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Funcionários pedem que Apple declare apoio à Palestina em conflito

Quase mil empregados da Maçã assinaram uma carta endereçada ao CEO Tim Cook
Palestina

Há algumas horas, o mundo respirou aliviado (temporariamente, ao menos) quando Israel e Palestina anunciaram o acordo para iniciar um cessar-fogo na região de Gaza (que já está em prática).

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Por outro lado, o mais recente conflito entre as duas nações — que já deixou 232 palestinos e 13 israelenses mortos, incluindo civis e até mesmo crianças — tem deixado marcas ainda mais profundas numa situação de horror que perdura há mais de 50 anos. E um grupo de empregados da Apple está pedindo que a empresa tome uma posição.

De acordo com o The Verge, a Associação de Muçulmanos da Apple (um grupo oficial composto por funcionários da empresa que seguem o Islã ou de origem muçulmana) colocou para circular entre a companhia uma carta interna, endereçada ao CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. Tim Cook, solicitando que o executivo e a empresa declarem apoio à causa palestina no conflito contra Israel. Até o momento, quase 1.000 trabalhadores da Apple assinaram o documento.

Na carta, os funcionários expressam frustração pelo fato de que a Apple não se pronunciou sobre a questão até o momento, notando que, em várias outras situações de conflito ou de desastres sociais/ambientais, a empresa foi ágil em expressar seu apoio e/ou enviar ajuda às populações atingidas.

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O início da carta afirma o seguinte:

Em nome da Associação de Muçulmanos da Apple, nós lhe escrevemos com tristeza, raiva, frustração e desapontamento em nossos corações.

Nós estamos tristes e raivosos porque, mais uma vez, somos lembrados da luta e da dor do povo palestino, e sua existência há décadas interferida por uma ocupação militar.

Nós estamos frustrados e desapontados porque, mais uma vez, muitos daqueles em posições de poder e influência — que notadamente apoiam causas de direitos humanos em tantos outros cenários — escolhem ficar em silêncio ou fazer declarações neutras e inefetivas de “dois lados” em relação à situação da Palestina.

Muitos de nós tivemos o privilégio de crescer em sociedades livres, onde os direitos de circulação, segurança, educação e oportunidade são comuns. Mesmo assim, mesmo com todos esses direitos tão comumente negados ao povo palestino, muçulmanos (e pessoas com outros tipos de fé) são instruídos a não discutir a questão palestina. Nos dizem que o assunto é “muito sensível” para o ambiente de trabalho.

Nós, muçulmanos da Apple, desfrutamos de ainda mais privilégio — nós trabalhamos em uma empresa que mostra o caminho não somente em produtos, mas também em questões de direitos humanos. Nós da Associação de Muçulmanos da Apple expressamos nossa solidariedade e continuaremos lutando lado a lado com as comunidades negras e pardas em suas buscas por justiça e equidade. Nós entramos em contato e continuaremos apoiando as comunidades asiáticas contra o ódio e os ataques anti-asiáticos. E nós prestamos suporte a colegas de vários países conforme eles lidavam com a ansiedade do banimento de viagens.

Em todas essas situações, a coisa certa a ser feita era muito clara para nós. Para milhões de muçulmanos, essas comunidades SÃO as nossas próprias comunidades. E conforme nós estamos com elas com todos os nossos corações, também sentimos que permanecer em silêncio sobre a questão do povo palestino (em todos os seus tipos de fé), muitos dos quais são nossos colegas na Apple, não é mais a coisa certa a se fazer. Simplesmente não é certo.

É por isso que nós acreditamos que o compromisso público da Apple, de respeitar direitos humanos internacionalmente reconhecidos, precisa também ser estendido clara e explicitamente ao povo da Palestina.

A carta segue, então, com uma série de pedidos direcionados a Cook e à Apple: entre as solicitações, o grupo pede que a Apple explicite — interna e externamente — que “vidas palestinas importam” e que o povo palestino “sofre uma ocupação ilegal”. Eles também pedem que a Apple não caia na armadilha dos “dois lados”, que seria, segundo o grupo, equivalente à retórica do “todas as vidas importam” comumente expressada por opositores do movimento #BlackLivesMatter.

A mensagem nota também que qualquer apoio eventualmente feito pela Apple não afetará o suporte da empresa aos direitos humanos dos cidadãos israelenses e judeus ao redor do mundo, e que a empresa — bem como a associação — deve deixar claro que tal apoio não é favorável a quaisquer ações de terrorismo feitas por qualquer um dos lados do conflito.

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Os empregados reconhecem que os pedidos feitos são desafiadores, e que indivíduos e empresas que expressam apoio à causa palestina estão sujeito a ataques de todos os tipos — mas que a Apple, com todo o seu sucesso e poder, tem o potencial de mudar vidas e causar um impacto positivo no mundo.

A cúpula da Apple não se pronunciou sobre o caso, mas ficaremos atentos em relação a qualquer possível resposta.

Notas de rodapé

  • 1
    Chief executive officer, ou diretor executivo.

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