Novos protestos eclodiram na maior fábrica da Foxconn em Zhengzhou, no centro da China — também conhecida como “cidade do iPhone”. Segundo informações da Bloomberg, os atos começaram depois que os trabalhadores, que estão sob um restrito lockdown (como parte da política chinesa contra a COVID-19) há semanas, souberam que os pagamentos de bônus seriam adiados.
Imagens circulando nas mídias sociais mostram trabalhadores em confronto direto com a polícia e com os seguranças da fábrica — a qual abriga cerca de 200 mil trabalhadores responsáveis pela grande maioria de toda a produção dos smartphones da Maçã.
Ainda de acordo com a reportagem, os protestos começaram na noite de ontem (22/11), perto das acomodações dos funcionários. Como informamos, os rígidos controles da Foxconn isolaram seus empregados, forçando-os a viver e trabalhar no local (com alimentos e suprimentos limitados) para evitar novos surtos. Desde outubro, muitos trabalhadores escaparam das instalações bloqueadas, levando a Foxconn a prometer incentivos como salários mais altos e bônus para reter a mão de obra.
Outros vídeos mostram centenas de trabalhadores protestando no campus, gritando “nos deem nosso pagamento”, cercados por policiais e pessoas em trajes de proteção. Também é possível ver o momento em que os protestos aumentam, com trabalhadores confrontando policiais.
Alguns trabalhadores disseram que também estavam protestando contra a escassez de alimentos e o fato de abrigar novos funcionários comprovadamente infectados pela COVID-19, além dos pagamentos atrasados.
Eles mudaram o contrato para que não conseguíssemos o subsídio como haviam prometido. Eles nos colocam em quarentena, mas não fornecem comida. Se eles não atenderem às nossas necessidades, continuaremos lutando.
De acordo com a correspondente da AFP, Laurie Chen, a Foxconn reconheceu que os trabalhadores reclamaram de salários e das condições na fábrica, mas negou que estaria abrigando pessoas positivadas para COVID-19. Eles afirmaram, ainda, que “continuarão a se comunicar com os funcionários e o governo para evitar que incidentes semelhantes aconteçam novamente”.
Chen também divulgou outro vídeo, possivelmente gravado já na manhã de hoje, o qual mostra a destruição nos arredores da fábrica — incluindo cabines de teste de COVID-19 destruídas, um veículo virado e grades de metal derrubadas.
A video of the aftermath taken near Foxconn staff quarters, provided to AFP by a former worker, shows smashed Covid testing booths, what looks like an upturned police vehicle and metal railings. pic.twitter.com/yeTCggFPK5
— Laurie Chen (@lauriechenwords) November 23, 2022
A situação também está sendo censurada por diversas plataformas chinesas, incluindo uma das maiores redes sociais do país, o Weibo, no qual vídeos e publicações sobre o protesto já foram removidos.
Vamos continuar acompanhando os desdobramentos desse caso.