Logo após a Adobe colocar no ar a sua campanha publicitária de “amor” pela Apple, o gerente de produto da empresa para o Photoshop, John Nack, publicou a sua visão geral de como ele vê a conduta com relação ao que pode ou não funcionar no iPhone OS. Nack não é totalmente contra o posicionamento atual da Maçã em relação ao Flash (e não acredita que o atrito entre sua empresa e a Apple seja causado apenas por isso), mas se preocupa com o quanto a situação atual pode não ser benéfica para usuários em geral.
Nack está certo ao dizer que as atitudes da Apple nem sempre maximizam inovação e benefícios definitivos para os usuários, mas não por causa do Flash, e sim de como a empresa julga o que é certo ou não para seus produtos móveis — algo que, no caso da App Store, vem após o processo de desenvolvimento. Depois de oito anos cuidando do Photoshop — ou seja, ele não é exatamente o culpado pelo fato de o aplicativo não ter migrado totalmente para o Mac OS X logo no seu início —, Nack foi promovido para cuidar do projeto dos próximos aplicativos da Adobe, mas não sabe como a Apple reagirá a isso no iPhone OS.
Um dos projetos cogitados pela Adobe para o iPad é uma versão do Lightroom, aplicativo de edição não-destrutiva de fotos, respeitadíssimo no mercado profissional, que ela criou com total afinidade com o atual Mac OS X. Só que a forma como a Apple encara competitividade em relação aos seus produtos ofusca o interesse da Adobe de mandar bala em algo do tipo. “Eu quero construir os melhores aplicativos de imagem para iPads que o mundo já viu. Mas serei permitido a fazer isso?”, indagou Nack.
Novamente: o que está preocupando Nack neste sentido não é o fato de o Lightroom usar Flash, mas sim de a Apple repetir a sua conduta com o plugin para dar prioridade ao Aperture — não sejamos hipócritas, isso pode acontecer. Só que a conduta atual de trabalho da Adobe exige um comprometimento por parte da Apple, contrariando a falta de apoio que ela teve do mercado de softwares profissionais ao popularizar o Mac OS X, no início do século.
Além disso, o gerente da Adobe disse em seu artigo que a Apple deveria deixar as soluções dela terem sucesso ou falharem com base na opinião pública e seus próprios méritos. O problema é que o iPhone OS não dá sinais de que terá alguém além da sua criadora para determinar o que pode ser prejudicial ou não.
Quanto a isso, outro John — o Gruber — fez uma colocação importante em seu blog Daring Fireball: se a Adobe acha que o Flash pode ser tão bom para a web em dispositivos móveis, ela ainda pode provar isso tornando-o melhor em outros sistemas — incluindo o Mac OS X como desktop e o Android para smartphones. Isso pode não estar relacionado com o Lightroom à primeira vista, mas é um ponto em que Adobe pode pensar bastante por ter um produto tão bom em mãos: se algo é adorado por usuários de Mac, o que o impede de ser um sucesso no iPad?
Taí uma pergunta que seus fundadores não pensaram em responder, pelo jeito.