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HomePod mini e Echo Dot

HomePod mini vs. Echo Dot: como os speakers inteligentes se diferenciam?

No início deste ano, fiz um comparativo entre três dos frameworks de casa inteligente mais populares do mercado: HomeKit (da Apple), Alexa (da Amazon) e Google Home. Mas faltava uma análise das opções de smart speakers — que são (na maioria das vezes) os dispositivos que usamos como central para controlar esses ecossistemas.

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Mas, bem mais do que um simples alto-falante para ouvir (e atender, quando possível) nossos pedidos pessoais ou anotar eventos no calendário, essas caixas de som inteligentes servem para funções variadas — como ouvir músicas e audiolivros, jogar, interfonar, telefonar ou até mesmo como alto-falantes externos para smart TVs.

Neste artigo, compararei dois dos smart speakers mais populares do mercado, ambos considerados do segmento de entrada em seus respectivos ecossistemas: o HomePod mini (da Apple) e o Echo Dot (da Amazon).

Um modelo da linha Google Nest poderia muito bem fazer parte deste comparativo, mas como meu objetivo era também abordar um pouco a minha experiência com os dispositivos, optei por me ater aos dois que já utilizei de fato.

Histórico

Embarquei no seguimento de casa inteligente com o HomeKit, mas alguns detalhes — como a falta de dispositivos compatíveis e de suporte ao português — me fizeram mudar por um breve período para o ecossistema da Alexa.

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Estou de volta ao jardim murado da Maçã, mas o que me fez tomar essa decisão? Quais as principais características e os principais pontos negativos (e positivos) desses dois sistemas? Será que um deles é tão superior ao outro? A diferença de preço entre os dois dispositivos é justificável? Isso é o que detalharemos abaixo!

Vamos lá?!

Design

Começando a “julgar” os livros pelas capas, falemos sobre o design dos dois produtos — que são bastante semelhantes à primeira vista, mas contam com algumas especificidades que, inclusive, mudam a forma como os usamos.

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Primeiro, cabe destacar que o Echo Dot usado para o comparativo foi o modelo de 4ª geração, o qual, em termos visuais, é praticamente idêntico ao modelo de 5ª geração, lançado em maio passado. O HomePod mini, por sua vez, só teve uma geração lançada até agora — atualmente, tenho a versão na cor branca.

Falando antes sobre as semelhanças, os dois modelos contam com uma estética esférica em seu corpo, mas enquanto o Echo Dot mantém esse aspecto também na parte superior (quase como uma bola de cristal), o HomePod mini conta com um topo plano.

Mas a semelhança em termos de design para por aí. Primeiro por causa da construção do acabamento externo, que no HomePod mini parece algo mais semelhante a uma malha, enquanto no Echo Dot ela mais se parece um tecido.

Alexa em um Echo Dot
Imagem por Freepik

Na parte superior, enquanto o aparelho da Amazon conta com botões físicos para controle de reprodução e de volume, o da Apple tem uma superfície iluminada sensível ao toque.

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As duas abordagens contam com vantagens e desvantagens, mas confesso que prefiro a que está presente no HomePod. A superfície sensível ao toque dá uma espécie de aspecto premium ao dispositivo, principalmente quando algo está sendo reproduzido.

Em contrapartida, às vezes fico um pouco perdido ao tentar usar os controles, visto que não há uma indicação clara da sua localização (os botões são bem “mortinhos”, para dizer a verdade) e, dependendo da posição em que o HomePod está, não é muito raro aumentar o volume quando a intenção era reduzi-lo.

Nesse aspecto, embora não seja algo corriqueiro abrir mão da voz para controlar uma caixinha inteligente (quando não a uso, geralmente prefiro o iPhone), os botões físicos e extremamente visíveis do Echo Dot podem ser melhores — embora não sejam tão agradáveis visualmente.

Mesmo não tendo uma “interface” amigável na sua parte superior, o Echo Dot conta com uma espécie de anel de LED em formato de disco na sua parte inferior. Particularmente, acredito que isso deixa o dispositivo com um aspecto visual bem legal — principalmente em locais menos iluminados. Além disso, ele também serve para indicar o estado do dispositivo, mudando de cor dependendo da situação.

Outra questão importante diz respeito à variedade de cores disponíveis para os dispositivos. Enquanto o Echo Dot pode ser adquirido nas cores preta, azul e branca (bastante formais, por sinal), o HomePod mini possui cores mais vibrantes e descontraídas, podendo ser comprado nas cores preta, branca, azul, amarela e até mesmo laranja.

Não podemos esquecer que o Echo Dot também tem uma variante diferenciada, a qual conta também com um relógio em sua malha — na 5ª geração, permitindo ver até mesmo detalhes como a temperatura ambiente, assunto sobre o qual falaremos mais à frente.

Embora possa ser um diferencial que agrade muita gente, não acho o relógio do Echo Dot algo tão útil e tampouco bonito esteticamente a ponto de justificar os quase R$150 cobrados a mais por essa versão atualmente.

Qualidade de áudio

Embora um alto-falante inteligente possa ser usado para acender luzes, abrir portas ou ativar um alarme, muita gente os adquire com a finalidade principal de reproduzir áudio — de músicas a podcasts, ou até mesmo audiolivros.

Obviamente, quando falamos em dispositivos para ouvir músicas, a qualidade do som oferecido é algo a se considerar antes de fazer uma escolha. Nesse ponto, o HomePod mini leva a melhor.

Falando primeiramente em aspectos técnicos, o alto-falante inteligente da Apple tem suporte a reprodução de áudio sem perdas (Lossless) e Áudio Espacial com Dolby Atmos (tecnologia que vem ganhando bastante destaque em anúncios da empresa nos últimos anos).

Isso dá ao ouvinte uma certa impressão de que o áudio está espalhado por todos os lados — é como se você estivesse num show, onde o som dos instrumentos não se origina do mesmo local. Na prática, isso faz uma diferença boa quando estamos ouvindo uma música compatível com essa tecnologia.

Embora eu não possua os equipamentos necessários para fazer um teste técnico, pelo “ouvidômetro” o som que sai do dispositivo da Maçã me soa limpo e mais alto do que o do Echo Dot de 4ª geração, que foi o dispositivo com o qual eu tive contato.

Mas isso não quer dizer que o som do dispositivo da Amazon seja dispensável, pois ele é satisfatório para um aparelho do seu tamanho e da sua faixa de preço — embora, novamente, o HomePod mini consiga ir além nesse quesito.

Sensores

Desde o seu lançamento, o HomePod mini, curiosamente, contava com sensores de temperatura e umidade em suas entranhas — mas eles ficaram adormecidos por muito tempo.

Com o lançamento do HomePod de 2ª geração, no entanto, a Maçã resolveu liberar a funcionalidade — que atualmente permite usar os sensores dos HomePods como uma espécie de termômetro para medir a temperatura/umidade da residência.

Confesso que simplesmente não uso o recurso, mas trata-se de algo interessante por permitir programar automações com base nesses dados.

O Echo Dot que já usei, de 4ª geração, não conta com tais sensores, mas a Amazon foi rápida e equipou a 5ª geração do produto com o recurso. Portanto, se for algo importante para você, o alto-falante da Apple já não é mais a única opção que oferece uma funcionalidade nesse sentido.

Gasto energético

Muita gente pode imaginar que, devido ao fato de ficarem ligados na tomada ininterruptamente, os alto-falantes inteligentes são, por si só, grandes devoradores de energia elétrica.

A realidade é que, embora fiquem o tempo todo com os ouvidos microfones sempre ativos esperando um comando, o gasto energético desses dispositivos quando estão “em espera” — isto é, quando não estão reproduzindo alguma música — é muito baixo.

Começando com o HomePod mini, alguns testes independentes se propuseram a medir quanto o dispositivo gasta em determinadas ocasiões — esse, por exemplo, usou um medidor de potência da Satechi para mensurar o quanto de energia é consumida pelo dispositivo da Apple.

Basicamente, o teste concluiu que o aparelho gasta 0,27W quando está em modo de espera (ou seja, esperando pelo “Hey Siri”), 0,81W quando está reproduzindo músicas com o volume em 30%, 1,17W quando com o volume em 50%, 2,25W com o volume em 70%, 4,68W ao reproduzir músicas com o volume em 85% e 9,19W com a potência sonora total — a qual eu, particularmente, considero muito alta.

Partindo para o lado do Echo Dot, a comparação é um pouco diferente, já que ele conta com algumas especificidades não presentes no alto-falante da Apple — como o modo de pouca energia, que simplesmente desativa o microfone do dispositivo quando o usuário pressiona simultaneamente o botão de ação e duas vezes o botão para desligar o microfone.

Infelizmente não encontrei nenhum teste tão completo quanto o do HomePod mini para o Echo Dot, mas uma página de suporte britânica da Amazon traz algumas dicas sobre o consumo do produto quando não está reproduzindo.

Em modo de baixa energia, o consumo é de 0,16W e vai de 1,40W a 2,04W quando está em modo de espera de rede — estado em que o dispositivo entra após seis segundos de inatividade. Embora esses dados digam respeito à terceira geração do produto, é difícil imaginar que haja uma diferença significativa em relação aos dois modelos mais atuais.

Como são produtos similares em tamanho e no que se propõem a fazer, também é difícil imaginar que o Echo Dot apresente muita diferença em gasto energético em relação ao HomePod mini.

O fato é que contar com um dispositivo do gênero provavelmente não terá efeito relevante na conta de luz — especialmente para pessoas que fazem um uso mais moderado.

Modos de ativação

Quando estão no modo em espera, as assistentes virtuais geralmente aguardam por uma palavra/frase de ativação para que a assistente virtual integrada possa, então, executar o comando. Embora semelhantes, a Siri (no HomePod mini) e a Alexa (no Echo Dot) têm algumas diferenças pequenas.

A maior delas é que o Echo Dot conta com mais palavras de ativação que a concorrente — no Brasil, você pode chamá-la por Alexa (opção que vem ativada por padrão), Echo ou Amazon.

Embora o nome Alexa possa causar confusões com eventuais pessoas homônimas, as duas opções a mais certamente são vantajosas nessas situações — embora a opção padrão dê a ela um maior tom de pessoalidade/humanidade.

A Siri do HomePod, por sua vez, só pode ser chamada de… Siri. Nada de Apple ou HomePod, por exemplo, como alternativa. Mas como pode existir alguém chamado(a) Siri por aí, há também a opção de usar o “Hey, Siri” como palavra de ativação — inclusive, essa era a única opção para chamar a assistente desde o seu lançamento, algo que mudou recentemente com os mais recentes sistemas operacionais lançados pela Apple quando usamos a Siri em inglês.

Acontece que, com base no meu uso, ao contrário do Echo Dot para a Alexa, o HomePod mini parece não escutar bem quando chamo a assistente apenas por “Siri” (sem o “Hey”). Talvez essa seja uma experiência pessoal ou simplesmente seja um mecanismo da Apple para tentar evitar chamadas acidentais, mas o fato é que não foram poucas as vezes em que me vi obrigado a, literalmente, gritar ou repetir mais de uma vez o chamado para finalmente ser ouvido pela assistente.

Moral da história: resolvi me dar por vencido e voltei ao bom e velho (e funcional) “Hey, Siri” para chamar a assistente. Ponto pra Amazon nesse quesito — tanto pela maior quantidade de opções, quanto pela eficiência.

Compatibilidade

Quando falamos em compatibilidade com outros produtos ou ecossistemas, caso você já tenha visto outros comparativos envolvendo produtos da Apple, deve saber muito bem para qual rumo seguirá este tópico.

Tal como outros produtos da Maçã, o HomePod mini é bastante limitado ao ecossistema da empresa — não somente no que diz respeito ao gerenciamento da casa inteligente, mas também à reprodução de mídias.

Embora o Apple Music esteja disponível para smartphones com Android, por exemplo, é simplesmente impossível reproduzir qualquer conteúdo de um celular com o sistema operacional do Google — o que é um grande problema para quem não possui um iPhone ou iPad.

Quem está imerso no ecossistema da Maçã certamente não verá nisso um problema, visto que o HomePod mini é compatível ainda com Macs, iPods, Apple Watches e até mesmo com a Apple TV — compatibilidade sobre a qual falaremos adiante.

Curiosamente, há suporte à transmissão via AirPlay no Windows usando o iTunes — o que, de certa forma, cobre a grande parcela de usuários que possuem um iPhone mas usam o Windows quando o assunto é computador.

Quando partimos para a Alexa, a coisa muda de figura em larga escala. Isso porque é possível controlar o Echo Dot tanto por iPhones quanto por smartphones com Android e, mesmo caso você tenha um iPhone para controlar o que está sendo reproduzido (ou dar comandos para a casa inteligente), essa questão dos multidispositivos pode ser muito positiva — especialmente caso você more com alguém que não tenha um iPhone/iPad.

Como já detalhado no comparativo dos ecossistemas de casa inteligente, o aplicativo da Alexa é bastante completo e permite aos usuários ver, em tempo real, o que está sendo reproduzido pelo alto-falante, bem como controlar a reprodução.


Ícone do app Amazon Alexa
Amazon Alexa de AMZN Mobile LLC
Compatível com iPadsCompatível com iPhones
Versão 2.2.592629.0 (420 MB)
Requer o iOS 14.0 ou superior
GrátisBadge - Baixar na App Store Código QR Código QR

Serviços de terceiros

Ainda na esteira da compatibilidade, é interessante também saber quais serviços de terceiros são ou não compatíveis com os dois alto-falantes.

Começando com o HomePod mini, a lista das plataformas que podem ser conectadas a ele nativamente — isto é, de forma que seja possível reproduzir conteúdo nesses serviços os acionando por voz no próprio alto-falante — é bem modesta. Ela inclui alguns poucos serviços como o próprio Apple Music, o Deezer, o TIDAL, o Pandora e, mais recentemente, o YouTube Music.

Maior serviço de streaming de músicas no cenário mundial (inclusive no Brasil), o Spotify simplesmente não está disponível nativamente no speaker da Maçã. Mas essa deficiência é culpa do próprio Spotify, visto que desde 2020 a Apple disponibilizou uma API1Application programming interface, ou interface de programação de aplicações. para permitir a terceiros integrar seus serviços ao HomePod.

Oficialmente, a reprodução de músicas do serviço sueco no speaker da Apple só está disponível via espelhamento — e olhe lá, pois apenas há suporte ao AirPlay original, com uma promessa arrastada de implantação do AirPlay 2 ao aplicativo. Recentemente, no entanto, uma “gambiarra” passou a permitir usar a Siri para acionar o aplicativo, mas a solução ainda depende do iPhone para funcionar.

Pulando para o lado da Amazon, a lista de serviços que é possível conectar à Alexa — e, consequentemente, ao Echo Dot — é bem maior. Falando especificamente em streaming de músicas e podcasts, há suporte nativo (isto é, permite ativar o serviço apenas com a voz) para plataformas como Apple Music, Apple Podcasts, Spotify, Deezer e Claro música — isso se você estiver no Brasil, já que a lista varia de acordo com a região.

Por padrão, o Echo Dot usa o Amazon Music como serviço de músicas e podcasts — o que significa, nesse caso, que você tem acesso a uma lista de músicas e álbuns que são disponibilizados no plano gratuito do serviço, algo impossível no caso do HomePod mini.

No lado da Maçã, no entanto, há um plano específico para o Apple Music que não oferece suporte a uma interface gráfica, permitindo apenas “ouvir” as músicas e estações disponíveis no serviço. Ele custa menos que o plano tradicional, mas infelizmente ainda não está disponível no Brasil.

Skills da Alexa

Algo interessante no Echo Dot, sobre o qual já comentei no comparativo sobre os ecossistemas, é o conceito de skills, que servem para se conectar a serviços de terceiros e expandir as possibilidades de uso dos dispositivos.

Uma das maiores diversões por aqui — bem, pelo menos num primeiro momento — foi jogar Akinator apenas por áudio, bem como um game de adivinhação que serve para fazer uma pegadinha para enganar quem ainda não o conhece.

Os próprios serviços de streaming conectados funcionam como skills, com opções envolvendo esportes, notícias e outros jogos como Imagem e Ação ou Show do Milhão.

É também por meio das skills que você conecta os dispositivos inteligentes dos mais variados tipos, como lâmpadas, câmeras, fechaduras, cafeteiras, etc.

No HomePod, código QR

Se você pretende conectar um dispositivo inteligente ao HomePod [mini], a interface para realizar essa ação é o app Casa (Home).


Ícone do app Casa
Casa de Apple
Compatível com iPadsCompatível com iPhonesCompatível com Apple Watches
Versão 2.0 (1.6 MB)
Requer o iOS 10.0 ou superior
GrátisBadge - Baixar na App Store Código QR Código QR

No caso do alto-falante inteligente da Maçã, basta digitalizar um código QR disponibilizado pela fabricante ou simplesmente aproximar o iPhone/iPad do dispositivo em questão e seguir os passos necessários para a instalação.

Conectividade

A capacidade de controlar ambos os modelos de alto-falantes por outros dispositivos também é um ponto interessante a ser comparado. Neste quesito, enquanto o Echo Dot ganha pela universalidade de conexão, o HomePod vence na forte integração ao ecossistema da Apple.

Começando pela Maçã, a integração com o AirPlay 2 permite espelhar o áudio de qualquer dispositivo da Apple e também fazer uma coisa bastante interessante: usar o HomePod [mini] como alto-falante para a Apple TV.

Caso o HomePod ou a Apple TV estejam cadastrados no mesmo cômodo, o app Casa questiona ao usuário sobre a possibilidade de usá-lo em conjunto com a set-top box — o que faz muito sentido, visto que dificilmente a TV e o HomePod estarão tocando mídias diferentes simultaneamente no mesmo ambiente.

Essa possibilidade é bastante útil sobretudo caso a qualidade de áudio da sua televisão seja inferior à do HomePod mini e, principalmente, se você tiver um outro HomePod. Com uma dupla, é possível vinculá-los para usá-los como um par estéreo — configuração que deixa a qualidade de áudio do produto bem superior à de muitas TVs disponíveis no mercado atualmente.

Partindo para o lado do Echo Dot, também é possível vincular dois dispositivos iguais para usá-los como um par estéreo, mas não é possível vincular a assistente da Amazon à Apple TV como pode ser feito com o HomePod.

Mas não ache que o dispositivo fica para trás quando o assunto é conectividade, porque o suporte ao Bluetooth torna o Echo Dot ainda mais versátil do que ele já é quando falamos em conexões com outros dispositivos.

Com ela, é possível reproduzir o áudio de praticamente qualquer aparelho com suporte à tecnologia diretamente no alto-falante da Amazon — e não é preciso nem ativá-lo no próprio aparelho, já que basta pedir à Alexa para se conectar a determinado dispositivo via Bluetooth que a conexão será concluída.

Além de ser uma mão na roda caso o usuário queira reproduzir conteúdos não disponíveis no Echo Dot por natureza, a conectividade Bluetooth permite, inclusive, ouvir músicas quando o usuário não dispõe de uma conexão com a internet.

Pedidos pessoais e ID de voz

Como assistentes pessoais e alto-falantes inteligentes são muitas vezes usados para cadastrar tarefas e eventos, é interessante que exista certa individualidade a depender de quem usa um determinado dispositivo, já que não é nada interessante que um integrante da casa cadastre determinada tarefa e ela seja armazenada na conta de todas as outras pessoas — ou apenas na do usuário que o gerencia de modo primário.

Por isso, tanto o HomePod quanto o Echo Dot contam com alguns mecanismos para promover certa individualidade entre os integrantes de uma casa.

Começando pelo dispositivo da Maçã, o usuário que vincula o HomePod ao seu ID Apple atua como uma espécie de “administrador”, o qual pode cadastrar outros usuários na aba “Pessoas” — algo que é independente do “Compartilhamento Familiar” do iCloud, cabe ressaltar.

Assim, todos os membros da casa compartilhada podem controlar e ver as atualizações dos acessórios. O administrador pode editar algumas permissões para cada residente, incluindo a possibilidade de controlar acessórios remotamente ou até mesmo de adicionar e editar acessórios.

O HomePod, porém, vai além graças a um recurso simples (mas ótimo) chamado Pedidos Pessoais. Com essa opção ativada, o dispositivo reconhece a voz do usuário que chamar a Siri e personaliza lembretes, contatos, ligações e eventos no calendário para a conta daquele usuário em específico.

Mas não só isso, já que ao pedir alguma música, o HomePod reconhece a voz do usuário e atrela o pedido à conta do Apple Music correspondente — o que significa que seu Replay no final do ano não ficará bagunçado devido à preferência de terceiros.

No lado do Echo Dot, também é possível criar perfis. De acordo com a Amazon, os perfis da Alexa oferecem uma experiência personalizada para cada pessoa da casa e, assim como no caso do HomePod, permitem reconhecer a voz de cada usuário após a criação de um ID de voz da Alexa.

Com uma ID de voz devidamente configurada, é possível enviar e receber suas próprias mensagens, resumos de notícias, listas suas compras, além de receber respostas personalizadas para skills compatíveis e, como no caso do HomePod, personalizar a reprodução de músicas com base na sua voz para usuários que tenham o plano Família do Amazon Music Unlimited.

Em um dispositivo Echo Show — fugindo um pouco do escopo do nosso comparativo —, é possível criar uma ID visual para que a Alexa lhe indique conteúdos personalizados e exclusivos, inclusive com suporte ao Amazon Prime Video.

Parecem recursos interessantes, embora eu não tenha conseguido usufruí-los em sua integridade tanto por ser usuário do Apple Music quanto por não estar tão imerso no ecossistema da Amazon quanto estou no da Maçã.

Ligações e interfone

Os dois dispositivos também possibilitam diferentes formas de comunicação entre os membros da casa. Vamos entender mais um pouco sobre como cada uma delas funciona?

No HomePod, há o recurso Interfone, que basicamente possibilita enviar mensagens de voz para qualquer cômodo da casa — seja para outros HomePods ou para o app Casa instalado em algum dispositivo da Apple. O recurso também funciona na via oposta, permitindo enviar uma mensagem direto do aplicativo para o alto-falante. Uma mão na roda.

Fora isso, o HomePod também pode ser usado como alto-falante e microfone para realizar uma ligação via iPhone ou iPad. Embora a chamada seja efetuada, de fato, no aparelho móvel, é possível iniciá-la com comandos de voz no dispositivo — o que é interessante para casos em que o iPhone não está por perto.

No lado da Amazon, o destaque vai para as chamadas e mensagens. É possível fazer ligações tanto entre diferentes dispositivos Echo quanto para o app Alexa instalado em algum smartphone ou para tablets da linha Fire.

Segundo a Amazon, é possível fazer e receber chamadas, enviar mensagens de voz e de texto, ativar o modo Não Perturbe, chamar um contato e fazer anúncios com a Alexa.

Como se trata de um serviço que funciona exclusivamente através da internet e não usa a rede móvel do aparelho, ele requer que os dois usuários tenham uma conta da Amazon ativa.

Idiomas suportados

Em comparativos normais, esse ponto provavelmente nem mesmo entraria no balaio — mas está aqui pelo simples fato de a Siri (presente nos HomePods) ainda não suportar o nosso idioma, bem como muitos outros mundo afora.

Esse detalhe em específico, diria eu, é a principal desvantagem do alto-falante da Apple em relação ao da Amazon, que está disponível nos mais variados idiomas e dialetos que você possa imaginar.

Não que, com uma boa base de inglês, você não consiga disparar a maioria dos comandos úteis para um controle básico do dispositivo, mas o fato de ele estar em inglês dificulta — e muito — tarefas cuja presença do português ainda é necessária.

Pedir para a Siri reproduzir uma música cujo título é em português é basicamente tentar adivinhar como um americano falaria (sem brincadeira) — e a taxa de sucesso nessa empreitada é mínima, de modo que muitas vezes é mais fácil pegar o iPhone, digitar o título da música no Apple Music e espelhar a reprodução via AirPlay no HomePod.

Ditar lembretes e eventos ou enviar mensagens em português para o HomePod é outra coisa praticamente impossível. O pior é que usar a Siri no iPhone para realizar todas essas tarefas também não é uma opção — a Apple simplesmente obriga a manter o mesmo idioma da Siri no HomePod e no iPhone, caso você queira manter os Pedidos Pessoais ativados.

Provavelmente, a limitação envolvendo a interoperabilidade entre idiomas é o que faz a Apple ainda não ter disponibilizado a Siri em português para o HomePod, visto que muito do uso de um dispositivo do gênero é justamente ouvir músicas.

Nesse sentido, a Siri não conseguir reconhecer músicas em português pode não ser um grande problema — qual a porcentagem de pessoas em países que falam a língua inglesa precisam pedir comandos em português diariamente? —, mas o oposto, como sabemos, não se aplica.

O lado bom é que a Apple parece já estar trabalhando para solucionar esse problema. Com a possibilidade de “misturar” idiomas, você poderia pedir uma música em português à Siri em português e uma música em inglês usando um comando em inglês. Um bom indicativo de que o português no HomePod pode estar mais próximo do que imaginamos.

É assim, inclusive, que funciona com a Alexa no Echo Dot. Como a versão em português da assistente da Amazon também não se mostrou lá muito eficiente para entender pedidos de músicas em inglês, eu sempre optei por ativar comandos no mesmo idioma do título da música. Era tiro e queda.

Disponibilidade

O fator idioma acaba acarretando numa série de outras diferenças entre os dois produtos, começando pela disponibilidade aqui no Brasil. Como não está disponível em português, o HomePod só é encontrado à venda por aqui em importadores — e não pela Apple.

A outra forma de adquirir um alto-falante da Maçã é comprando no exterior — seja viajando, seja comprando online. O meu primeiro HomePod mini foi também minha primeira compra na Zip4Me — processo que foi satisfatório e me atendeu como esperado. O segundo (e atual), optei pela OLX, especialmente por causa do tempo de espera menor em relação a uma compra no exterior.

No caso do Echo Dot, além das mesmas opções de compra disponíveis para o HomePod mini, o produto (assim como outros dispositivos da linha Echo) é vendido oficialmente pela Amazon — onde, particularmente, considero ser o melhor local para adquiri-los — e por outras varejistas nacionais bem conhecidas.

Preço

Outra coisa que fica, de certa forma, prejudicada na análise é uma comparação direta de preços, já que o HomePod mini não está à venda no Brasil oficialmente e, portanto, não há um preço fixo estabelecido em reais para nos basearmos.

De qualquer forma, nos Estados Unidos, o Echo Dot custa cerca de US$50, o que é exatamente a metade do que a Apple cobra pelo HomePod mini — opção que foi lançada pela empresa justamente para apresentar um preço competitivo em relação aos demais concorrentes.

Embora eu considere que o alto-falante da Apple seja superior — principalmente no quesito qualidade de áudio —, acho que a diferença está longe de ser tão grande como a que existe nos preços dos dois produtos.

Aqui no Brasil ela também é grande, mas justamente a falta de um “preço Apple” — que, como sabemos, costuma adotar uma conversão para lá de “exagerada” — faz com que o preço dos HomePods vendidos por aqui não seja de outro mundo.

No Mercado Livre, por exemplo, é possível encontrar o dispositivo novo por valores em torno dos R$720 — o que acaba sendo menos que o dobro do valor cobrado pelo Echo Dot pela Amazon por aqui, um contraste que pouco se vê em relação a produtos da Apple no país e uma diferença em relação aos preços originais dos dois produtos.

Na OLX, monitorando bastante o mercado de usados, é possível encontrar o HomePod mini principalmente na faixa dos R$600 — e até mesmo por preços que beiram os R$500.

O Echo Dot, por sua vez, custa algo em torno dos R$350 e R$400 em condições normais, embora a Amazon costume dar bons descontos em datas específicas. Durante a última Mega Oferta Amazon Prime, o modelo de 5ª geração estava sendo vendido a incríveis R$206,10 — preço inimaginável para o HomePod mini.

Conclusão

Como muitas comparações no mundo da tecnologia — o que inclui brigas como iOS vs. Android, macOS vs. Windows e muitas outras —, definir um vencedor na disputa entre o HomePod mini e o Echo Dot não é algo preto no branco: tudo depende do seu uso e dos seus objetivos.

Confesso que minha escolha pelo HomePod mini como alto-falante inteligente é muito mais guiada pelo esforço de me manter dentro do ecossistema da Apple do que por qualquer outro ponto positivo do dispositivo.

Para mim, poder manter tudo conectado ao iPhone, ao Mac e à Apple TV vale o sacrifício que é, eventualmente, ter que pegar o iPhone para tocar no alto-falante uma música em português. A qualidade de som superior também conta uns pontos positivos nessa disputa.

Mas entendo (e até vejo bem mais sentido) que o Echo Dot é também uma escolha bem sensata — principalmente no contexto brasileiro, dada a indisponibilidade do alto-falante da Apple e de produtos inteligentes compatíveis com o HomeKit por aqui.

Os preços dos próprios alto-falantes e dos dispositivos compatíveis também pode ser um fator a pesar para o modelo da Amazon, é claro.

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Notas de rodapé

  • 1
    Application programming interface, ou interface de programação de aplicações.

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