“Eu acho que ter um iPhone novo todo ano, para aqueles que desejam, é uma coisa ótima.” Essas foram as palavras do CEO 1Chief executive officer, ou diretor executivo. da Apple, Tim Cook, em uma entrevista para o site inglês Brut, no ano passado — poucos dias após o lançamento dos iPhones 15.
Não é de hoje que se debate a ideia de valer (ou não) a pena trocar de celular todos os anos. Nos idos de 2013, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) estimava [PDF] que os consumidores mantinham seus aparelhos por cerca de dois anos e meio.
Especialistas dizem que a vida útil dos celulares deveria ser de 25 anos, “para compensar o impacto no meio ambiente”. Como sabemos, os iPhones estão longe de durar tanto, mas um estudo afirmou que eles podem chegar a até 10 anos de uso.
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Quero logo chamar a atenção para um dado: nos últimos 6 anos, a Maçã lançou 24 modelos de iPhones para “abraçar” diferentes públicos. Essa estratégia visa atender às necessidades dos consumidores e, é claro, incentivar atualizações frequentes.
Como nunca fui um hard user, sempre me interessei pelas versões mais básicas dos aparelhos. Por isso, então, que desde 2018 acompanho o que cada dispositivo traz de diferente do modelo anterior; a resposta, vocês já sabem: quase nada.
Falando especificamente dos modelos básicos, no último ano, tivemos a chegada da Ilha Dinâmica (Dynamic Island) e do chip A16 Bionic, um salto para 48 megapixels na câmera principal, a introdução da porta USB-C e outras melhorias pontuais.
No ano passado, decidi substituir meu iPhone 14 pelo 15, para avaliar se as mudanças eram apenas incrementais ou se valiam a pena. Além dos aspectos técnicos, minha intenção é refletir, neste texto, os impactos dessas mudanças numa escala global.
Agora que o iPhone 15 completou nove meses no mercado (e nas minhas mãos), sinto-me pronto para discutir se realmente vale a pena comprar um iPhone todos os anos — como Cook sugeriu — e quais os aspectos por trás disso.
A perspectiva econômica e do consumidor
Não é novidade: comprar um iPhone novo todo ano custa caro, especialmente porque os preços costumam subir — o que, felizmente, não aconteceu em 2023. Mesmo assim, modelos mais recentes são muito caros e representam um grande investimento.
Do ponto de vista econômico, o consumidor deve avaliar se vale a pena atualizar o iPhone todo ano. Embora novos modelos melhorem desempenho, câmeras e design, essas mudanças podem não justificar o alto custo, especialmente para quem usa o celular para tarefas básicas.
Pensando nisso, são oferecidos programas de troca. Na prática, eles permitem devolver dispositivos antigos para ganhar créditos na compra de novos. Ainda assim, é importante avaliar se o valor do aparelho antigo e o custo do novo realmente compensam.
Mesmo com dispositivos em boas condições, o marketing pode fazer as pessoas quererem o iPhone mais recente. Para economizar, considerar modelos anteriores ou recondicionados pode ser uma boa opção, pois são mais acessíveis e oferecem bom desempenho.
As inovações tecnológicas e suas relevâncias
A cada novo iPhone, a Apple introduz inovações para melhorar o desempenho, a funcionalidade e a usabilidade de seus dispositivos. No entanto, vale analisarmos a relevância prática dessas melhorias no cotidiano de cada um de nós.
Uma das principais áreas de inovação, anualmente, é o desempenho do processador. Com os iPhones 15 Pro, a Apple introduziu o chip A17 Pro, que oferece desempenho de nível de console e capacidades superiores de multitarefa.

Essas melhorias são voltadas para os usuários que executam aplicativos pesados, jogam ou editam vídeos. No entanto, para o usuário médio (como eu), que usa o iPhone para tarefas básicas, a diferença de desempenho pode não ser tão perceptível.
As melhorias nas câmeras também são um foco constante. O iPhone 15 Pro Max, por exemplo, possui uma câmera principal de 48MP, uma teleobjetiva com zoom óptico avançado (5x), suporta gravação de vídeos espaciais, traz melhorias em fotografias noturnas e HDR 2High dynamic range, ou grande alcance dinâmico..
Esses recursos são valiosos para fotógrafos e profissionais. No entanto, para muitos usuários, as melhorias podem não justificar a atualização anual, especialmente se já possuem um modelo recente com uma câmera de boa qualidade.
Outro ponto que sempre recebe atenção é o design. O uso de titânio no iPhone 15 Pro melhora a estética; sem contar com a chegada do USB-C, que facilitou a compatibilidade e a conexão com uma variedade de dispositivos e acessórios.

Além disso, todo ano a Apple busca inovar em softwares e recursos. A Ilha Dinâmica, implementada com os iPhones 14 Pro, traz uma nova forma de interagir com notificações e apps, mas se mostra dispensável.
Essas novidades até são interessantes, mas vale refletir se elas realmente fazem diferença para cada um. Para tarefas básicas, muitas são desnecessárias, mas para profissionais ou gamers, as inovações podem justificar a atualização frequente.
O impacto ambiental e a vida útil dos dispositivos
Trocar de iPhone todos os anos levanta, acima de tudo, preocupações ambientais. A produção desses smartphones requer a extração de metais raros e consome muita energia. A fabricação, o transporte e o descarte dos dispositivos contribuem para as emissões de gases de efeito estufa e a poluição — algo que a Apple luta contra.

Grande parte desses dispositivos dura entre três e cinco anos, vale ressaltar. Estudos mostram que, com bons cuidados, os iPhones podem durar até dez anos, mas a obsolescência tecnológica e o marketing incentivam atualizações frequentes.
A Apple até adota medidas como o uso de materiais reciclados e programas para enfrentar desafios ambientais. Contudo, elas não compensam totalmente o impacto da produção e do descarte. A empresa também facilita reparos e atualizações em alguns modelos para prolongar a vida útil dos dispositivos.
Os consumidores também têm responsabilidade, afinal, reduzir a demanda por upgrades anuais requer conscientização e leva em conta a real necessidade de um novo dispositivo. Usar aparelhos por mais tempo e reciclar também contribui para diminuir o impacto ambiental da produção de smartphones.
Obsolescência programada
A obsolescência programada é uma estratégia que limita a vida útil dos produtos, incentivando os consumidores a substituí-los com mais frequência. Essa prática acumula polêmicas na indústria, especialmente para a Apple.
Nos iPhones, a obsolescência programada é visível na redução de desempenho de modelos antigos por meio de atualizações de software. Em 2017, a Maçã admitiu desacelerar deliberadamente modelos mais antigos para evitar problemas com baterias desgastadas.
Na época, a empresa alegou que essa medida era feita visando prolongar a vida útil dos dispositivos, mas muitos consumidores interpretaram isso como uma forma de forçá-los a comprar modelos mais novos.
A obsolescência programada faz as pessoas gastarem mais em novos dispositivos, especialmente com os altos preços dos novos iPhones. Quando os telefones antigos ficam mais lentos ou menos funcionais, isso gera insatisfação e a ideia de que a única solução é comprar um aparelho novo.
Fato é: isso causa sérios problemas ambientais. A produção constante de novos dispositivos e o descarte dos antigos contribuem para a extração de recursos naturais e geram resíduos eletrônicos, que são difíceis de reciclar e frequentemente acabam em aterros, poluindo e danificando o meio ambiente.
Em resposta às críticas, a Apple lançou programas de reciclagem, permitindo a devolução de dispositivos antigos, e passou (temporariamente) a oferecer substituições de baterias a preços reduzidos. Além disso, ela melhorou a transparência sobre a saúde das baterias e seu impacto no desempenho do iPhone.
Afinal, vale a pena trocar de iPhone todo ano?
Trocar de iPhone anualmente, como sugerido por Cook, tem suas vantagens e desvantagens. É inegável dizer que as inovações trazidas pela Maçã melhoram o desempenho e beneficiam a todas as pessoas, como a companhia sempre destaca.
Para o executivo, trocar de iPhone todos os anos vale a pena porque ajuda a aumentar suas receitas e lucros, além de fidelizar clientes. Esses benefícios fazem com que a Maçã mantenha a sua liderança no mercado de tecnologia e continue crescendo.

Contudo, o custo para o consumidor é alto, e a prática contribui para problemas ambientais. Ainda que programas de troca ajudem a mitigar os impactos, eles não os eliminam. Para muitos, portanto, manter o dispositivo por mais tempo é mais sensato.
Se você já tem um iPhone antigo (e funcional) e está satisfeito, talvez não valha a pena pegar algum modelos mais novo, por ora. Eles têm melhorias, mas elas podem não ser suficientes para que seja preciso trocar de aparelho a essa altura do campeonato.
A decisão deve considerar necessidades individuais e, principalmente, as capacidades financeiras. Minha experiência ao trocar de modelo desde 2018 diz respeito apenas às demandas de trabalho; caso contrário, sendo bem sincero, isso não aconteceria.
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Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.
- 2High dynamic range, ou grande alcance dinâmico.