O melhor pedaço da Maçã.

Afinal, vilões podem ou não usar iPhones e Macs em filmes e séries?

Não é incomum vermos na internet alguém jogando como um fato concreto a seguinte frase ao comentar sobre o caráter dos personagens de filmes e séries: “Se está usando iPhone, então já sabemos que não é vilão!”

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Mas de onde vem essa história? Até que ponto podemos confiar nela? Será que isso é mesmo algo tão automático e certo, ou há exceções? Vale para o Brasil? E para as produções da própria Apple?

São essas e outras perguntas que tentaremos responder neste artigo.

De onde vem essa história?

Essa é, com certeza, a pergunta mais fácil de responder — inclusive, já repercutimos esse assunto aqui mesmo no MacMagazine. Tudo teve início em 2020, com uma declaração do premiado diretor Rian Johnson.

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Responsável pelos filmes “Entre Facas e Segredos” e “Star Wars: Os Últimos Jedi”, ele disse que a Apple até permite que uma produção de Hollywood use iPhones, mas com a condição de que o aparelho não seja usado por vilões no filme.

Para sermos mais claros, eis a transcrição/tradução do que ele disse:

A Apple deixa você usar iPhones em filmes. Mas — e isso é muito fundamental — se você estiver assistindo a um filme de mistério, vilões não podem ter iPhones na câmera.

Reparem bem: sua afirmação é categórica, algo que serviu bem para embasar a máxima citada no início deste post. Essa declaração soou como um verdadeiro boom na imprensa especializada na época e repercutiu bastante, mas meio que ficou apagada por uns anos — embora ainda tenha sido repercutida eventualmente durante a exibição de algumas produções.

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No ano passado, no entanto, a história voltou com tudo quando a especialista em adereços Heidi Koleto afirmou que teve de mudar uma cena na qual uma atriz deveria usar um iPhone enquanto dirigia bêbada e batia o carro.

Eu tive que dizer: “Não podemos fazer isso. Estabelecemos essa personagem com um telefone da Apple. Não podemos deixá-la dirigir bêbada e bater enquanto olha para um iPhone, eles nunca mais trabalharão comigo.”

Não sei se perceberam, mas essa fala tem um tom levemente diferente da de Johnson. Nela, há algo que abre margem para interpretações — o “eles nunca mais trabalharão comigo” — e falaremos um pouco melhor disso depois.

No geral, vilões não usam mesmo iPhones?

Uma resposta curta e direta para essa pergunta é: sim, no geral, vilões não usam iPhones em muitas séries e filmes de Hollywood — e isso pode ser constatado facilmente com alguns exemplos bem clássicos.

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Nada melhor que começarmos com o próprio “Entre Facas e Segredos”, de Johnson. No longa, personagens suspeitos aparecem usando iPhones, mas o verdadeiro culpado sempre surge com um aparelho genérico.

A série “Succession”, da HBO Max, é outra que levantou teorias sobre o assunto. Enquanto o grande vilão da série usava smartphones genéricos, outros personagens (como seus filhos) frequentemente ostentavam iPhones.

Esse é um caso meio dúbio, uma vez que os aspirantes ao “trono” na produção eram conhecidos por apresentar caráter multifacetado e, por diversas vezes, se encontraram em situações que podem, sim, ser descritas como de vilania.

Outro exemplo interessante e bem clássico é o da série “24 Horas” — mas aqui não envolvendo iPhones, e sim Macs. Enquanto os mocinhos da série apareciam com os computadores da Maçã, os vilões eram retratados geralmente com PCs.

Mas há exceções…

Sim! Também temos exemplo de produções que romperam bem com essa regra e apresentam vilões usando iPhones de forma bem explícita — daquelas que não deixam margens para discussões, como em “Succession”.

Um bom exemplo é o filme “John Wick” (2014), o qual apresenta, logo no começo, o homem que mata o cachorro do protagonista e rouba seu carro usando um iPhone — um personagem e uma cena nada dúbia.

Além disso, como destacou o site People, um personagem serial killer provavelmente aparece usando um dispositivo da Apple em “Armadilha” (2024) e, aparentemente, um iPhone também aparece relacionado a um vilão em “Homem-Formiga” (2015).

Em “House of Cards” (2013), primeira série original da Netflix, o protagonista Frank Underwood (Kevin Spacey) frequentemente aparecia rodeado de produtos da Apple — embora a série tenha rolado antes do suposto “veto”.

E no Apple TV+?

Curiosamente, enquanto em filmes mainstream parece haver um direcionamento para que vilões não usem iPhones, o mesmo parece não acontecer no Apple TV+.

Na maioria das séries produzidas pelo serviço, a regra parece ser “todo mundo pode usar iPhones” — o que até chega a fazer certo sentido num contexto mais geral dos Estados Unidos, onde a maioria das produções é ambientada.

Alguns exemplos ao longo dos anos mostram que não importa se o personagem é ou não um vilão: ele geralmente acaba com um iPhone na mão quando, por algum motivo, deve aparecer segurando um smartphone.

Em uma das séries de maior sucesso do serviço, “Ted Lasso”, por exemplo, o vilão principal da primeira temporada, Rupert Mannion (Anthony Head), é visto com um aparelho da empresa na mão em um dos episódios — como notado por essa conta do Reddit.

Como é uma cena rara, pode ser que a Apple evite mostrar esses personagens usando dispositivos tecnológicos, porém, quando eles por alguma exigência de roteiro devem usar, acabam ostentando dispositivos da empresa “sem pudor”.

Inclusive, um levantamento do The Wall Street Journal revelou que um aparelho da Apple apareceu a cada 1,24 minuto em um episódio de “Ted Lasso”, mostrando qual a regra que manda nas produções da empresa.

Mas há algumas exceções. Muitas delas podem estar ligadas tanto a quem efetivamente produziu a série ou o filme em questão ou até mesmo serem apenas uma questão estritamente relacionada ao enredo/plot da série.

Um exemplo que se encaixa bem aqui é o de “Ruptura” (“Severance”), que se tornou neste ano a produção mais assistida da história do serviço mas que, apesar de exibir smartphones fora da Lumon Industries, nunca apresentou um aparelho da Maçã.

Aparentemente isso tem a ver com toda a aura de mistério envolvendo a série — não apenas algo sobre quem é vilão ou mocinho, mas também em relação até mesmo à época em que a produção é ambientada, a qual não é especificada totalmente.

Dessa forma, embora seja possível ver os personagens usando smartphones (o que por si só já estabelece um certo corte temporal), eles nunca são iPhones — o que poderia denunciar mais facilmente o período exato da exibição.

Também é interessante perceber a presença dos aparelhos celulares antigos (os dumb phones) e até mesmo de orelhões sendo usado ativamente por alguns personagens, mesmo fora da Lumon.

E no Brasil?

No Brasil, tudo indica que não há nenhum direcionamento nesse sentido. Nesse caso, cabe destacar um detalhe importante: enquanto nos EUA geralmente a regra é ter iPhone, no Brasil a participação dos smartphones da Apple é bem pequena — o que torna essa questão menos relevante.

Mas alguns exemplos recentes em telenovelas, que ainda são o produto de teledramaturgia mais popular por aqui, nos dão uma mostra de que os vilões não parecem ter aversão a iPhones por aqui — não importando nem mesmo o nível da vilania apresentada por eles.

Em “Beleza Fatal”, a vilã Lola (Camila Pitanga) não tem vergonha nenhuma de sair ostentando o seu iPhone por aí — mesmo tendo sido a responsável pela morte de outros personagens no folhetim de Raphael Montes.

Outro exemplo é o remake de “Vale Tudo”, atualmente em exibição na TV Globo. Um dos vilões da novela, Marco Aurélio (Alexandre Nero), por exemplo, também ostenta livremente um iPhone em meio às suas muitas cenas na trama.

Inclusive, tem gente usando esse detalhe para apostar que ele não será o responsável por matar Odete Roitman (Débora Bloch) no final da novela — mistério que, tal como na versão original, deverá movimentar os últimos capítulos da trama.

Mas o fato é que isso faz zero sentido, visto que Roitman, que é considerada por muitos a maior vilã da teledramaturgia brasileira — embora, nessa versão, tenha ganhado contornos mais humanizados — volta e meia aparece ostentando o seu iPhone em cena.

Bem como a vilã secundária da novela, Maria de Fátima (Bella Campos):

O que a Apple diz oficialmente?

Quando pulamos para o discurso oficial da Apple, a coisa fica um pouco nebulosa. Isso porque a Maçã nunca se pronunciou oficialmente sobre o tema, apesar de, como já visto acima, essa cláusula ser praticamente uma regra ou um fato para muitas pessoas quando observamos a cultura popular.

Por outro lado, documentos oficiais nos dão algumas pistas de qual é o direcionamento da empresa nesse sentido — como é o caso das Diretrizes Para o Uso de Marcas Registradas e Direitos Autorais da Apple (Guidelines for Using Apple Trademarks and Copyrights).

Nesse documento, como observou a revista People, a empresa não menciona nada explicitamente relacionado a uma cláusula sobre vilões, mas afirma que os seus produtos devem ser apresentados da melhor maneira possível, num contexto que reflita favoravelmente neles e na empresa em si.

Além disso, “você não pode usar uma marca registrada da Apple ou qualquer outro símbolo gráfico, logotipo ou ícone de propriedade da Apple de maneira depreciativa” — diretrizes que, olhadas superficialmente (pelo menos em teoria), podem ser consideradas um tanto quanto rígidas.

Essa última questão, de não se poder relacionar qualquer marca da Apple a coisas depreciativas, faz todo sentido se fizermos a conexão com o desejo da empresa de não ser associada de forma alguma a personagens ou situações negativas em produções audiovisuais.

É como se fosse uma regra implícita — o que não significa, no entanto, que ela não possa ser quebrada sem grandes consequências. Inclusive, outras diretrizes presentes por lá costumam ser quebradas a todo momento, como a proibição de colocar os produtos da Apple lado a lado com concorrentes (muito comum em comparativos).

O que, de fato, parece acontecer…

Embora não seja tão “preto no branco” como muitas pessoas acreditam, a resposta para essa pergunta é simples, mas antes, devemos entender um pouco como funciona toda a questão envolvendo a presença de smartphones em produções audiovisuais.

No caso da Apple, é sabido que a empresa não paga pelo que tradicionalmente é conhecido como product placement — ou seja, pela inserção dos seus aparelhos de forma sutil em produções com fins de publicidade.

No entanto, a empresa fornece gratuitamente produtos como iPhones, iPads e Macs para serem usados em produções cinematográficas ou televisivas — o que, na prática, acaba a dando uma espécie de “direito” para estabelecer como eles devem ser usados.

É bastante plausível considerar que, nesses casos em específico, a empresa enfatize bem as diretrizes supracitadas e as relacione com a exibição dos seus produtos em produções audiovisuais (como se fosse uma determinação informal).

Obviamente, no entanto, nem todo iPhone que aparece em filmes e séries é cedido pela Apple. Quando falamos de aparelhos financiados pela própria produção ou por terceiros, a coisa muda de figura, pois há uma maior liberdade na forma como eles podem ser usados.

Embora, em teoria, essas produções (ou qualquer tipo de mídia que se proponha a exibir produtos da Maçã) deveriam seguir certas diretrizes gerais de uso da marca (como as supracitadas), há sempre a possibilidade de que elas não sejam seguidas à risca.

Isso porque a Apple, na prática, não tem muito poder legal sobre o que é feito ou não com seus aparelhos após eles serem adquiridos, salvo casos muito específicos que teoricamente poderiam resultar em problemas, como situações difamatórias ou algo do gênero.

É aí que provavelmente entram muitos dos exemplos que vemos que contrariam a regra geral — embora até mesmo produções que não tiveram seus aparelhos doados pela Apple possam acabar sendo influenciados indiretamente por essa cláusula, já que diretores e estúdios podem tentar manter uma boa relação com a empresa visando possíveis parcerias futuras.

Afinal, o iPhone é mesmo infalível na descoberta de vilões?

Essa questão envolvendo os aparelhos que são cedidos ou não pela Apple acaba trazendo uma certa nebulosidade e imprevisibilidade para quem assiste a determinada produção (especialmente para quem não sabe o que está por trás dos contratos de bastidores as envolvendo).

No entanto, além disso, a questão pode ser um pouco mais complexa — até mesmo em casos em que a Apple cede os aparelhos, uma vez que a definição de quem pode ser considerado ou não um vilão é, muitas vezes, um tanto quanto relativa.

Com exceções de casos explícitos de personagens cometendo crimes hediondos, a percepção que temos atualmente sobre personagens vai muito além da velha dicotomia entre vilões e mocinhos, uma vez que muitas produções objetivam retratar a realidade — e na realidade ninguém é 100% mau ou 100% bom.

Por isso, há quem acredite que a tal cláusula sobre vilões da Apple pode não ter o objetivo de explicitamente impedir a relação entre iPhones e personagens considerados vilões, e sim evitar cenas e contextos específicos nos quais seus aparelhos são exibidos.

A flexibilidade em relação às produções da própria empresa ou às do Apple TV+ pode ser um bom indício disso, uma vez que, mesmo utilizados por vilões, os iPhones não costumam ser retratados em situações de vilania ou que possam de alguma forma descredibilizar a marca.

Em 2019, antes do lançamento do serviço de streaming da Maçã, por exemplo, uma reportagem do The New York Times destacou uma preocupação dos executivos da Apple sobre como seus dispositivos estavam sendo usados nos programas — o que indica que a empresa liga, sim, para como eles são usados em suas produções.

Talvez essa exigência mais ampla relacionada a vilões como um todo (e não focada em situações) que é percebida no mercado de maneira mais ampla (excluindo as produções da empresa) seja fruto da sua incapacidade de controlar mais de perto como os aparelhos serão usados em produções de terceiros.

Dessa forma, em vez de definir explicitamente como e em quais momentos seus aparelhos podem ser usados, a Maçã daria uma recomendação mais ampla para evitar a exposição de iPhones, Macs e Apple Watches em contextos os quais não lhe agradariam.


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