Se você nos acompanha diariamente, já deve ter percebido que toda semana surge algum novo episódio do caso Apple vs. Qualcomm. No último, a fabricante de chips móveis foi processada por quatro fornecedoras da Maçã, as quais alegaram que a Qualcomm violou uma lei antitruste. Ontem à noite, mais um revés — conforme informou a Reuters.
A Associação da Indústria de Computadores e Comunicações (Computer & Communications Industry Association) — que tem em seu quadro de associados empresas como Alphabet (controladora do Google), Amazon.com, Microsoft, Facebook, Samsung, Intel, Netflix, eBay, entre outras — solicitou à Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (U.S. International Trade Commission, ou ITC) que rejeite o pedido da Qualcomm de proibir a importação de iPhones.
Conforme já informamos, por conta dessa briga toda a Qualcomm solicitou à ITC o banimento da importação de iPhones e iPads para os EUA os quais não utilizem os seus chips (atualmente, a Intel também fornece chips de conectividade móvel para a Maçã).
De acordo com a associação, a proibição causaria “impactos significativos no fornecimento” de telefones e prejudicaria os consumidores.
A Qualcomm já está usando a sua posição dominante para pressionar concorrentes e taxar a competição. Se a ITC conceder essa ordem de exclusão, ajudaria a Qualcomm a usar o seu poder de monopólio para aumentar a alavancagem contra a Apple e permitir-lhe elevar os preços nos dispositivos de consumo.
Mas ainda mais crítico é o princípio da concorrência aberta que tem sido historicamente importante para o sucesso econômico dos EUA. A ITC tem a opção de recompensar ainda mais o comportamento anticoncorrencial — ou de rejeitar este pedido antilivre mercado, anticonsumidor.
—Ed Black, CEO da Associação da Indústria de Computadores e Comunicações.
Curioso ver que a própria Samsung, grande rival da Apple no mercado de smartphones — e que supostamente poderia ser bastante beneficiada com o banimento dos iPhones —, está, mesmo que indiretamente, apoiando a Maçã.
Das duas, uma: ou a Qualcomm está sofrendo essa nova represália pois de fato está errada na sua reivindicação, ou as empresas/fabricantes de dispositivos móveis que fazem parte da associação enxergaram uma ótima oportunidade ver a Apple se saindo vitoriosa no caso para, posteriormente, também renegociar os seus contratos com a Qualcomm — afinal, dificilmente um smartphone atual não utiliza um chip da fabricante de San Diego.
dica do Robson
Atualização 21/07/2017 às 19:21
Como falamos, a Intel faz parte da Associação da Indústria de Computadores e Comunicações. Ainda assim, a fabricante decidiu fazer a sua reclamação formal à ITC [PDF] de forma independente, afirmando, entre outras coisas, que a Qualcomm tem atualmente um monopólio graças a praticas anticompetitivas, e não por mérito dos seus produtos ou pela força das suas inovações.
Além disso, a Intel afirmou que a Qualcomm viola as obrigações atreladas a uma empresa que deve licenciar padrões (ou seja, patentes essenciais para concorrentes), violando compromissos com organizações que controlam grandes grupos de patentes. A empresa aponta, ainda, que os acordos de licenciamento da Qualcomm excluem rivais, como a própria Intel, de competir por um negócio vital da Apple (o mercado de smartphones), oferecendo chipsets sem fio competitivos.
via AppleInsider