Recentemente de passagem pelo Brasil, onde participou de um evento de tecnologia promovido pela startup Unico, o cofundador da Apple, Steve “Woz” Wozniak, concedeu uma entrevista ao Estadão na qual falou sobre, dentre outras coisas, o momento da Maçã no que se refere à inteligência artificial (IA).
Defensor ferrenho da regulação da tecnologia, ele afirmou que “provavelmente não” está feliz com os recursos de IA que a Apple oferece atualmente. “Eu não uso. Quero dizer, eu tento usar o mínimo de IA possível porque quero as coisas funcionando da maneira que espero que funcionem”, disse ele.
“Então, o que a Apple faz é minimamente suficiente para apenas parecer me ajudar quando funciona. Eu não quero usá-la ao máximo porque não gosto de ter uma máquina determinando ‘Oh, é isso que você vai querer fazer agora, e eu vou falar por você'”, completou o engenheiro eletrônico.
Questionado sobre a recepção não tão positiva à Apple Intelligence, ele se limitou a citar a possibilidade de usar o ChatGPT graças à sua integração com a IA da Maçã. “De vez em quando, eu vou usar, de vez em quando eu quase preciso dele para obter uma resposta melhor do que a minha”, comentou.
Woz também afirmou acreditar que a empresa ainda pode inovar na área. “A Apple pode competir em qualquer área”, disse ele, que defendeu a possibilidade de a Maçã integrar alguma IA que o estude e saiba o que ele está fazendo para fornecer respostas melhores com base em contexto.
“Desde que não seja compartilhado com o mundo. Eu não quero que o mundo pense que me conhece tão profundamente”, comentou ele, que se disse cético sobre o que a Apple pode lhe dizer para fazer. “Eu não vou simplesmente aceitar tudo. E ainda assim pode ser que eu aceite coisas que estão erradas”, disse.
Outros assuntos em pauta
Num momento em que a Apple vem sendo alvo de investigações e medidas antitruste de governos por todo o mundo, Woz também falou sobre regulação, defendendo que empresas devem ser impedidas de fazer determinados tipos de coisas consideradas “ruins” — desde que quem regula não aja de forma injusta.
Há uma necessidade de regulação. Eu acredito que é bom não abusar. Seria horrível se tivéssemos regulação que impedisse um conjunto de empresas para privilegiar outra que seja de alguém próximo do governo. Isso seria uma vergonha. Isso seria imoral e terrível. Isso seria antiético.
Ainda na entrevista, Woz afirmou que algumas coisas ficaram “complicadas demais para explicar” em nosso mundo digital. “Eu espero que esse mundo todo de telas sensíveis ao toque retroceda e volte a ter mais coisas que meus músculos possam sentir, como posições, botões ou knobs, em carros”, disse ele.
via Jornal O Sul