Lei da China (e não a DMA) é que teria forçado a Apple a adotar o RCS

A decisão da Apple de adicionar suporte ao RCS ¹ no iPhone foi, por muitos, classificada como um provável resultado de pressões regulatórias da Lei dos Mercados Digitais (Digital Markets Act, ou DMA), a qual prevê a interoperabilidade entre diferentes serviços de mensagem considerados gatekeepers na União Europeia.

Recentemente, no entanto, tivemos a confirmação de que, por não estar no seleto grupo de serviços que contam com mais de 45 milhões de usuários mensais nos países do bloco, a plataforma de mensagens da Apple ficará fora dessas regras — o que já era algo esperado desde o ano passado, vale recordar.

Posts relacionados

Ainda por cima, a nova lei provavelmente não poderia obrigar a Apple a adotar o RCS, visto que ele não pode ser colocado no mesmo bolo que plataformas como o WhatsApp e o Messenger (da Meta), como explico nesse post sobre as possíveis implicações de sua adoção pela Apple. Também não há qualquer menção ao padrão na DMA.

Mas por que a Apple adotará o RCS, então? Para John Gruber, do Daring Fireball, isso acontecerá mesmo por questões regulatórias — mas não da Europa, e sim da China. As operadoras do país asiático são grande defensoras do RCS, e uma lei em andamento no país teria forçado a Apple a aderir ao padrão da GSMA ².

Basicamente, para obter a certificação para novos dispositivos com 5G no país, será necessário suportar também o RCS — o que inviabilizaria o lançamento de novos iPhones por lá sem essa mudança. A China, inclusive, não estaria preocupada, nem mesmo, com a falta de criptografia de ponta a ponta no padrão RCS “cru”.

Mesmo que a Apple preferisse apenas ignorar o RCS (como aparentou por anos que faria), justificando essa decisão com questões envolvendo segurança, perder “gratuitamente” um mercado em constante ascensão como o chinês parece estar fora de cogitação na empresa.

Pelo visto, os chineses aprenderam bem como domar a Maçã, não acham?