A Mozilla publicou um relatório [PDF] intitulado “Cinco Jardins Murados: Por que os Navegadores são Essenciais para a Internet e como os Sistemas Operacionais os estão Atrasando”. O texto contém pesquisas feitas nos Estados Unidos, no Reino Unido, no Quênia, na França, na Austrália e na Índia, e sustenta a visão de que empresas como Apple, Google e Microsoft adotam práticas anticompetitivas ao estimularem o uso de seus próprios navegadores em detrimento de outros — como o Firefox.
A empresa centrou o argumento em cinco pontos específicos, os quais seriam consequências da preferência dos sistemas operacionais em relação a seus próprios navegadores: eles limitam a escolha, têm menor qualidade, inovação e privacidade, e seus contratos são injustos. Uma vez que o Firefox não está presente nativamente em nenhum sistema operacional, a empresa é diretamente afetada pela questão, já que os usuários precisam voluntariamente mudar de navegador para usá-lo.
Além disso, ela destacou muitos fatores que desestimulam o download de outros navegadores, como múltiplos passos para mudar o aplicativo padrão, bem como recursos que só estão disponíveis na solução nativa. Também foi lembrada a questão dos motores de navegação: a Mozilla diz que, se não desenvolvesse o Gecko, a internet ficaria na mão de apenas uma empresa, sem concorrência.
As pesquisas contidas no relatório trouxeram dados bastante interessantes. Por exemplo, nos EUA, no Reino Unido e na França, apenas cerca de metade das pessoas sabe como mudar o navegador padrão no desktop. Nos dispositivos móveis, a situação é ainda mais complicada, já que usar um app de terceiros para esse fim tem ainda menos estímulos — há relatos de usuários que instalaram o Firefox no computador, mas não no iPhone e no iPad.
Além disso, os dados demonstraram como usuários americanos e francesas parecem ser mais permissivos com relação à privacidade. Eles são os menos preocupados com relação à coleta de dados pessoais, bem como os que menos acreditam que deveria haver uma opção para desativar a captação desses dados.
A Mozilla, então, chamou atenção para a necessidade de órgãos reguladores expandirem as suas ações nos “cinco jardins murados” e nas demais empresas que adotam esse tipo de prática. Pontos como o fato de os sistemas operacionais nativos direcionarem os navegadores próprios e a falta de uma escolha real e mais explícita entre soluções nativas e de terceiros, para a companhia, devem ser modificados.
Vale lembrar que a publicação da desenvolvedora do Firefox é apenas uma gota no vasto oceano das discussões sobre monopólio e favorecimento de apps nativos em sistemas de grandes empresas. Já trouxemos por aqui um pouco desse infinito debate, que está sendo tratado por reguladores dos mais diversos países — e que ainda deverá gerar muitos entendimentos e reflexões até que se fixe algo mais certeiro.
via TudoCelular.com