Algumas gravadoras independentes estão criticando o incentivo anunciado pela Apple na semana passada para a disponibilização de músicas compatíveis com o Áudio Espacial no Apple Music, segundo informações do Financial Times. De acordo com essas empresas, a iniciativa não só vai prejudicá-las, como também artistas que não têm os recursos necessários para investir em produções nesse formato.
Esse incentivo, só para recapitular, prevê um aumento de 10% no pagamento de royalties para músicas compatíveis com o recurso do serviço de streaming da Maçã, o qual é baseado na tecnologia Dolby Atmos. Esse bônus, vale notar, considera apenas se as músicas de um artista estão disponíveis ou não em Áudio Espacial, e não se as pessoas estão ativamente as consumindo nesse formato.
Entre as gravadoras que expressaram preocupação quanto a essa nova iniciativa da Apple, temos a Beggars Group (empresa por trás de artistas como a banda Vampire Weekend e a cantora britânica Adele), a Secretly (parceira de nomes como Phoebe Bridgers e Bon Iver) e a Partisan Records (companhia por trás do quinteto de jazz Ezra Collective).
Segundo o executivo de uma gravadora que não foi identificada, esse bônus vai “literalmente tirar o dinheiro de gravadoras independentes e seu artistas para beneficiar as maiores companhias no mercado”, como a Universal Music Group:
[O bônus] Vai beneficiar o maior player, a Universal, porque são eles que têm os recursos para investir nisso. Por outro lado, no setor independente… achamos difícil justificar o custo da criação de masterizações espaciais… não estamos no negócio de desperdiçar dinheiro só porque a Apple está dizendo que você deveria gastar dinheiro com isso.
Faixas em Áudio Espacial, segundo as informações, são aproximadamente US$1 mil mais caras de se produzir do que músicas normais, o que significa que um álbum inteiro pode custar mais de US$10 mil. No caso da Beggars Group, que tem um acervo de mais de 3 mil álbuns, por exemplo, essa empreitada custaria algo na casa dos US$30 milhões.
A Apple já até chegou a ajudar gravadoras a transformar os seus acervos para Áudio Espacial no passado, mas, segundo essas companhias, isso não foi o suficiente. De acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, já que retirar as suas obras do Apple Music está fora de questão para essas marcas, elas pretendem resolver essa questão negociando com a Maçã ou partindo para os tribunais.
Alguns executivos também questionaram o valor artístico do Áudio Espacial, que foi lançado pela empresa em 2021 para assinantes do Apple Music sem custo extra:
Forçar uma masterização espacial equivale a pendurar uma versão digital em 3D da “Mona Lisa” e esperar que os administradores do Louvre a prefiram.
O Apple Music conta com um catálogo de mais de 100 milhões de músicas e 30 mil playlists — muitas delas com suporte a Áudio Espacial (Dolby Atmos) e em altíssima definição, com áudio Lossless. Para quem ama música clássica, há um app dedicado com mais de 5 milhões de faixas, tudo em uma interface simplificada! No Brasil, são três tipos de assinatura: Universitária (R$11,90/mês), Individual (R$21,90/mês) e Familiar (R$34,90/mês). Caso você não seja um assinante, pode testar o serviço de forma gratuita por um mês. Ele também faz parte do pacote de assinaturas da empresa, o Apple One.
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