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Existe um mercado para o Mac Pro?

Novo Mac Pro e Apple Pro Display XDR
Autor(a) convidado(a)

Henrique Felix

Formado em Comunicação Social pelo UNASP-EC, trabalhou no mercado publicitário e audiovisual por dez anos e atualmente trabalha com coordenação de comunicação institucional em Newcastle (Austrália). Apaixonado pelo mercado tecnológico, está sempre dando consultoria gratuita de tecnologia para os amigos. É pai de cinco HomePods, iPhone, MacBook e um incontável número de gadgets.

Quando comecei a entrar no meio audiovisual, a máquina mais desejada por todos era um Power Mac G5. Uma máquina robusta e, acima de tudo, expansível.

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Com a mudança dos chips IBM (PowerPC) para Intel (Xeon), essa expansibilidade aumentou ainda mais por conta da compatibilidade com os padrões da indústria da época. Placas de captura, disco rígidos mais rápidos e maiores, mais memória e outras infinitas possibilidades tornavam tanto o Power Mac G5 quanto o Mac Pro de primeira geração máquinas referências até em Hollywood — nenhum PC era tão rápido quanto aquelas máquinas!

Se você trabalha no meio ou é um fã de longa data da Apple, vai lembrar que a própria Pixar, talvez por influência de Steve Jobs em ambos os lados (afinal, ele tinha ligação com as duas empresas), tinha uma “fazenda” de Macs Pro pra renderizar as suas animações — e que, se o processo fosse feito em PCs, isso levaria mais que o dobro do tempo, que já era em torno de semanas para renderizar algumas cenas do filme.

Acredite se quiser, mas até hoje vários dos diretores de corte (vulgos editores de vídeo) usam essas máquinas com o Final Cut Pro 7, 6 e até 5. A explicação é bem simples: em time que está ganhando, não se mexe. Se aquela máquina funciona perfeitamente, com os atalhos, plugins e periféricos, o software não é atualizado e nem o sistema operacional é atualizado para que a compatibilidade não seja perdida e o editor possa fazer o seu trabalho sem nenhuma dor de cabeça durante o processo.

Ícones - Final Cut Pro X e Final Cut Pro 7

Mas, então, você deve estar se perguntado como essas máquinas de mais de uma década aguentam o processamento de efeitos especiais (como os dos filmes da Marvel) ou como elas rodam codecs de câmeras mais recentes? Isso daria até um outro artigo mas, de forma resumida, essas máquinas apenas editam as timelines das imagens finalizadas e convertidas para o formato específico daquele editor. Todo os outros processos podem ser feitos em outras máquinas mais potentes e atuais.

Mas voltando à cronologia dos fatos, depois de nove anos entre o PowerPC e o Mac Pro de primeira geração, em 2013 Phil Schiller (na época, vice-presidente sênior de marketing mundial da Maçã) apresentou ao mundo a segunda geração do Mac Pro, que receberia o apelido “carinhoso” de lixeirinha por vários motivos.

A ideia parecia interessante, já que estávamos numa época em que tudo diminuía de tamanho — e colocar uma máquina profissional robusta em pouco menos de cinco quilos parecia algo interessante. Na prática, tudo era soldado à placa lógica e não havia possibilidade de expansão posterior (o que seria um prenúncio do que acontece nos dias de hoje). A eficiência na dissipação de calor (que é algo extremamente importante e uma das promessas do novo projeto) não era muito boa e o computador, mesmo equipado com Intel Xeon (um chip usado em servidores), em vários casos tinha a performance abaixo da de PCs.

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Para completar o bolo, a Apple lançou a versão X do Final Cut Pro, que prometia uma timeline revolucionária e uma alta eficiência em renderização, transformando a edição profissional em algo prático e rápido até mesmo para quem não era profissional. Só que a indústria audiovisual não recebeu muito bem as mudanças por conta da falta de vários recursos disponíveis nas versões anteriores do software e que também estavam presentes em outros editores como o Premiere e o Avid — a Apple, inclusive, chegou a voltar a vender a versão antiga do software. Com isso, a combinação Mac Pro e Final Cut Pro X se tornou um tiro pela culatra pra Apple no meio profissional.

Nova versão do Final Cut Pro X rodando no Pro Display XDR e no Mac Pro

Eu eu sempre fui um early adopter e fique superempolgado tanto com a máquina quanto com o software. Na época, eu editava um programa de TV usando o Final Cut 7 e perguntei pro meu chefe, que é um dos maiores fanboys da Apple e que sabia tudo sobre Final Cut, se a gente ia mudar para a nova versão. A resposta dele foi pragmática: “Aqui dentro da produtora é impossível.” Isso era um sinal de que a indústria precisava de algo muito mais robusto do que havia sido apresentado.

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O final da história do Mac Pro de segunda geração foi melancólico. O apelido de lixeirinha, se você me permite explicar, inicialmente foi dado por conta do formato, mas que no fim muitos diziam que aquele pedaço de metal não servia para nada e não passava de um pedaço de lixo. A Apple nunca fez nenhuma atualização substancial nos longos seis anos de vida daquela máquina, fazendo com que ela nunca tivesse um real apelo de compra.

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Em 2018, a Apple, de certa forma admitindo que a geração anterior não tinha sido bem-sucedida, anunciou que estava trabalhando em uma versão realmente Pro do modelo. No ano seguinte ele seria apresentado. Como paliativo, lançou o iMac Pro, que simplesmente dava um pau em qualquer máquina que a Apple vendia na época, mas que continuava não sendo expansível — e não tinha, nem de perto, aquela glória que a “torre de ralador de queijo” tinha, mas já era um empolgante prenúncio do que poderia vir.

Na WWDC19, finalmente a Apple anunciou a terceira e mais recente (até agora) geração do modelo, trazendo vários conceitos da primeira geração de volta, inclusive o design. Junto a ele vieram a placa aceleradora de gráficos Afterburner (que foi considerada por muitos um salto tecnológico para a indústria audiovisual) e o Pro Display XDR. Todos eles com preços proibitivos para nós, mortais, mas também com funções que muitos de nós, incluindo os que trabalham com vídeo, são totalmente triviais para as funções do dia a a dia.

Os Macs Pro nunca foram computadores que você encontra em qualquer lugar, assim como você não acha um carro de Fórmula 1 correndo nas ruas da cidade. Eles sempre foram e sempre serão máquinas de uso profissional para vídeo, 3D, design, música e tantas outras indústrias de alta padrão. Assim como o mundo do automobilismo, esse tipo de mercado não poupa dinheiro quando o assunto é ganho de tempo e performance. O lado bom de tudo isso é que muitas das tecnologias desenvolvidas para esses nichos muitas vezes são aplicadas, mesmo que anos depois, em produtos para o consumidor final.

No começo de 2022, a Apple anunciou que ainda vamos ver um último computador ganhando chips proprietários (Apple Silicon). Essa máquina seria nada menos que o Mac Pro. Aguardemos.

O Mac Pro com Apple Silicon é uma necessidade da indústria

Eu terminei o capítulo acima dizendo que, no começo de 2022, a Apple anunciou que ainda veríamos um último computador ganhando chips da empresa e que essa máquina seria o Mac Pro. Mas naquele mesmo dia, antes mesmo desse anúncio, o mundo conheceu o Mac Studio, uma máquina que, para quem vê de fora, parece um escalonamento do Mac mini, mas que para o uso profissional traz praticamente tudo o que é necessário para executar o trabalho. Além disso, ele pode ser equipado com o chip mais potente da Apple até hoje: o M1 Ultra.

Mac Studio e Studio Display

Então a pergunta é: existe espaço para o Mac Pro? Os testes recentes comparando o Mac Studio com M1 Ultra e os Macs Pro topos-de-linha mostram que o Mac Studio é substancialmente superior ao melhor Mac Pro com chip Intel, o que me faz pensar em duas coisas. A primeira é o quão mais rápidos os chips que equiparem a nova geração de Macs Pro serão em comparação aos M1 Ultra? O segundo questionamento é o que mais essa maquina poderia ter que a diferenciasse do “irmão menor”, o Mac Studio?

Um dos pontos críticos que fizeram o Mac Pro de segunda geração não dar certo era a falta de expansibilidade e personalização. E se você parar para pensar, cada nicho tem as suas necessidades específicas. Editores de vídeo precisam de saídas de vídeo específicas; produtores musicais precisam de placas de áudio com diferentes configurações; máquinas usadas em broadcast precisam de entradas e saídas que muitas vezes são desenvolvidas apenas para aquela função; e a lista vai se alongando para a necessidade de cada uma dessas áreas.

E esse poder de expandir não só a conectividade, mas também memória, armazenamento e placas gráficas, aliada ao grande poder de processamento e integração com o software, que fazia os Macs Pro de primeira geração (e o de terceira geração) tão brilhante. E é aqui que podem estar as respostas às minhas perguntas.

Mac Pro

Um dos maiores projetos que eu estou trabalhando no momento é a estruturação de um estúdio de produção audiovisual ao vivo e um dos grandes questionamentos era quais computadores iriam equipar o sistema que fosse bom o suficiente para aguentar o “tranco” por alguns anos. Havia algumas necessidades específicas e uma delas era a instalação de placas de captura e de playback de vídeo profissional, mas que isso teria que ser feito através de uma “case” Thunderbolt, onde as placas seriam instaladas — já que isso não seria possível ser feito em um Mac com Apple Silicon pelo menos a tempo de finalizar o projeto (e possivelmente dentro do orçamento).

Durante o processo, chegamos a testar o Mac mini M1, que em termos de processamento nunca foi um problema, mas que em questão de conectividade, pelo número de portas e também de saídas de vídeo, passavam longe de suprir a necessidade. O iMac veio, mas com ele várias limitações em relação às portas e até mesmo o tamanho do monitor (24″) não atendia à necessidade — isso sem falar no look não muito Pro que ele daria ao switcher de vídeo.

Mac mini

Foi quando o MacBook Pro com M1 Pro e M1 Max foram lançados com uma possibilidade de conectividade maior, mesmo que com dongles, já que a máquina conta somente com três portas Thunderbolt e uma HDMI. Decidimos testar essa máquina, com a configuração máxima, como o computador principal inicialmente. Posteriormente, como máquina de operação móvel. A estratégia deu certo e ela supriu todas as necessidades sem nem ligar o cooler.

MacBooks Pro 2021

Quando o Mac Studio foi lançado, optamos por comprá-lo para ser a máquina principal, mas com exatamente a mesma configuração do MacBook Pro, já que não havia necessidade para um M1 Ultra e a grande maioria dos periféricos já havia sido testada nas mesmas configurações anteriormente com sucesso. A grande diferença estava em um custo menor e uma quantidade de portas Thunderbolt e USB superiores ao MacBook, fazendo essa máquina quase perfeita.

Traseira do Mac Studio com todas as suas portas

Eu posso dizer quase perfeita, pelo aspecto de que o Mac Studio vai continuar com as mesmas configurações e conectividade que tem hoje pro resto da vida útil dele. Nada de um upgrade de memória ou adicionar uma placa de captura (até porque, o tamanho compacto não permitiria isso), fazendo com que eu sempre tenha que carregar junto a ele a case Thunderbolt com as placas junto, mas não integrado. E isso pode custar tempo, espaço e praticidade.

Um Mac Pro personalizável seria o tipo de construção de máquina ideal para esse caso, já que teria tudo integrado e não haveria necessidade de um “dongle gigante” sendo levado para todos os lugares.

Obviamente, isso tudo não passa de um grande exemplo de como a indústria tem necessidades diferentes das do consumidor final, mas também mostra que essa necessidade também precisa e deve ser suprida. No meu caso, isso seria apenas uma máquina, mas na realidade de grandes conglomerados de mídia, estamos falando da necessidade de centenas de máquinas que custariam alguns milhões.

É claro que com essa quantidade de dinheiro eu poderia me aposentar facilmente, mas que na perspectiva de uma gigante de comunicação, pode significar mais eficiência e lucratividade a longo prazo.

Necessidades especificas de indústrias específicas são o que giram a roda da inovação mundial e, muitas das vezes, as cifras que giram em torno desses mercados são até maiores do que as cifras de vendas de muitos dos produtos para consumidor final. Mas a indústria só “gasta” dinheiro onde vê uma real oportunidade e se até mesmo um Mac Pro não atende à necessidade dela, isso pode virar um caminho sem volta para uma desconfiança em relação à marca.

Espero que eu tenha conseguido explicar um pouco — ou pelo menos colocar uma luz em alguns pontos — do motivo e da necessidade de a Apple precisar lançar um novo Mac Pro.


Comprar Mac Pro de Apple Preço à vista: a partir de R$67.499,10
Preço parcelado: a partir de R$74.999,00 em até 12x
Versão: torre ou rack
Chip: M2 Ultra (CPU de 24 núcleos e GPU de 60 ou 76 núcleos)
Memória: 64GB, 128GB ou 192GB
Armazenamento: 1TB, 2TB, 4TB ou 8TB
Pés ou rodízios: estrutura em aço inoxidável com apoios ou rodízios
Acessórios: Magic Mouse e/ou Magic Trackpad

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