O melhor pedaço da Maçã.

Nem tudo que dobra é inovação — e a Apple sabe disso

ChatGPT
Conceito de "iPhone Fold" criado pelo ChatGPT

Nos últimos anos, os smartphones dobráveis deixaram de ser uma promessa futurista para se tornarem realidade concreta — ainda que cara e restrita a nichos.

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Marcas como Samsung, HUAWEI, Xiaomi, OPPO e até Google já apostam alto nesse formato, lançando gerações sucessivas de aparelhos com telas flexíveis. O mercado responde com interesse: embora ainda represente uma fatia pequena, o segmento cresce ano a ano e já movimenta bilhões.

Em meio a essa movimentação, uma ausência salta aos olhos: a da Apple. A empresa, que revolucionou o mercado com o iPhone em 2007, ainda não lançou um modelo dobrável. E quando ela não entra em uma tendência, a pergunta inevitável surge: ela está esperando a hora certa ou ficando para trás?

Convido-lhes, hoje, a refletir sobre esse silêncio estratégico da gigante de Cupertino e o que ele pode revelar sobre a forma como a Maçã enxerga inovação, oportunidade e mercado. Afinal, nem toda revolução precisa acontecer com pressa. Ou… precisa?

O mercado “dobrou” e cresceu

Embora tenha começado como uma aposta arriscada, o mercado de smartphones flexíveis vem ganhando espaço. Em 2019, com o lançamento do primeiro Galaxy Fold, o público ainda via a novidade com ceticismo. As primeiras versões tinham problemas de durabilidade, mas o avanço foi rápido e o apelo visual, forte.

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Desde então, os dobráveis evoluíram em construção, desempenho e proposta. Modelos como o Galaxy Z Fold e o Z Flip já estão quase na 7ª geração, enquanto outras companhias do setor também consolidaram suas linhas.

Para termos uma ideia dessa evolução, somente em 2023, o segmento dos dobráveis ultrapassou os 15,9 milhões de unidades vendidas globalmente. Na época, a Samsung dominava o mercado (66,4%), seguida pela HUAWEI (11,9%) e pela Xiaomi (5,3%).

Mais do que vendas, esses dispositivos viraram vitrines tecnológicas das marcas. Mesmo sendo um nicho, eles ajudam a projetar imagem de inovação e vanguarda. Em eventos como o MWC (Mobile World Congress), são sempre destaque, atraindo jornalistas, criadores de conteúdo e consumidores curiosos.

É verdade que ainda são caros, com limitações e uso questionável para muita gente. Mas o mercado mostra apetite por formatos alternativos. E é nesse palco cada vez mais visível que a ausência da Apple começa a soar mais alta.

A ausência da Apple chama atenção

Apesar do avanço dos dobráveis e da visibilidade crescente do segmento, a Maçã segue fora do jogo. Nenhum anúncio, nenhum teaser. À primeira vista, isso destoa de um mercado que se move rápido, mas está alinhado ao histórico da empresa.

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Isso porque ela costuma não ser a primeira a adotar novas tecnologias: foi assim com o 4G, com os phablets, com o NFC e até com o 5G, que só chegou aos seus aparelhos em 2020 — dois anos após concorrentes já explorarem a tecnologia.

Tim Cook apresentando os primeiros iPhones com conectividade 5G
Tim Cook em apresentação da Apple | Foto: Brooks Kraft/Apple

Essa postura, pelo costume da companhia, tem lógica: ela sempre espera o amadurecimento do mercado antes de lançar algo integrado ao seu ecossistema. Na prática, prefere chegar depois, mas com um produto refinado.

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No caso dos dobráveis, ainda existem três desafios que podem pesar bastante para ela: durabilidade, espessura e software. Estes são pontos críticos para uma marca que valoriza tanto a experiência do usuário.

Por isso, a sua ausência não indica desinteresse, mas sim estratégia. A Apple observa, aprende e só entra quando acredita poder oferecer algo que realmente traduza a sua visão. Ela não corre para seguir tendências, mas prefere liderá-las no seu tempo.

Por mais que o mercado de dobráveis cresça, essa não é, necessariamente, uma tecnologia que já conquistou o público geral. Eles chamam atenção, geram curiosidade e têm apelo visual, mas ainda despertam dúvidas sobre a real utilidade, conforto no uso diário e, principalmente, custo-benefício.

Pesquisas de satisfação mostram que muitos usuários estão felizes com seus dobráveis, mas também apontam frustrações: vinco na tela, aparelhos mais espessos, menor durabilidade e preços que não se justificam. A pergunta que fica é: dobrar resolve um problema real ou só entrega uma experiência diferente?

A aposta da Apple está em outras telas… ou na falta delas

Se há algo que a história da empresa ensina, é que ela não gosta de correr para resolver problemas que, na visão dela, talvez nem precisem ser resolvidos. Enquanto parte da indústria se dedica a dobrar telas, ela parece mais interessada em eliminá-las.

O lançamento do Apple Vision Pro deixou claro que, para a Maçã, o futuro está em transformar a forma como interagimos com o mundo digital — não em um dispositivo que cabe no bolso, mas em experiências projetadas no nosso campo de visão.

Isso não significa que a Apple descartou os dobráveis. Mas, estrategicamente, ela pode enxergar essa tecnologia como uma evolução limitada, enquanto aposta em uma disrupção maior: interfaces que nem dependem mais de telas físicas.

Nesse contexto, um celular dobrável soa, no mínimo, como um passo lateral. E, para uma empresa que construiu a sua identidade olhando sempre dois passos à frente, talvez não seja o caminho que ela queira trilhar.

Quando (e se) a Apple dobrar

Se a história serve de parâmetro, a entrada da Apple no mercado de dobráveis pode não ser apenas mais um lançamento, mas um ponto de virada. Geralmente quando a empresa adota uma tecnologia, costuma “reorganizar as regras do jogo”.

Em design, dificilmente seguiria a fórmula dos concorrentes. De acordo com alguns rumores, a aposta poderá ser em um aparelho mais fino, com dobradiça discreta e uma tela sem vinco aparente, um dos principais incômodos atuais.

No preço, o impacto poderá ser duplo. A Maçã deverá manter o seu padrão premium — isto é, com altos valores —, mas a sua chegada tende a acelerar a otimização de componentes e, no médio prazo, tornar a tecnologia mais acessível.

Na concorrência, a resposta deverá ser quase que imediata. Tanto a Samsung quanto a HUAWEI e outras empresas precisarão elevar o que oferecem, buscar diferenciais ou reposicionar os seus produtos para enfrentar um novo protagonista.

Mas o maior impacto estaria na percepção do público. Hoje, os dobráveis ainda soam experimentais para muita gente. Se a Apple conseguir entregar uma proposta bem resolvida, integrada ao seu ecossistema e com real valor de uso, poderá transformar o dobrável de nicho em tendência — e, quem sabe, em padrão.

A grande questão não é só quando a Apple vai dobrar, mas como ela vai convencer o mundo de que isso faz sentido.

Nem toda inovação é necessária… ainda

O fato de uma tecnologia existir não significa, necessariamente, que ela precise ser adotada. Dobrar uma tela, por si só, não é sinônimo de avanço. É apenas uma possibilidade entre tantas outras.

O mercado de dobráveis ainda busca respostas para uma pergunta simples, mas essencial: isso realmente melhora a vida do usuário? Enquanto algumas marcas seguem apostando na estética, na vitrine tecnológica e no efeito “Uau!”, a Apple parece mais interessada em entender se há, de fato, valor de longo prazo nessa proposta.

E talvez ela esteja certa. Porque inovar não é apenas lançar algo novo. É lançar algo que faça sentido, que resolva problemas e se encaixe na rotina de forma natural. Se for só pelo espetáculo, não basta.

Se, no futuro, a Apple decidir dobrar, é provável que não seja apenas uma tela que se dobre. Será uma nova leitura sobre como usamos nossos dispositivos. E, se ela nunca dobrar, talvez a mensagem seja outra: nem toda inovação precisa acontecer. Pelo menos, não agora.


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