O melhor pedaço da Maçã.

Tim Cook, Craig Federighi e Jony Ive são entrevistados pela Bloomberg Businessweek e falam sobre a Apple de hoje

Capa - Bloomberg Businessweek

Taí uma entrevista que não se vê todos os dias. A Bloomberg Businessweek conversou com Tim Cook (CEO da Apple), Craig Federighi (vice-presidente sênior de engenharia de softwares) e Jony Ive (vice-presidente sênior de design) pouco depois do último evento realizado pela empresa.

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Craig Federighi, Tim Cook e Jony Ive

Confira abaixo alguns destaques da conversa, selecionado por nós:

Ações e fabricantes de baixo custo

De um tempo para cá, as ações da Apple despencaram — depois de uma subida pra lá de animadora. Mas isso não é motivo de desespero ou preocupação para Cook: “Eu não me sinto eufórico quando [as ações] estão em alta e eu não corto meus pulsos quando elas estão em baixa. Eu já andei nessa montanha-russa muitas vezes para isso.”

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Já sobre a ascensão de fabricantes de aparelhos de baixo custo, Cook disse: “Isso aconteceu em todos os mercados que eu vi. Isso acontece em todos os [mercados] de eletrônicos de consumo, de câmeras a PCs, passando por tablets e telefones e até no velho mundo dos videocassetes e DVDs. Eu não consigo pensar em um único mercado de eletrônico de consumo que isso não tenha acontecido.”

Para o CEO da Apple, a indústria de dispositivos móveis pode ser dividida em duas: empresas que lutam por preço e outras que brigam na parte de cima. “Existe um segmento do mercado que realmente quer um produto que faz muito por eles, e eu quero competir como um louco por esses clientes. Eu não vou perder o sono por conta do outro mercado, pois não é o que somos. Felizmente, ambos os mercados são bem grandes e existem tantas pessoas que se importam e querem uma grande experiência com seu telefone ou tablet, que a Apple pode ter realmente um bom negócio.”

Colaboração

Depois das mudanças realizadas por Cook no fim do ano passado, ficou claro que colaboração interna se tornou uma das prioridades para o CEO. Não é à toa, por exemplo, que os escritórios de Ive e Federighi ficam a apenas minutos de distância.

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Essa colaboração não está ali apenas para fazer as pessoas se sentirem bem. É o que é necessário para que a Apple se aventure em um momento mais desafiador. Você não pode ter facções beligerantes internamente quando você também está sob ataque externo.

Falando sobre inovação, algo que muitos dizem ter terminado na Apple, Ive deixou claro o pensamento da empresa — sem mencionar a concorrência — de que, na Maçã, não existe essa visão oportunista de tentar pegar uma determinada tecnologia e adicionar ao produto apenas para entrar na lista de recursos inovadores. Federighi foi ainda mais direto: “Novo? Novo é fácil. Difícil é [fazer] o certo.”

Preço do iPhone 5c e market share

Muito se discutiu sobre o preço final (sem subsídio) do iPhone 5c antes de seu lançamento — nós mesmo fizemos dois posts [1, 2] focados nisso. Todos apostavam que a Apple viria com algum produto relativamente mais barato, para bater de frente com os muitos aparelhos equipados com Android os quais são vendidos por US$100-200. Era quase um consenso de que a Apple não conseguiria baixar o preço para essa faixa, mas alguns ainda tinham a esperança de ver o iPhone 5c custando por volta de US$300 (sem vínculo com operadoras).

Bem, não foi isso que aconteceu. O aparelho chegou custando, em sua versão mais básica (16GB), US$550, “apenas” US$100 a menos que o iPhone 5s (16GB). O problema, mais uma vez, foi deixar que a imaginação criasse uma verdade: a de que a Apple lançaria um “iPhone barato”.

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Cook deixou claro que a Apple não briga por preço e que fatia de mercado nunca foi medida de sucesso para a companhia. Mais importante do que dominar o mercado é saber como o cliente usa o aparelho em questão. “Nós nunca tivemos o objetivo de vender um telefone de baixo custo. Nosso principal objetivo é vender um ótimo telefone e proporcionar uma grande experiência, e descobrimos uma maneira de fazer isso a um custo menor. Eu acho que, hoje, é mais um mundo de dois sistemas operacionais do que era antes. Mas quando você olha para coisas como satisfação do cliente e uso, você vê a enorme diferença entre Android e iOS.”

Gráfico sobre o mercado móvel

Mesmo dominando quase 80% do mercado de smartphones e quase dois terços do mercado de tablets, aparelhos com Android representam apenas 28% do tráfego móvel na internet, enquanto o iOS chega a 55%.

Cook também chamou atenção à fragmentação do Android. E não, ele não se referiu ao fato de aparelhos terem diversos tamanhos e formatos diferentes, e sim ao fato de que esses usuários rodam dispositivos com as mais diversas versões do sistema operacional móvel do Google. A gigante de buscas afirma que 45% dos usuários estão rodando a última versão do Android (“Jelly Bean”), mas 31% anda usam o “Gingerbread” (que foi lançado no fim de 2010) e outros 22%, o “Ice Cream Sandwich” (liberado em outubro de 2011). Já no iOS, até o lançamento da sétima versão do sistema, 93% da base estava utilizando a sexta versão — hoje, um dia após o lançamento do iOS 7, mais de 13% dos usuários já fizeram a atualização.

Essa fragmentação, segundo Cook, é prejudicial para desenvolvedores (desenvolvimento de apps) e usuários, que ficam sem acesso a certos apps, têm problemas de segurança (já que não podem atualizar para a versão mais nova), etc.

Muitos comparam a atual guerra iOS vs. Android com a antiga enfrentada pela empresa, contra a Microsoft (OS X vs. Windows). Há várias semelhanças mesmo, só que, mais uma vez, a métrica mais utilizada aqui é fatia de mercado, o que para a Apple não representa tanta coisa — veja no gráfico acima que o iPhone, mesmo com todo o sucesso, nunca chegou ao primeiro lugar de aparelhos mais vendidos e o iOS também nunca foi o sistema com a maior fatia de mercado.

Sabiamente, Cook disse: “Todo mundo está tentando adotar a estratégia [vertical] da Apple. Nós não estamos procurando validação externa para a nossa estratégia, mas eu acho que ela sugere que há, sim, cópia de estratégia e que as pessoas reconhecem essa importância.” Tanto Google quanto Microsoft estão cada vez mais “parecidas” com a Apple — enquanto o Google comprou a Motorola para ter uma fabricante de hardware debaixo de suas asas, a Microsoft hoje fabrica o Xbox, o tablet Surface e recentemente adquiriu a divisão de aparelhos da Nokia.

Inovação

Cook lembrou os tempos de ouro da Nokia, afirmando que, neste mercado (de tecnologia), ou você inova ou morre. Hoje, com toda essa dúvida rondando a capacidade de inovação da Apple, qualquer coisa que a empresa apresente que não seja “Uau!!” já começam a questionar o futuro da Maçã — o próprio mercado financeiro faz isso, quando a apresentação de um novo produto não “atente às expectativas”.

Se eu estou feliz com isso? Não, não estou. Você precisa pensar: será que estou fazendo a coisa certa? E é nisso que eu foco, em vez de deixar outra pessoa ou coisas como o mercado definirem como eu devo me sentir.

Tim Cook, CEO da Apple.

·   ·   ·

Não deixe de ler a entrevista completa no site da Bloomberg Businessweek.

Numa nota relacionada, o USA TODAY também entrevistou Ive e Federighi. Muita coisa “é mais do mesmo”, mas um trecho me chamou atenção e confirma algo que já sabíamos, veja só:

Quando nos sentamos em novembro passado [para trabalhar no iOS 7], entendemos que as pessoas já se sentiam confortáveis ​​com toques no vidro [interfaces multitoque], que não precisavam mais de botões físicos, eles entenderam os benefícios. Então, houve uma liberdade incrível em não ter que fazer referências tão literais ao mundo físico. Nós estávamos tentando criar um ambiente que fosse menos específico.

Jony Ive, chefão de design da Apple.

E assim nasceu um novo sistema.

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