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Caso Epic: Apple detalha processo de análise da App Store

Confira tudo o que rolou no quinto dia de julgamento da batalha judicial do ano

E cá estamos nós com mais um resumão do que aconteceu hoje na disputa judicial entre a Apple e a Epic Games!

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O julgamento, como vocês sabem, já está no seu quinto dia e ainda sem qualquer previsão de término — a estimativa é que ainda tenhamos mais uma ou duas semanas, pelo menos, antes de qualquer decisão.

Vamos, portanto, dar uma olhada em tudo de interessante que se passou lá na Califórnia hoje.

Apple abre análise da App Store

Por mais que a Apple tenha um documento completo de diretrizes da App Store e constantemente fale sobre a loja, o processo em si de análise e aprovação (ou rejeição) dos aplicativos é envolto em mistério. Pois agora, por conta da batalha judicial, a Maçã resolveu teve que compartilhar alguns detalhes sobre ele.

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As informações foram reveladas por Trystan Kosmynka, um dos diretores da Apple responsáveis pela App Store, em testemunho perante à corte e documentos produzidos pela equipe de advogados da Maçã. De acordo com Kosmynka, cerca de 5 milhões de aplicativos e updates são enviados para aprovação todos os anos, e a taxa de rejeição é ligeiramente inferior a 40%.

Em 2019, por exemplo, foram enviados 4.808.685 aplicativos e updates para análise; segundo ele, 36% deles — ou 1.747.278 — foram rejeitados. Desses, cerca de 215.000 não foram aprovados por conta de algum tipo de infração às diretrizes de privacidade da App Store.

O diretor falou ainda sobre como ocorre esse processo de análise. A primeira etapa não envolve seres humanos: cada aplicativo ou update passa por uma ferramenta de teste, denominada Mercury, que roda análises estáticas (tamanho, compras internas, palavras-chave, descrições, etc.) e dinâmicas (uso de bateria, acesso ao dispositivo/câmera/microfone, etc.) nos códigos enviados para checar possíveis abusos, infrações, mal-funcionamentos ou códigos ocultos/maliciosos.

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O processo também detecta se o aplicativo é idêntico (ou muito parecido) com outros já existentes na App Store, para evitar cópias e golpes. Outros processos semelhantes são chamados de Magellan e Columbus, mas não há mais detalhes sobre a natureza deles — é de se crer, entretanto, que eles estejam ligados à aquisição da SourceDNA, realizada em 2016 mas exposta somente nesta semana.

Os aspectos internos de análise e testagem de apps — muito fascinante! Pelo visto, eles criam uma pontuação de confiança do seu app com base numa lista de critérios binários e de metadados, e a partir daí eles analisam o que mudou entre versões.

Os avaliadores pegam os envios [de novos apps/updates] conforme eles chegam, e são notificados de quais elementos foram modificados desde a última versão aprovada.

Caso o aplicativo “passe” no teste do Mercury, ele vai para a análise humana — segundo Kosmynka, a Apple tem hoje mais de 500 pessoas dedicadas ao processo, analisando cerca de 100 mil aplicativos por semana no total. O diretor compartilhou uma imagem com a estação de trabalho padrão de um analisador — a mesa contém vários dispositivos Apple, entre iPhones, iPads e Macs, para que o avaliador possa fazer seu trabalho. A avaliação pode levar desde menos de um minuto até algumas horas, segundo ele.

Kosmynka afirmou, por fim, o que ocorre caso um aplicativo seja rejeitado: o desenvolvedor pode reenviar o pacote corrigindo as falhas apontadas ou, caso prefira, recorrer da decisão para que a Apple faça uma nova análise. Segundo o diretor, entretanto, menos de 1% dos desenvolvedores recorrem das rejeições.

Mais detalhes sobre o XcodeGhost

O quinto dia de julgamento trouxe ainda detalhes inéditos sobre o escândalo do XcodeGhost, que infectou uma série de aplicativos aprovados e distribuídos legitimamente na App Store em 2015.

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De acordo com documentos entregues à corte e vistos pela Motherboard, cerca de 128 milhões de usuários baixaram aplicativos infectados durante o ataque — 18 milhões deles nos Estados Unidos. Mais de 2.500 apps foram afetados, incluindo alguns de alta popularidade (especialmente na China), como o WeChat, o Didi Taxi e o NetEase.

Os documentos também trazem algumas correspondências entre executivos da Apple para estimar o tamanho do problema e as medidas de contenção. Matt Fischer, vice-presidente da Maçã responsável pela App Store, escreveu o seguinte:

Considerando o grande número de usuários potencialmente afetados, nós queremos mandar um email para cada um deles? Lembrem-se de que isso vai trazer alguns desafios em termos de conformação de idiomas do email, uma vez que os downloads dos apps aconteceram em várias App Stores ao redor do mundo.

No fim das contas, não sabemos se a Apple não chegou a notificar cada potencial vítima individualmente, mas em nota à Motherboard, a empresa afirmou que “manteve os usuários informados”. Vale notar, também, que as pesquisas da Maçã indicaram que o ataque não conseguiu obter dados sensíveis de usuários nem ser explorado de forma prejudicial.

Apple quer invalidar testemunho da Microsoft

Anteontem, falamos aqui sobre os atritos entre a Apple e a Microsoft na chegada do xCloud (ou Xbox Cloud Gaming, como queira) ao iOS, revelados em correspondências entre as duas empresas e no testemunho de Lori Wright, chefe de negócios da divisão do Xbox. Pois a Maçã, agora, quer invalidar o depoimento de Wright.

Microsoft xCloud, plataforma de streaming de jogos

Como informou Tom Warren, do The Verge, a equipe jurídica de Cupertino apontou algumas irregularidades no depoimento da executiva, como o fato de que alguns documentos apresentados por ela não foram produzidos com antecedência (e surgiram na corte sem o conhecimento da Maçã, portanto).

Wright, que foi convocada como testemunha especialista pela equipe de advogados da Epic, afirmou — entre outras coisas — que a Microsoft vende os consoles Xbox a preço de custo, lucrando somente com o licenciamento e a venda de jogos. Segundo a equipe da Apple, entretanto, nenhum documento entregue pela executiva sustenta essas afirmações.

Os advogados da Maçã pedem, agora, que o testemunho de Wright seja desconsiderado, uma vez que — nos parâmetros pré-estabelecidos entre a corte, a Apple e a Epic — a participação da executiva como testemunha sequer deveria ter sido aceita. Veremos, portanto, no que tudo isso vai dar.

Apple “venceu” primeira semana?

Para encerrar esta primeira semana de julgamento, parece que a Apple está numa posição ligeiramente mais favorável perante a corte — ao menos foi o que sugeriu Mark Gurman, em matéria para a Bloomberg:

Essa semana, me parece que a Epic não conseguiu provar que o uso obrigatório do sistema de pagamentos da Apple constitui um abuso de poder monopolista. A empresa tampouco conseguiu mostrar que a Apple tem um comportamento anticompetitivo sério. As testemunhas do lado da Epic não parecem ter movido a agulha [para o lado da desenvolvedora]. Um representante da Apple afirmou que a Apple está gastando seu tempo na corte com questões irrelevantes e continua a convocar testemunhas que somente reforçam a versão da Apple.

De acordo com Gurman, entretanto, mesmo uma eventual derrota da Epic poderá trazer impactos para a Apple, os usuários e o mundo dos aplicativos digitais. Segundo ele, a Maçã poderá mudar um pouco seu modus operandi na App Store para reconstruir uma relação amigável com desenvolvedores e, com isso, evitar possíveis processos futuros.

Entre as possíveis mudanças ventiladas por Gurman, a empresa poderia, por exemplo, alterar (mais uma vez) sua política quanto a serviços de jogos hospedados dentro da App Store, especialmente aqueles que transmitem títulos via streaming.

Outras medidas seriam expandir o Programa de Pequenos Negócios da App Store, para que mais desenvolvedores tornem-se elegíveis à taxa reduzida de 15%, e talvez até mesmo “fazer as pazes” com a Epic, permitindo que a desenvolvedora anuncie um site para as compras internas em Fortnite — assim, usuários poderiam escolher o “caminho mais difícil”, de sair do jogo para fazer a compra dos itens, ou continuar comprando-os dentro do aplicativo, onde a taxa ainda seria repassada à Maçã.

Será?

via iDownloadBlog, MacRumors, 9to5Mac, iMore

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