A Apple está encerrando uma equipe que trabalhava com tarefas relacionadas a inteligência artificial e à Siri na cidade de San Diego, na Califórnia (Estados Unidos). Conhecido como Anotações de Operações de Dados, o grupo foi comunicado que iria ser encerrado e realocado para outro escritório da mesma área em Austin (Texas).
De acordo com a Bloomberg, os 121 funcionários de San Diego precisarão decidir até o fim de fevereiro se querem ser realocados; os que não quiserem serão demitidos no dia 26 de abril. Esse time também tem escritórios em outros países, como China, Índia, Irlanda e Espanha, e é responsável por ouvir pedidos feitos à Siri e determinar se a assistente respondeu/realizou tarefas da maneira correta e esperada, além de auxiliar em outros serviços de aprendizagem de máquina da Maçã.
O histórico dessa equipe na Apple começou anos atrás, quando era basicamente composto de pessoas terceirizadas, que ouviam as consultas feitas à Siri para garantir a sua precisão.
A prática gerou polêmica devido a questões de privacidade em 2019, o que acabou fazendo com que o envio de dados dos usuários sobre a assistente acabasse tornando-se opcional e algumas mudanças fossem feitas no processo de upload dos áudios. Os terceirizados terminaram sendo demitidos, dando lugar aos funcionários contratados em tempo integral que hoje fazem parte do grupo.
Um número menor de empregados desse time começou a auxiliar a Maçã com o desenvolvimento de outros produtos de IA baseados em grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla em inglês). A Apple, inclusive, poderá anunciar novidades nesse sentido na WWDC24.
Os funcionários estão revisando potenciais pedidos à Siri, escolhendo entre possibilidades de resposta e justificando a sua decisão. Eles focavam-se no uso da assistente em hebraico, inglês, espanhol, português, árabe e francês.
Funcionários pegos de surpresa
O anúncio da realocação da equipe de San Diego foi feito por Christine DeFilippo, uma das mais altas subordinadas ao chefe de IA da Apple, John Giannandrea. A decisão foi confirmada por uma porta-voz da empresa, afirmando que a companhia está unindo os times dessa área nos EUA em Austin, onde a maioria do time já está e todos os empregados terão a oportunidade de continuar a sua função.
A companhia disse, ainda, estar profundamente comprometida com San Diego — onde segundo ela, cresceu de forma significante — e que continuará realizando contratações à medida que a Apple expande as suas equipes de engenharia. Nos outros países onde a equipe também atua, os funcionários são concentrados em apenas um escritório.
Para as pessoas em San Diego, o anúncio da realocação foi uma surpresa. Elas estavam trabalhando em um escritório alugado pela Apple e haviam sido avisadas sobre uma mudança de local de trabalho para um novo campus da Maçã na área que ocorreria no fim de janeiro, tendo recebido até mesmo caixas para levar seus pertences.
Grande parte dos trabalhadores afetados, porém, não está disposta a mudar de estado, o que deverá fazer com que sejam demitidos. A Apple afirmou que eles poderão se candidatar a outros cargos na empresa, apesar de alguns acharem que não serão adequados para outras posições por não terem experiência com engenharia.
O resultado da decisão, pois, poderá ser a saída de dezenas de pessoas da Apple. Aqueles que quiserem ser realocados para Austin até junho continuarão com os seus trabalhos e receberão um auxílio para a mudança. Já os que escolherem a demissão receberão a rescisão, com adicionais por anos trabalhados e alguns meses do seguro saúde.
Mesmo logo após a desaceleração da pandemia, a Maçã conseguiu evitar as demissões em massa realizadas por outras empresas, inclusive por não ter contratado tantas pessoas durante a situação de emergência, como fizeram as suas concorrentes. Com a realocação da equipe, porém, um número considerável de pessoas deverá sair da companhia, mas nada perto de um grande corte de pessoal.
