A situação do povo uigure no noroeste da China torna-se cada vez mais hedionda conforme as acusações de trabalho forçado, campos de reeducação, estupros, esterilização e genocídio vão se amontoando. E a Apple, mais uma vez, está sendo acusada de colaborar com este cenário de horror.
Uma reportagem do The Information mostrou que a Maçã ainda mantém, na App Store, alguns aplicativos criados e utilizados por grupos paramilitares chineses da Xinjiang Production and Construction Corps (XPCC), empresa encarregada pelo governo chinês de administrar a região — e que já foi acusada repetidamente de abusos, violência e genocídio por organizações de direitos humanos ao redor do mundo.
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Os aplicativos em questão estão numa lista de softwares proibidos publicada pelo governo dos Estados Unidos, e fazer negócios com a XPCC também poderia render problemas com a Apple — o Departamento do Tesouro dos EUA, afinal de contas, proíbe empresas do país de fazer negócios com companhias estrangeiras acusadas de violação aos direitos humanos e espionagem.
Ao The Information, entretanto, a Apple afirmou que analisou todos os apps listados e concluiu que todos eles estão em concordância com a lei americana. O Departamento do Tesouro, por sua vez, não se pronunciou.
Facebook combatendo apps
Enquanto a Apple tenta salvaguardar o seu lado, o Facebook anunciou ações justamente para combater crackers que utilizam seus serviços para facilitar a invasão de dispositivos e a espionagem do povo uigure.
Segundo a empresa, os crackers — pertencentes a um grupo conhecido como Earth Empulsa ou Evil Eye — têm utilizado técnicas de engenharia social para entrar em contato com membros da comunidade uigure (especialmente do movimento rebelde separatista) por meio do Facebook.
Ao ceder algumas informações, os usuários visados podem ter seus dispositivos infectados por vulnerabilidades já existentes; no caso dos iPhones, a falha em questão é a Insomnia, já explorada há alguns anos. O grupo de invasores estaria trabalhando para o governo da China para controlar e combater os movimentos separatistas uigures, segundo o Facebook.
Mike Dvilyanski, chefe de investigações de ciberespionagem do Facebook, afirmou que a rede social está trabalhando para coibir esse tipo de ataque e continuará monitorando a atividade na província de Xinjiang para garantir a segurança do povo uigure.
via AppleInsider