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Histórias de bastidores: diferença de cultura e por que Steve Jobs queria ser CEO

Bloomberg Businessweek Design 2013

Sempre que algum ex-empregado da Apple participa de alguma entrevista, conferência ou algo parecido, a empresa acaba virando assunto, não tem jeito. Tony Fadell, ex-vice-presidente da divisão iPod, esteve no evento Bloomberg Businessweek Design 2013 e falou um pouco da diferença entre culturas de empresas como Philips e Apple.

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Bloomberg Businessweek Design 2013

O agora CEO da Nest disse que, do ponto de vista do design, é muito fácil perceber a diferença entre essas empresas. Em conglomerados totalmente focados e orientados pelo dinheiro, pelo lucro, a grande maioria dos projetos/produtos que os designers trabalham são cancelados. “Nove em cada dez vezes, ou noventa e nove vezes de cem, eles matam o projeto, seja no início, no meio ou pouco antes de o produto ser lançado.”

Para ele, essa não é a melhor forma de um designer trabalhar, pois é complicado dar o seu melhor com esse tipo de cenário.

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Já na Apple, 99% dos projetos que têm um desenvolvimento um pouco mais duradouro se tornam realidade. Segundo Fadell, todos os envolvidos (designers, departamento comercial, etc.) têm seu ponto de vista, uma história para contar sobre o produto, um cliente específico previsto, entre outras coisas. Se por um acaso algum chefão sair da empresa, nada muda. Todos estão no mesmo barco, na mesma página. Tal cenário é muito mais propício não só para designers, mas para qualquer pessoa de qualquer área, afinal, sabendo que o seu produto tem uma enorme chance de ser lançado, você automaticamente dá sempre o seu melhor.

Vale lembrar que, mesmo com todo esse foco, nem sempre a Apple acerta — basta lembrar do Power Mac G4 Cube e do USB Mouse.

Ícone antigo do iMovie

Outra história bacana é a de Glenn Reid, o qual queria respirar novos ares de deixou a Adobe para trabalhar na NeXT (empresa que Jobs fundou em 1985 logo depois de deixar a Apple). A experiência não durou muito e ele saiu da empresa, mas, depois, quando a NeXT foi adquirida pela Apple e Jobs retornou como [i]CEO, Reid foi recrutado para desenvolver a primeira versão do iMovie (software de edição de vídeos da suíte iLife).

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Como tudo na Apple, o desenvolvimento do iMovie 1.0 foi algo que aconteceu escondido de outros empregados — apenas 5-10 pessoas sabiam do projeto. Reid conta que o ex-CEO da Maçã adorava rabiscar um quadro branco e que todos os projetos na empresa eram desenvolvidos assim, com bastante interação. Depois do iMovie veio o iPhoto e outros “iApps”. Para o desenvolvimento deles, Reid se encontrava com Jobs uma vez por semana/três horas por dia — o que é bastante para um CEO dedicar ao desenvolvimento de um app, se pararmos para pensar.

Mas por que Jobs “perdia” tanto tempo com o desenvolvimento e apps? Estamos falando apenas de iMovie, iPhoto e companhia — Jobs com certeza dedicava muitas outras horas ao OS X, Final Cut, etc. Simplesmente porque ele amava isso.

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Ele me disse uma vez que parte da razão de ele querer ser CEO foi para que ninguém pudesse dizer a ele que não estaria autorizado a participar no desenvolvimento do design de produto. Ele estava no meio de tudo. Não como um CEO, mas como um membro da equipe. Ele deixou o seu chapéu de CEO na porta e colaborou com a gente. Ele era basicamente o gerente de produto para todos os produtos nos quais eu trabalhei, mesmo que haja, eventualmente, outras pessoas com esse título, que geralmente não eram permitidos [de entrar] na sala. 🙂

E corroborando o que Fadell falou, Reid disse o trabalho era duro, bastante interativo. Todos davam seu melhor, melhorando cada vez mais o produto — que, diferentemente de outras empresas, eram lançados.

Reid termina seu texto dizendo:

Isso é o que eu mais me lembro sobre Steve, que ele simplesmente adorava design e lançar produtos. Mais uma vez, e de novo, e de novo. Nenhuma das magias que se tornou a Apple teriam acontecido se ele fosse simplesmente um CEO. A receita mágica de Steve é que ele era um designer de produto em sua essência, que foi inteligente o suficiente para saber que a melhor forma de projetar produtos era ter a varinha mágica de CEO em uma de suas mãos.

Do iMovie ao iPhone, Jobs sempre quis desenvolver seus produtos sem a interferência alheia — com uma espécie de carta branca nas mãos. E conseguiu.

[dica do Raphael Calintro, via GigaOM e Daring Fireball]

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