O melhor pedaço da Maçã.
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Logo do Apple TV+ na tela de um iPad

Greve? Crise criativa? O que explica o marasmo do Apple TV+ em 2024

Em domingos passados, esta digníssima coluna já se estendeu aos montes sobre as razões pelas quais o Apple TV+ ainda não “pegou” enquanto serviço de streaming — isto é, ele existe e tem sua parcela razoável de assinantes, mas até o momento não conseguiu entrar no fluxo da cultura pop como a Netflix, por exemplo, conquistou de maneira incontestável.

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Já falamos sobre como isso tem a ver com uma série de fatores, inclusive até mesmo uma certa estratégia por parte da Apple, e sobre o que isso significa para o futuro (a longo prazo) da Maçã no universo do audiovisual. Hoje, por outro lado, quero falar de outro assunto na mesma seara, porém mais, digamos, interno: o que diabos está acontecendo no Apple TV+ em 2024, hein?!

Inspirado por esse artigo do 9to5Mac, resolvi dar uma olhada nos principais lançamentos da Maçã nos primeiros semestres de 2023 e 2024. Também adicionei o Metascore de cada uma das produções — isto é, a nota média da crítica atribuída a cada uma delas segundo o agregador Metacritic.

Lançamentos de 2023MetascoreLançamentos de 2024Metascore
“Silo”75“Mestres do Ar”72
“Sequestro no Ar”66“Último Ato”65
“Falando a Real”68“Sugar”67
“Amor Platônico”75“Franklin”57
“Still: Ainda Sou Michael J. Fox”78“The New Look”62
“Tetris”61“Argylle”35

Se quisermos fazer uma comparação pela fria dureza dos números, uma média aritmética simples indica que, no primeiro semestre de 2023, os principais lançamentos do Apple TV+ receberam uma nota média de 70,5. Pulando para o primeiro semestre de 2024 (e ignorando, naturalmente, quaisquer grandes produções que possam ser lançadas nas próximas cinco semanas), este número cai para 59,6 — suficiente para “amarelar” no Metacritic, que é o temido verbo usado para quando um filme ou uma série conquista uma nota inferior a 60.

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Claro, você pode argumentar que eu estou sendo tendencioso: a primeira metade do ano passado também nos trouxe algumas bombas, como o filme “Ghosted” e a série “Entre Estranhos”. Ainda assim, se olharmos para o cenário geral, é inevitável notar uma tendência de desaceleração no Apple TV+ — ao menos no que se diz respeito à capacidade de lançar filmes e séries aclamados numa frequência considerável.

Isso, naturalmente, é um problema. Como já falamos aqui diversas vezes, a Apple vem apostando desde o início numa estratégia de qualidade acima de quantidade — ou seja, em vez de emular o modus operandi da Netflix, com 50 lançamentos por semana e apenas 1-2 por mês que realmente valem a pena e geram repercussão, a Maçã prefere canalizar seus esforços para uma apuração mais criteriosa de talentos e produções, com maior respaldo da crítica e foco em um público mais, digamos, seletivo. Se a recepção a essas produções é morna como tem sido ao longo dos últimos meses, o que resta para a Apple? Muito pouco.

Mas qual é o caso, então? O que está causando o marasmo no Apple TV+ neste primeiro semestre de 2024? Muitos poderão apontar rapidamente para as greves dos roteiristas e dos atores dos EUA, que causaram um abalo sísmico em toda a indústria hollywoodiana no ano passado e provocaram o adiamento e o cancelamento de uma série de produções.

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Sim, é óbvio que a Apple foi afetada pelas greves, mas — para usar um jargão futebolístico — um gramado ruim é ruim para as duas equipes. Nesse mesmo período de turbulência, a Netflix conseguiu lançar “Bebê Rena”, uma nova temporada de “Bridgerton”, “Donzela”, “O Astronauta”, a sequência de “Rebel Moon” e mais de 50 novas séries, temporadas, filmes ou documentários.

Grande parte deles — inclusive alguns dos citados na frase anterior — foram destruídos pela crítica especializada, mas, novamente, essa é a estratégia da Netflix, e ela continua funcionando perfeitamente. A da Apple, por outro lado, nem tanto — o que talvez comprove minha hipótese, de meses atrás, de que a empresa poderia sofrer mais do que a média com as consequências da greve, por pura e simples falta de experiência no ramo do audiovisual.

Também há de se destacar que, ao longo do último ano, desacelerou-se bastante o ritmo das manchetes noticiando contratações de renome no Apple TV+. Foram-se os dias de Martin Scorsese, Ridley Scott, Joel Coen e Sofia Coppola; agora, o único nome de primeiro time que ainda tem uma produção a ser lançada no serviço da Maçã é Alfonso Cuarón, com sua vindoura minissérie “Disclaimer”.

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O fato é que, no momento, a Apple se vê numa espécie de limbo: nem com uma agenda de lançamentos interessante o suficiente para prender o público que preza por uma seleção mais cuidadosa, nem com uma estratégia de lançamentos mais frenética que apele para todas as faixas demográficas, crie hype nas redes sociais e movimente os fandoms para o serviço da Maçã. Por ora, a única tábua de salvação do Apple TV+ é… o seu preço, que — especialmente após as movimentações recentes da concorrência (Disney+ e Netflix) — segue significativamente mais baixo que a média, a R$21,90 por mês.

Vamos, portanto, aguardar as cenas dos próximos capítulos…

O Apple TV+ está disponível no app Apple TV em mais de 100 países e regiões, seja em iPhones, iPads, Apple TVs, Macs, smart TVs ou online — além também estar em aparelhos como Roku, Amazon Fire TV, Chromecast com Google TV, consoles PlayStation e Xbox. O serviço custa R$21,90 por mês, com um período de teste gratuito de sete dias. Por tempo limitado, quem comprar e ativar um novo iPhone, iPad, Apple TV, Mac ou iPod touch ganha três meses de Apple TV+. Ele também faz parte do pacote de assinaturas da empresa, o Apple One.


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