Após dizer exatamente o contrário, o jornalista Mark Gurman (da Bloomberg) afirmou que a Apple deverá usar chips de fabricação própria nos servidores usados para processar dados dos recursos de inteligência artificial a serem lançados — rumor muito parecido ao que foi repercutido pelo The Wall Street Journal há poucos dias.
Conforme divulgado por Gurman, serão usados processadores topos-de-linha, feitos para Macs. Nesses servidores de computação na nuvem, serão processadas as tarefas de IA mais avançadas que chegarão aos dispositivos da Apple com as próximas versões dos sistemas — enquanto as mais simples serão realizadas localmente nos próprios aparelhos.
Os planos de usar os próprios chips e processar recursos de IA na nuvem teriam sido traçados cerca de três anos atrás, mas a companhia acelerou a sua implementação com o fortalecimento da concorrência em matéria de IA. O primeiro chip a ser utilizado nos servidores será o M2 Ultra, embora a empresa já esteja visando versões futuras baseadas no recém-lançado M4.
O que será feito nos servidores?
Apenas tarefas mais complexas, como resumir textos longos, criar respostas a emails, bem como uma versão melhorada da Siri, deverão ser processadas na nuvem. O sistema representa uma mudança na estratégia da Apple, que sempre priorizou o processamento de dados no próprio dispositivo, de modo a garantir a segurança e a privacidade dos usuários.
Gurman apontou, porém, que pessoas envolvidas no projeto de criação de servidores com chips da Apple teriam afirmado que componentes nos processadores podem salvaguardar a privacidade. Ainda deverão, também, ser usados servidores de terceiros, pois a capacidade da Maçã ainda não é suficiente para suprir toda a demanda em relação à IA — inclusive havendo conversas com a OpenAI e com o Google sobre uma possível parceria.
A empresa já teria investido centenas de milhões de dólares na iniciativa de nuvem, nos últimos três anos. O fortalecimento da infraestrutura é essencial para oferecer recursos de IA — em especial generativa — e o uso de processadores com Apple Silicon nos servidores poderá ser um diferencial determinante no futuro.
Quais aparelhos terão acesso aos novos recursos de IA?
Ainda segundo Gurman, os recursos de inteligência artificial nos dispositivos ainda será uma grande parte da estratégia de IA da Apple. Porém, alguns desses recursos exigirão chips mais recentes, como a A17 Pro (lançado com os iPhones 15 Pro/15 Pro Max) e o chip M4 (que estreou no iPad Pro no início desta semana).
Como sabemos, esses processadores incluem melhorias significativas para o chamado Neural Engine, a parte do chip que lida com tarefas de IA — no M4, por exemplo, ele agora é capaz de realizar mais de 38 trilhões de operações por segundo.
Resta saber qual será o discurso da Apple para que parte dos recursos de IA, por exemplo, são possam ser executados no novo iPad Air, lançado junto ao iPad Pro, ou até mesmo em MacBooks Pro (lançados no fim do ano passado) e Air (que chegaram há cerca de um mês, com o chip M3).