A iFixit, como faz com praticamente todos os produtos da Apple que são lançados, desmontou o Apple Watch Ultra para nos mostrar o que temos nas entranhas do mais novo smartwatch da empresa. Um spoiler: ele é bem mais difícil de ser desmontado.
Começando pela parte traseira, a caixa — pela primeira vez em um Apple Watch — conta com parafusos. Isso teoricamente poderia facilitar o processo de reparo e desmontagem, mas a tela do aparelho é o principal vilão neste sentido.
Há uma espécie de junta de vedação logo abaixo dela que, de acordo com a iFixit, funciona como uma espécie de cola. Quando a caixa traseira é removida, a junta é destruída, o que tira uma das principais características do relógio: a resistência à água.
A vedação, para quem não sabe, segue um padrão reconhecido internacionalmente para equipamentos aquáticos, o EN13319
, e é crucial para que essa proteção tão importante para o dispositivo focado em atletas permaneça intacta.
Dessa forma, caso você tenha algum problema com o seu Apple Watch Ultra, com certeza não é uma boa ideia o desmontar em casa, visto que apenas assistências autorizadas da Maçã contam com os equipamentos e com o conhecimento necessário para realizar esse trabalho.
Outro detalhe é que as bordas levantadas, que teoricamente protegeriam a tela do Apple Watch Ultra contra impactos, só são úteis quando falamos em impactos laterais, com sério risco de quebrar o display caso haja algum tipo de colisão frontal — ou não.
Por fim, o teardown confirmou algumas coisas que já sabíamos, como a bateria de 542mAh, bem como mostrou um alto-falante significativamente maior que o de qualquer outro Apple Watch, entre outros detalhes.
Atualização, por priscila klopper27/09/2022 às 13:15
Após ter liberado seu vídeo de teardown, a iFixit também publicou hoje sua resenha completa sobre a desmontagem do Apple Watch Ultra — e, como sempre acontece, a empresa nos presenteou com belas imagens das entranhas do vestível.
Diferentemente dos outros teardowns realizados, o Watch Ultra não recebeu uma nota de reparabilidade. Entretanto, as diferenças entre ele e os outros relógios da Maçã permitiu ganhos de um lado, mas não de outros. Ainda assim, a empresa espera que a Apple continue o que iniciou com o Ultra e aprimore a reparabilidade para os próximos anos.
Como já contamos acima, a publicação destacou o quão reparável ele é apenas por ter parafusos na traseira, já que isso facilita para os técnicos e a cerâmica pode ser trocada sem grandes problemas. Entretanto, diferentemente dos iPhones, não é possível acessar a bateria por trás para trocá-la.
E aí está o grande problema: ao tentar retirar a tela para acessar a bateria, ela foi danificada, o que já joga por terra todo o conceito de reparabilidade. Por essa questão, a iFixit acredita que, mesmo que o usuário leve o relógio para trocar a bateria na loja, o processo não poderá ser feito no mesmo dia (ou sequer na loja), sendo necessário alguns dias até que o dispositivo volte pro dono.
Na montanha-russa de reparabilidade, porém, a empresa elogiou a maneira com que a Apple deixou a bateria, envolta em um metal preso por parafusos — sem nenhum adesivo, o que certamente auxilia o trabalho de um técnico.
Em termos de preço, apenas a troca de bateria está custando US$100; já o que a Maçã chama de “outros danos” custa US$500 — ou US$80 com AppleCare+. O valor exorbitante deve incluir sensores e a tela OLED1Organic light-emitting diode, ou diodo emissor de luz orgânico..
Como curiosidade, eles também apontaram as múltiplas antenas na própria tela e no corpo do Watch, assim como os alto-falantes divididos — talvez com propósitos diferentes, um para a Sirene e o outro para as demais funções.
Por fim, eles esperam que, talvez no futuro, o Watch Ultra possa ser mais como o iPhone 14, que pode ser aberto tanto pela traseira quanto pela tela — deixando toda a estrutura no corpo —, facilitando bastante reparos.
Notas de rodapé
- 1Organic light-emitting diode, ou diodo emissor de luz orgânico.