A Apple decidiu desembolsar US$95 milhões para encerrar um processo coletivo que acusava a Siri de gravar conversas privadas sem permissão e compartilhar essas informações com terceiros, como anunciantes.
O caso começou em 2019, quando usuários reclamaram que a Siri, ativada pelo comando “Hey Siri” (ou “E aí, Siri”, português), gravava coisas que não devia. O acordo recente foi apresentado ao Tribunal Federal na Califórnia e agora precisa da aprovação do juiz Jeffrey White.
O problema é que essas gravações, de acordo com os denunciantes, teriam gerado anúncios direcionados — alguns, inclusive, disseram ter recebido propaganda de tênis Air Jordan ou do Olive Garden depois de falar sobre isso em conversas privadas.
O período abrangido pelo processo vai de setembro de 2014 até o final de 2024. Quem usou dispositivos da Maçã — como iPhones e Apple Watches — nesse período poderá fazer parte da ação e, se tudo for aprovado, receber até US$20 por dispositivo.
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Mas vale avisar: este valor poderá ser menor, haja vista que uma parte do fundo de US$95 milhões irá para despesas legais, que incluem até US$28,5 milhões em honorários de advogados.
Mesmo pagando essa grana toda, a Apple não admitiu nenhuma culpa. Procurada pela Reuters, a empresa diz que só resolveu encerrar o caso para seguir em frente.
Desde que as primeiras denúncias surgiram, lá em 2019, a empresa já tinha mudado algumas coisas: ela parou de usar humanos para revisar as gravações do Siri, introduziu políticas de privacidade mais rígidas e tornou a gravação de áudio algo opcional.
Esse tipo de preocupação com privacidade não é novidade. A Amazon e o Google também enfrentaram problemas semelhantes com suas assistentes de voz. Aliás, os mesmos advogados do caso contra a Apple estão tocando um processo parecido contra o Google, também na Califórnia.
Por enquanto, ainda não há detalhes sobre como as pessoas vão poder pedir o valor a que têm direito, mas isso deverá ser esclarecido assim que o juiz der o aval final para o acordo.