Depois do adiamento da nova Siri no início do ano, estamos agora diante de mais uma bomba envolvendo os planos da Apple quando o assunto é inteligência artificial.
Segundo informações da Bloomberg, a Maçã está considerando abandonar o desenvolvimento dos seus próprios modelos de IA e usar a tecnologia de empresas como OpenAI (com a qual a companhia já colabora) e Anthropic para empurrar os recursos da nova versão da sua assistente virtual.
Ainda segundo o veículo, isso vem logo após a empresa “matar” o desenvolvimento dos modelos iria usar no Swift Assist — recurso focado do Xcode anunciado na WWDC do ano passado. Como sabemos, em vez disso, agora a plataforma de desenvolvimento da Apple permite que usuários acionem chatbots como o ChatGPT e o Claude para auxiliá-los durante a criação de um app.
Segundo pessoas familiarizadas com o assunto, a Apple já teria solicitado até mesmo para essas empresas treinarem versões dos seus modelos as quais poderiam ser testadas com a Siri na infraestrutura interna da Maçã.
Os executivos da Maçã ainda não tomaram uma decisão final, de modo que o Apple Foundation Models (como a empresa chama o seu conjunto de modelos de IA) continua de pé dentro dos laboratórios do Apple Park, incluindo o projeto da Siri baseada em LLM 1Large language model, ou grande modelo de linguagem..
Essa informação, no entanto, não foi bem recebida pelos engenheiros da companhia, sendo que o time por trás do MLX (o framework de código aberto para IA da Apple) teria até mesmo ameaçado pedir demissão. Tom Gunter, um dos principais especialistas da companhia, inclusive, deixou a empresa na semana passada depois de oito anos de serviços prestados.
Ainda segundo informações, a ideia de usar modelos de terceiros foi levantada primeiro por Mike Rockwell, o chefão da Siri, bem como por Craig Federighi, o vice-presidente sênior de engenharia de software da Maçã. Os dois, vale lembrar, assumiram o comando da Siri depois que John Giannandrea, o atual chefe de IA da Apple, perdeu a liderança do projeto.
Ao que tudo indica, Rockwell e outros executivos concluíram, após uma rodada de testes, que a tecnologia da Anthropic foi a que se saiu melhor quando colocada para executar as tarefas da Siri — levando Adrian Perica, vice-presidente de desenvolvimento corporativo da Apple, a iniciar uma negociação com a empresa para o uso do Claude.
Incertezas
A ideia de licenciar modelos de terceiros seria, para Federighi, Rockwell e outros executivos, uma forma de solucionar o atual atraso da Apple no mercado de IA. Mesmo assim, a empresa ainda vê com bons olhos a possibilidade de ter a sua própria tecnologia no futuro — uma vez que ela tem trabalhado em uma série de dispositivos que dependerão bastante de recursos de IA (e ainda deverão demorar alguns anos para sair do papel).
Atualmente, os modelos da Apple são desenvolvidos por uma equipe de aproximadamente 100 pessoas, a qual é liderada por Ruoming Pang, um engenheiro renomado que veio do Google em 2021. Ele, por sua vez, responde a Daphne Luong, diretora sênior responsável pela pesquisa em IA da empresa — e cujo time é um dos poucos de maior prestígio da Apple a ainda responder a Giannandrea.
Além da ameaça de demissão por parte desses engenheiros, a Apple também tem precisado lidar com o assédio de companhias como a Meta e a própria OpenAI, que têm oferecido a engenheiros salários bem maiores que a Maçã — em alguns casos, o dobro do oferecido pela gigante de Cupertino.
Notas de rodapé
- 1Large language model, ou grande modelo de linguagem.