Hoje mais cedo, descrevi aqui no site o meu desejo de ter um iPad de 128GB, agora que a Apple lançou um. Embora tenha exposto vários motivos para defender essa ideia, gostaria agora de analisar a coisa por outro ângulo.
A Apple também errou com a novidade de hoje.
Recentemente trouxemos aqui para o site uma discussão sobre a Apple estar possivelmente migrando para um ciclo de dois lançamentos anuais de seus produtos, o que incomoda muita gente — não a mim. O que ela fez hoje não foi atualizar produtos e sim incluir um novo modelo numa linha já existente, mas para muitos consumidores enxergar essa diferença é difícil. Portanto, o que parece é que a Apple lançou o iPad de quarta geração apenas sete meses depois do de terceira e, de novo, após meros três meses já “mexeu” no produto de novo. Quando o pessoal ainda fica lendo rumores sobre a quinta geração, alguns deles indicando uma possível chegada já em março/abril (o que, com o anúncio de hoje, eu acho profundamente improvável), não é à toa vermos alguns loucos da vida com a empresa.
Os benefícios de ter mais armazenamento disponível no iPad são óbvios e já comentei no artigo anterior, mas isso também é prejudicial em alguns aspectos. A sincronização de dados, por exemplo, deve levar mais tempo — imaginem, então, restaurar uma unidade por completo! Sem falar no iCloud, que inevitavelmente precisará de mais espaço para fazer o backup dos dados do usuário. Eu diria, inclusive, que donos de iPads de 128GB que forem de fato fazer uso intenso de toda essa capacidade praticamente serão “obrigados” a pagar US$100 anuais pelos 50GB de espaço adicional no serviço. Aliás, não seria agora a hora de a Apple aumentar esses espaços ou, da mesma forma, lançar mais um plano com 100GB?
Considerando que a Apple tinha certeza de que esta era a hora de liberar esse modelo de 128GB, ela tinha duas opções: 1. dobrar toda a capacidade da linha atual, mantendo os mesmos preços, ou 2. adicionar um novo modelo com um preço superior. A Apple optou pela segunda, o que deve irritar menos agradar os que compraram um outro modelo recentemente. Todavia, isso marca a primeira vez que a linha iPad chega ao patamar de US$800/930 (Wi-Fi/Wi-Fi + Cellular). Não deixa de ser um risco para a Apple, afinal, ela não sabe ao certo quantos consumidores estão dispostos a gastar tanto num tablet.
Mas talvez um dos problemas mais sérios que eu enxergo é quanto ao número exagerado de modelos de iPads agora disponíveis, ainda mais considerando que a Apple sempre se gabou de seguir uma linha contrária a essa. Considerando as quatro capacidades, duas cores (preta e branca) e versões com Wi-Fi e Wi-Fi + Cellular, são agora nada mais nada menos que 16 variações do iPad de quarta geração pro consumidor escolher. Se você adicionar aí o iPad mini e o iPad 2, chegamos a 32(!) no total. Quem é bem informado sobre tecnologia (basicamente todos vocês, leitores assíduos do MacMagazine) não terá problema em entender todos esses modelos e os benefícios que cada um proporciona, mas para o consumidor comum tamanha variedade pode gerar uma confusão desnecessária na hora da compra.
Por fim, pensando à frente, a Apple também “matou” hoje um dos possíveis argumentos de venda do iPad de quinta geração, que poderia ser justamente a adição desse modelo de 128GB. Neste caso o problema realmente não é nosso, então caberá a ela fazer um upgrade significativo quando for a hora. Mas, de novo, eu imagino que só veremos novidades nesse sentido a partir do segundo semestre deste ano.