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Tech Mix: Nokia G60 vs. iPhone SE, do iOS 5 ao iOS 18 e o legado do Windows Phone

Não noticiamos aqui, mas, no segundo dia do evento Nokia World 2011, a fabricante finlandesa lançou o seu primeiro smartphone baseado em Windows Phone 7.

Foi assim que comecei meu primeiro post no MacMagazine, quase 13 anos atrás, em uma sexta-feira (dia 28 de outubro de 2011). O título era “Guerra de smartphones, capítulo 7: iPhone 4S vs. Nokia Lumia 800”.

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Windows Phone era algo diferente e interessante, o iOS 5 trouxe a Central de Notificações, a Siri era relevante e promissora e, no ano anterior, o iPhone 4 havia sido esquecido no bar.

Hoje, a Nokia não é mais lembrada, o iOS 18 acumulou muitas mudanças (e problemas), a Siri está tentando não virar piada e nenhum outro iPhone foi esquecido em um bar pela Apple — só o MacBook Pro, que não foi no bar, mas o problema é igual. 😛

As pautas da Tech Mix hoje são uma homenagem ao passado, olhando para o futuro. Vamos lá?

Nokia G60 vs. iPhone SE (2022)

O último smartphone Nokia que acho relevante, vendido no Brasil, foi o Nokia G60, lançado em setembro de 2022. Para fins de homenagem ao primeiro post, trouxe um comparativo com o iPhone lançado mais próximo, que seria o iPhone 14 (lançado no mesmo mês); mas, para uma batalha mais justa, escolhi o iPhone SE de 3ª geração, anunciado em março do mesmo ano.

Começando pelo principal, o preço de ambos é bem próximo; ignorando o valor de lançamento, o iPhone SE de 3ª geração pode ser encontrado na casa dos R$2 mil em importadoras, enquanto o Nokia G60, nos poucos lugares onde ainda é vendido, também está na mesma faixa. Encontrei no site da Multilaser uma versão reembalada por R$1.999. Seria uma edição de colecionadores? Heh.

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Visualmente, a tela do smartphone da finlandesa é bem maior, são 6,58 polegadas contra apenas 4,7″ do da Apple, tamanho esse que seguiu até o iPhone 8. A tela do Nokia também dá um banho, trazendo uma atualização de 120Hz, que só chegou aos aparelhos da Maçã com o iPhone 13 Pro, custando muito mais que R$2 mil.

Ambos possuem tecnologia 5G, desbloqueiam com a digital, têm uma boa resolução de tela, recarga rápida de 20W, eSIM, NFC 1Near field communication, ou comunicação por campo de proximidade., entre outras especificações básicas. Mas aqui vão alguns outros comparativos:

Nokia G60iPhone SE 3ª geração
Brilho400 a 500 nits625 nits
Resolução da tela1080×2408 pixels e 401ppp750×1334 pixels e 326ppp
Resistência à águaIP52IP67
Câmera frontal8 megapixels, ƒ/2.07 megapixels, ƒ/2.2
Câmera traseiraTripla: 50MP, 5MP e 2MPÚnica de 12MP
Gravação de vídeo1080p em 30qps 4K até 60qps
Conexão USBTipo-CLightning
Bateria4.500mAh2.018mAh
Armazenamento e RAM120GB; 6GBde 64GB a 256GB; 4GB
ProcessadorSnapdragon 695 5GA15 Bionic
Upgrades do sistema3 anos3 anos e contando…

Se ligássemos apenas para números, seria basicamente um empate, talvez com pontos a mais para a Nokia. Mas, no fim das contas, escolher entre o Nokia G60 e o iPhone SE 3ª geração vai muito além de especificações técnicas. A experiência de uso, a longevidade dos updates e a integração com o ecossistema da Apple são fatores difíceis de quantificar em números — não que a gente esperasse algo diferente, não é mesmo? 

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No mundo dos smartphones, a gente sabe que os números impressionam, mas são os detalhes que conquistam. E você, se tivesse que escolher apenas um dos aparelhos, qual escolheria? Eu sei, não precisa responder.

Do iOS 5 ao iOS 18

Comparar versões do iOS sempre traz uma sensação de que parece que não vemos muitas mudanças. Isso me lembra o comercial do iPhone 6s no qual a Apple começa falando “Esse é o iPhone 6s, não mudou muita coisa…”

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Pensando no básico: os ícones continuam quadradinhos, a Central de Notificações tem a mesma estética de banners, o seletor de apps (para encerrar um aplicativo) é basicamente igual e até o relógio na tela Bloqueada continua na mesma posição com a data.

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O iOS 5 foi anunciado com “mais de 200 novidades” — quando a Apple ainda enumerava seus novos recursos, contando até mesmo mudanças pequenas.

Vejamos o que foi anunciado de relevante lá em 2011, e como estamos hoje:

A Central de Notificações foi uma das principais novidades, uma mudança significativa, um lugar para acompanhar tudo o que você pode ter perdido. Também ganhamos banners temporários, um marco e evolução contra os alertas invasivos que apareciam no meio da tela. Hoje temos o Resumo Agendado para notificações, podemos esconder o conteúdo delas com o iPhone bloqueado e até resumir as notificações com a Apple Intelligence.


Adivinha quem também fez a primeira aparição com o iOS 5? O iCloud! Ele chegou com 5GB de armazenamento gratuito para todos, podendo chegar — na época — a 50GB pagando US$100 anualmente. De lá para cá, ganhamos um total de… 0GB adicionais no plano gratuito. Isso mesmo, 13 anos depois, a Apple ainda oferece 5GB de espaço gratuito.

Hoje, o iCloud chega a 2TB pelo Apple One (R$90/mês) e ainda possui até 12TB de armazenamento adicional pelo valor de R$300/mês.

O iMessage também fez sua inauguração nesse mesmo ano, anunciado por Scott Forstall, na época vice-presidente sênior do iOS.

O mensageiro possibilitou a troca de textos, fotos, vídeos e contatos via conexão Wi-Fi ou pela famigerada 3G. Também trouxe recursos como recibo de leitura, aviso de que o interlocutor estava digitando e sincronização com todos os dispositivos da Apple. Você começava a conversa no iPhone e podia finalizar no iPad, com as conversas criptografadas desde o começo.

Atualmente, o iMessage agenda mensagens, envia localização, tem a função Chegou Bem?, adesivos e aplicativos no mensageiro e até envia dinheiro pelo Apple Cash, algo indisponível no Brasil. Aliás, o app nunca pegou muito por aqui, não chegando nem perto da utilização do WhatsApp.

Mas a maior mudança foi dela, a Siri. O iPhone 4s veio com a primeira assistente virtual da Apple, que inclusive já chegou em fase beta — na época, era algo raro esse uso de “beta” publicamente, mas hoje não é tão raro assim. Outro ponto que ainda vemos hoje: o lançamento foi apenas em inglês.

A ideia foi incrível, ainda que com uma usabilidade mais limitada. Como disse o Rafa em seu review do iPhone 4s: “[…] ela ainda não adentrou o meu dia a dia, a minha forma de usar o iPhone, de maneira que eu possa afirmar que ela é de fato uma revolução e que mudou completamente a minha experiência com o smartphone da Apple.”

Aqui sou obrigado a usar a frase da Apple que citei acima: “não mudou muita coisa.” A maioria das pessoas usa a Siri para pedir ligações, tocar uma música, colocar um alarme ou timer e, às vezes, pedir a previsão do tempo — algo que pergunto quase diariamente para decidir que roupa usar no trabalho ou para sair de casa. Não, Siri, não tenho interesse em saber o valor nutricional de uma banana.

Nunca a utilizei para escrever um email, perguntar o preço da ação da Apple, criar uma nota ou buscar um restaurante, funções presentes desde o começo. Digo, já perguntei e tento por curiosidade, mas não é algo que vem à mente. Ontem, por sinal, estava assistindo a um vídeo da Beyoncé em um discurso de campanha e comentei com meu marido “linda, ela não envelhece nunca”, e fomos pesquisar a idade da jovem. Somente após buscar no Google, pensei em chamar a Siri, que respondeu com sucesso a uma pergunta que eu poderia fazer a qualquer momento. Falta de hábito.

Para você que deseja incluir a Siri nos seus hábitos diários, recomendo visitar a página da Apple dedicada à Siri, onde inúmeras funções diferentes são mostradas. Talvez esse seja o problema: mais incentivo da Apple e do iOS em nos lembrar com frequência várias situações em que podemos chamar a assistente. 

Nesta semana será lançada a Apple Intelligence, que trará ainda mais funções e poder para o seu iPhone — caso você possua um modelo compatível — e você já sabe, mas não custa lembrar: português não está (inicialmente) nos idiomas compatíveis. 

Quem sabe, daqui a um tempo, mude muita coisa no quesito utilização e relevância para o usuário.

O legado do Windows Phone

Algumas coisas eram bonitas de se ver em um Windows Phone: os Live Tiles que substituíam widgets, o aplicativo de câmera com funções profissionais e o preço, que era muito abaixo do do iPhone. Aliás, você sabia que o Brasil chegou a ser o segundo maior mercado do Windows Phone? Mas o que deu errado em um sistema que tinha uma ótima integração com computadores?

Trouxe aqui dois vídeos para encerrar como reflexão sobre o fim do Windows Phone e o que ele representou para o mercado mobile.

O Canaltech falou por que “Matar o Windows Phone foi um ERRO da Microsoft (e o que Apple e Snapdragon têm a ver com isso)”, refletindo a competição da empresa contra Android e iOS:

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Já o TecMundo comentou, de outra forma, por que o Windows Phone fracassou:

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Talvez a falta de aplicativos em um sistema confiável foi a última pá de terra jogada na cova. Há quem diga que a experiência não era agradável. Mas para você, que chegou até aqui, qual foi o erro da Microsoft?


Até a próxima Tech Mix!

Notas de rodapé

  • 1
    Near field communication, ou comunicação por campo de proximidade.

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