Quem acompanhou a nossa cobertura do tarifaço promovido pelo governo dos Estados Unidos no início de abril sabe que, desde então, o presidente Donald Trump tem sido bastante enfático sobre o seu desejo de que a Apple abandone de vez a China e passe a fabricar iPhones em solo estadunidense.
Até o momento, o governo do político republicano já ameaçou taxar diretamente a Apple caso ela não leve suas linhas de produção para o país americano e reprovou publicamente os seus planos de abrir novas instalações na Índia, que tem gozado de tarifas bem mais razoáveis do que aquelas impostas à China, só para citar alguns desdobramentos.
Agora, Trump voltou a cutucar a Maçã, mas de um jeito um tanto inesperado: lançando o seu próprio smartphone — que, segundo ele, seria fabricado nos EUA (foco no seria).

O modelo em questão é o T1, que vem com um acabamento dourado para lá de brega e a bandeira dos EUA gravada a laser na parte de trás, bem como um conjunto triplo de câmeras que, convenhamos, é no mínimo parecido com o dos iPhones, principalmente os da linha Pro.
Segundo a Trump Organization, a empresa por trás dessa empreitada, o T1 vem com 12GB de RAM 1 Random access memory, ou memória de acesso aleatório. e 256GB de armazenamento, além de uma tela OLED 2Organic light-emitting diode, ou diodo emissor de luz orgânico. de 6,78 polegadas com taxa de atualização de 120Hz. Ele roda o Android 15, tem uma câmera principal de 50 megapixels e é equipado com uma bateria de generosos 5.000mAh.
Made in USA, só que não
Como esperado, o anúncio do smartphone faz questão de enfatizar que se trata de um aparelho teoricamente desenvolvido e fabricado nos EUA, ecoando o discurso nacionalista de Trump. No entanto, segundo usuários que logo trataram de averiguar a veracidade dessa informação, a história real desse aparelho pode ser um tanto… diferente.
Como notado por Max Weinbach [@MaxWinebach] no X (antigo Twitter), ao que tudo indica o T1 é, na verdade, um REVVL 7 Pro 5G, da marca Wingtech, “reembalado”. Essa marca, como vocês já devem suspeitar, fabrica os seus smartphones na China (mais especificamente, nas cidades de Jiaxing, Wuxi e Kunming).
O mesmo aparelho que o T-Mobile REVVL 7 Pro 5G, mas com um corpo personalizado. A Wingtech, agora de propriedade da Luxshare, fabrica-o em Jiaxing, Wuxi ou Kunming, na China.
A Wingtech, inclusive, foi adquirida há algum tempo pela Luxshare, que é uma das parceiras da Apple na fabricação de iPhones, AirPods, Apple Watches e mais.
E não para por aí: vendido por US$250, o REVVL 7 Pro 5G pode ser frequentemente encontrado na Amazon dos EUA por preços que vão até US$170 — valor muito menor do que os US$500 que a Trump Organization pretende cobrar pelo T1.

Além do telefone, a empresa do presidente estadunidense também anunciou um plano de telefonia chamado Trump Mobile, o qual usará a rede da T-Mobile e custará US$47,45 mensais — em referência ao fato de Trump ser o 47º presidente dos EUA.
Atualização, por Douglas Nascimento 25/06/2025 às 19:30
Após as descobertas envolvendo a verdadeira origem do T1, o site Trump Mobile — responsável pela divulgação do projeto — eliminou todas as referências que indicavam que o aparelho é fabricado nos EUA.
Em vez disso, embora ainda exiba o slogan “Orgulhosamente americano”, agora o site afirma que o aparelho é “projetado com os valores americanos em mente” e que há “mãos americanas por trás de cada dispositivo”.
De qualquer forma, essas afirmações acabam sendo um tanto quanto vagas, de modo que não é improvável que o trabalho americano no aparelho tenha se limitado ao design externo, como já pontuado anteriormente.
via AppleInsider
Notas de rodapé
- 1Random access memory, ou memória de acesso aleatório.
- 2Organic light-emitting diode, ou diodo emissor de luz orgânico.