A questão da resistência a água dos iPhones é bastante delicada, em especial em casos que geram problemas. Não são incomuns processos judiciais contra a Apple envolvendo o tema, como uma ação coletiva e um episódio no estado de Nova York (Estados Unidos). Esses contenciosos não costumam prosperar para o lado dos clientes, mas uma juíza de Cuiabá (Mato Grosso) aparenta ter mudado a maré.
De acordo com o FolhaMax, a Maçã negou-se a realizar reparo em um iPhone XR, que, segundo o dono, apresentava “defeitos graves”, causados por respingos de água. Embora ainda estivesse na garantia — e seja garantida resistência a líquidos —, a assistência técnica autorizada recomendou que o consumidor adquirisse um novo aparelho, já que não estariam cobertos danos causados pelo contato com água, bem como que não seria possível consertar os problemas encontrados na tela do iPhone.
O dispositivo foi comprado em junho de 2019, diretamente do site da Apple, e os fatos se deram em março de 2020. Diante do ocorrido, a juíza Edna Ederli Coutinho, da 8ª Vara Cível de Cuiabá, decidiu que a Apple deve indenizar o consumidor no valor de R$9,6 mil por danos morais e materiais. Sob o valor, incide correção monetária e de juros — e ainda cabe recurso.
Segundo a magistrada, as especificações técnicas do iPhone XR confirmam que ele é “à prova d’água”. Os dados, reproduzidos nos canais de comunicação da Apple, “não deixam dúvidas e fazem o consumidor se convencer de que o aparelho iPhone XR possui resistência de funcionalidade mesmo quando submergido em líquido numa profundidade máxima de 2 metros e pelo limite de tempo de 30 minutos”, disse a sentença.
O site da Apple diz o seguinte sobre resistência à água:
O iPhone 7, iPhone 7 Plus, iPhone 8, iPhone 8 Plus, iPhone X, iPhone XS, iPhone XS Max, iPhone XR, iPhone SE, iPhone 11 Pro, iPhone 11 Pro Max e iPhone 11 são resistentes a respingos, água e poeira e foram testados em condições controladas em laboratório; o iPhone 11 Pro e o iPhone 11 Pro Max foram classificados como IP68 segundo a norma IEC 60529 (profundidade máxima de quatro metros por até 30 minutos); o iPhone XS, iPhone XS Max e iPhone 11 foram classificados como IP68 segundo a norma IEC 60529 (profundidade máxima de dois metros por até 30 minutos); e o iPhone 7, iPhone 7 Plus, iPhone 8, iPhone 8 Plus, iPhone X, iPhone XR e iPhone SE foram classificados como IP67 segundo a norma IEC 60529 (profundidade máxima de um metro por até 30 minutos). A resistência a respingos, água e poeira não é uma condição permanente e pode diminuir com o tempo. Não tente recarregar um iPhone molhado. Veja instruções no Manual do Usuário para limpeza e secagem. Danos decorrentes de contato com líquidos não estão incluídos na garantia.
Algo também interessante é que a Apple destaca em seu termo de garantia que, “na media permitida por lei, esta garantia e as condições ora previstas são exclusivas e substituem todas as demais garantias, reparações e condições, sejam verbais, escritas, legais, expressas ou implícitas”.
Ou seja, a empresa toma todas as precauções para que o consumidor não possa dizer que não sabia das condições colocadas antes da compra do produto. O problema é que a mesma companhia usa a resistência à água como destaque para vender os iPhones (e Apple Watches), mas parece não querer garantir o recurso que anuncia.
Aqui no MacMagazine, já fizemos um texto bastante detalhado dedicado a esse conflito entre as condições da Apple e a lei brasileira. Se observarmos o termo de garantia da empresa, a situação fica complicada, tendo em vista que não há nada na legislação brasileira especificamente sobre resistência à água de eletrônicos, ficando a critério do Poder Judiciário produzir jurisprudência sobre o tema.
Ironicamente, a Apple divulgou há pouco tempo um comercial em que destaca a resistência do iPhone 13. 😅
Bom, cuidado quando seu iPhone estiver perto da água!
iPhones 13 Pro e 13 Pro Max
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via TudoCelular
