O avanço da participação da Apple na Índia ainda ganhará muita tração nos próximos anos, uma vez que a companhia possui planos de produzir mais de 50 milhões de iPhones anualmente no país até 2025 — o equivalente a 25% da sua produção total, conforme previsto anteriormente.
Se tais previsões, que foram corroboradas hoje pelo Wall Street Journal, se cumprirem, a Índia será então responsável por ¼ da produção global de iPhones — podendo assumir uma participação ainda maior até o final da década. Não obstante, a China continuará sendo o maior polo produtor dos smartphone da Apple.
Como temos acompanhado, os esforços da Maçã nessa empreitada para reduzir sua dependência da China também têm movimentado suas fornecedoras — algumas das quais estão investindo pesado na ampliação das suas linhas produções indianas.
Fornecedoras
Uma delas é o conglomerado Tata Group, o qual pegou o “bonde andando” ao concluir a aquisição das fábricas da Wistron neste ano. Segundo informações da Bloomberg, a gigante planeja construir uma das maiores fábricas de montagem de iPhone da Índia, aproveitando as ambições da Apple de aumentar a produção no país.
Essa fábrica deverá ser instalada em Hosur, no sul do estado de Tamil Nadu, e poderá ter cerca de 20 linhas de montagem, empregando 50 mil trabalhadores dentro de 2 anos.
Ainda de acordo com a reportagem, a meta é que o local esteja operacional em 12 a 18 meses e que reforce a capacidade da fábrica existente, adquirida da Wistron, no estado vizinho de Karnataka.
O mesmo vale para a Foxconn, atualmente a maior parceira da Apple na montagem de iPhones, que também tem expandido a sua presença no território indiano a passos largos.
Segundo o WSJ, uma fábrica da empresa em construção (também no estado de Karnataka) ocupará mais de 1,2 milhão de metros quadrados, com a Foxconn investindo quase US$1 bilhão na unidade — e em busca de autorização para investir cerca de US$600 milhões adicionais.
Combinados com outros projetos, os investimentos da Foxconn na Índia deverão atingir cerca de US$2,7 bilhões.
Dificuldades
Ainda que o impulso inicial dessa expansão tenha ocorrido sem grandes problemas e as partes envolvidas estejam prontas para expandir ainda mais, alguns detalhes dificultam que esse processo avance com ainda mais celeridade.
Conforme apontado em outra reportagem do WSJ, o desemprego é elevado na Índia e a participação da força de trabalho mais nova é baixa. Segundo a avaliação do jornal, se o país desperdiçar a sua oportunidade de investir nessas oportunidades industriais, o governo enfrentará grandes dificuldades futuramente, uma vez que mais de 40% da população do país tem menos de 25 anos.
Ainda de acordo com a matéria, há outro fator complicador: um movimento operário fortemente sindicalista. Essa é uma grande diferença em relação à China, onde, para o bem ou para o mal, os sindicatos não existem como uma força política independente do Partido Comunista.
Na Índia, com as controversas eleições gerais no início de 2024 se aproximando, a Apple poderá ficar no meio do fogo cruzado envolvendo as reformas trabalhistas emergentes — que são importantes para os planos da companhia.