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Tim Cook nega espionagem chinesa e pede retratação da Bloomberg

Capa da Bloomberg Businessweek sobre possível espionagem da China
Capa da Bloomberg Businessweek sobre possível espionagem da China

Você certamente já está a par da reportagem da Bloomberg sobre o suposto microchip implantado por uma empresa chinesa em data centers da Apple, Amazon e cerca de 30 outras empresas americanas, que teria o propósito de fornecer a Pequim uma forma de espionar as companhias tecnológicas dos EUA. A história causou impacto profundo não só no meio da informática, engajando também setores da política e das relações internacionais, e acabou indo parar no Senado dos Estados Unidos.

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Agora, Tim Cook em pessoa veio a público para se pronunciar sobre o caso e negar veementemente qualquer possibilidade de a Apple ter sido espionada pelo governo chinês. O CEO da Maçã pediu, inclusive, que a Bloomberg se retrate pela reportagem — o que, aliás, é uma atitude sem precedentes na empresa: a Apple nunca requisitou (publicamente, ao menos) a um veículo jornalístico que se retratasse por uma matéria sobre ela, mesmo com as histórias mais negativas.

Em entrevista ao BuzzFeed News, Cook afirmou:

Não há qualquer verdade na reportagem deles sobre a Apple. Eles precisam fazer a coisa certa e publicar uma retratação.

O CEO disse que esteve envolvido na resposta da Apple acerca da história desde o início e inclusive esteve em contato com os repórteres da Bloomberg junto de Bruce Sewell, então diretor jurídico da empresa, investigando todas as informações trazidas pela equipe do veículo e respondendo todas as questões levantadas por eles. “Toda vez que eles vinham até nós, a história mudava, e toda vez nós investigávamos e não encontrávamos nada”, disse Cook, que complementou:

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Nós viramos a empresa de cabeça para baixo. Buscas de emails, registros dos data centers, do departamento financeiro, dos despachos. Nós realmente aplicamos ciência forense ao vasculhar a companhia inteira para cavar bem fundo e todas as vezes nós chegamos à mesma conclusão: isso não aconteceu. Não há nenhuma verdade nisso.

Cook lamentou que a reportagem tenha sido publicada sem evidências que sustentem as informações e que a Bloomberg nunca tenha sequer mostrado à Apple detalhes específicos sobre os chips maliciosos que supostamente teriam sido usados para espionar a empresa. Sobre a possibilidade de toda a história publicada pelo grupo ter acontecido sem o seu conhecimento, o CEO foi categórico: “virtualmente zero”.

Data Center da Apple em Mesa, Arizona, EUA
Gerente caminha por data center da Apple em Mesa, Arizona

Uma empresa que validou os comentários de Cook foi a Kaspersky Lab, a russa especializada em cibersegurança e fabricante dos famosos softwares de antivírus. Há alguns dias, ela publicou um comunicado questionando a validade da reportagem da Bloomberg, trazendo à tona a perda de valor de mercado da Super Micro (a fabricante dos supostos chips de espionagem) e citando as “negações veementes da Apple e da Amazon”; no fim das contas, os russos disseram que as alegações devem ser vistas “com um pé atrás”.

A Bloomberg, por sua vez, manteve pé firme sobre a sua posição. Em comunicado ao BuzzFeed News, o grupo afirmou:

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A reportagem da Bloomberg Businessweek é o resultado de mais de um ano de investigação, durante o qual nós conduzimos mais de 100 entrevistas. 17 fontes individuais, incluindo oficiais do governo e pessoas dentro das empresas, confirmaram a manipulação de hardware e outros elementos dos ataques. Nós também publicamos 3 declarações completas de empresas, bem como um comunicado do Ministério de Relações Exteriores da China. Nós mantemos nossa posição e confiamos nos nossos repórteres e fontes.

Com isso, cria-se um enorme impasse entre as empresas americanas (incluindo a Apple), o governo dos EUA, a China e a Bloomberg — que, para o bem e para o mal, é um dos grupos jornalísticos mais respeitados dos Estados Unidos, com fontes de altíssimo escalão nas mais diferentes esferas de governos e empresas do mundo. O fato é que, se provada verdadeira, a reportagem terá consequências deveras drásticas para todos os envolvidos e para a própria relação entre EUA e China, que já não está nos seus melhores momentos.

Por ora, outras empresas estão tirando o corpo da situação. A Bloomberg citou apenas a Apple e a Amazon entre as 30 companhias supostamente espionadas, mas o BuzzFeed News entrou em contato com o executivo de uma outra empresa (não nomeada, porém que faz parte da lista Fortune 50) que pode estar no grupo e obteve a seguinte resposta:

Por favor nos deixe fora disso. Nós não fomos citados e eu não quero que sejamos. Eu não sei que merda está acontecendo aqui.

Ou seja… sim, a polêmica é enorme. E, para ser resolvida, só há uma possibilidade: que a Bloomberg abra seus arquivos e divulgue suas fontes, o que representa uma prática que vai contra a ética jornalística — mesmo que ela seja judicialmente obrigada a isso. Muita água ainda há de rolar embaixo dessa ponte, então vamos ficar atentos aos próximos capítulos dessa história.

via AppleInsider

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