dispositivos com as novas potencialidades do Matter.
