No mês passado, a série “O Problema com Jon Stewart” (“The Problem with Jon Stewart”), do Apple TV+, foi cancelada por “diferenças criativas” entre a empresa e o apresentador após o lançamento de duas temporadas. Temas como inteligência artificial e a China teriam preocupado executivos da Maçã em razão de serem potencialmente polêmicos.
Agora, esse enredo ganhou outro capítulo. Líderes democratas e republicanos do Comitê Especial sobre Competição com a China da Câmara de Representantes dos Estados Unidos enviaram uma carta [PDF] ao CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. da Apple, Tim Cook, pedindo explicações sobre o cancelamento da série e com ênfase na questão da China.
Como apontado pela Reuters, a carta reconheceu o direito da companhia de determinar os conteúdos mais apropriados para o serviço de streaming. Apesar disso, os deputados afirmaram que “as táticas coercitivas de um poder estrangeiro não podem influenciar, direta ou indiretamente, essas determinações”.
O texto, de modo geral, buscou chamar atenção para a possibilidade de o governo do país, ainda que de maneira indireta, estar exercendo influência sobre a liberdade de expressão criativa de pessoas nos EUA em temas relacionados à China. Foi ressaltado, ainda, como tal movimento pode ser danoso, na medida em que, se alguém tão famoso como Stewart pode ter sido instado a não criticar o governo do país, o impacto pode ser ainda maior com pessoas menos conhecidas.
A carta solicitou que representantes da Apple forneçam esclarecimentos sobre a questão até o dia 15 de dezembro. O texto também prevê que os deputados deverão, ainda, conversar com representantes de Stewart. A carta foi assinada pelos congressistas Michael Gallagher, presidente do grupo e republicano, e Raja Krishnamoorthi, democrata.
Os membros do comitê pediram também que a Maçã comprometa-se publicamente no sentido de que conteúdos entendidos como críticos da República Popular da China ou do Partido Comunista Chinês são bem-vindos no Apple TV+ e em outros serviços da empresa, de modo a dar segurança à comunidade criativa.
Foi recomendado, ainda, que a gigante de Cupertino acelere os esforços de redução da sua dependência em relação à nação asiática, de modo a estar menos sujeita a pressões do país. A empresa, vale notar, vem fazendo isso, embora o processo seja lento em razão da grande importância das fábricas chinesas e do mercado do país para a companhia.
Contexto da carta
A carta foi divulgada às vésperas de um jantar com a presença do presidente da China, Xi Jinping, e empresários dos EUA, que ocorreu em San Francisco, às margens do fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico. O país asiático é um tema ao qual os congressistas americanos vêm dando bastante ênfase, inclusive tentando combater potenciais censuras e mudanças de conteúdo motivadas pelos controles de mídia do governo chinês.
O objetivo do comitê, com a carta e com o pedido de esclarecimentos, é deixar claro se possíveis críticas à China motivaram o fim da série, além de advertir a Apple sobre ser muito complacente com o governo chinês. Cook, vale ressaltar, esteve no país duas vezes apenas neste ano, a última delas no mês passado.
Ainda que haja o movimento de diversificação de países que fabricam produtos da Apple — além dos chineses —, o mercado do país é inegavelmente relevante para qualquer empresa, na medida em que se trata de uma das maiores populações mundial e com um poder de compra considerável. Trata-se, pois, de encontrar um difícil equilíbrio entre interesses comerciais e preservação da liberdade e de outros direitos.
O Apple TV+ está disponível no app Apple TV em mais de 100 países e regiões, seja em iPhones, iPads, Apple TVs, Macs, smart TVs ou online — além também estar em aparelhos como Roku, Amazon Fire TV, Chromecast com Google TV, consoles PlayStation e Xbox. O serviço custa R$21,90 por mês, com um período de teste gratuito de sete dias. Por tempo limitado, quem comprar e ativar um novo iPhone, iPad, Apple TV, Mac ou iPod touch ganha três meses de Apple TV+. Ele também faz parte do pacote de assinaturas da empresa, o Apple One.
NOTA DE TRANSPARÊNCIA: O MacMagazine recebe uma pequena comissão sobre vendas concluídas por meio de links deste post, mas você, como consumidor, não paga nada mais pelos produtos comprando pelos nossos links de afiliado.
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.