Com os iPhones 14, a Apple avançou ainda mais na sua estratégia de segmentar os modelos regulares e topos-de-linha. Nesse sentido, enquanto os iPhones 14/14 Plus usam o chip A15 Bionic (dos iPhones 13 Pro), os iPhones 14 Pro/14 Pro Max têm o novo A16 Bionic — sem contar as diferenças em câmeras, baterias e afins.
Segundo o analista Ming-Chi Kuo, porém, a Maçã não só manterá essa estratégia nos próximos anos, como pretende tornar a segmentação entre os modelos ainda mais proeminente.
O motivo disso, naturalmente, é comercial. Nesse sentido, Kuo informou que a Apple está encomendando a produção de iPhones 14 Pro em uma quantidade maior do que os regulares. Juntos, os pedidos para ambos os modelos topos-de-linha correspondem a 85% do total. Por outro lado, os pedidos do iPhone 14 Plus, novo integrante da linha, são de menos de 5%.
O fato de o pêndulo estar pendendo para os modelos mais caros favorece o aumento do preço médio de venda (average selling price, ou ASP) dos iPhones. Segundo Kuo, o ASP dos novos modelos é cerca de 10% maior do que o visto no ano passado com os iPhones 13 — graças à maior alocação de remessas dos iPhones 14 Pro e do 14 Plus substituindo o 13 mini, apesar de não haver aumento de preço para os modelos topos-de-linha.
Esses fatores, como supracitado, farão a Apple ampliar ainda mais a segmentação dos “iPhones 15” — não só entre os modelos regulares e topos-de-linha, como até mesmo entre os Pros. Conforme explicado pelo analista, essa é a “melhor prática para gerar mais vendas/lucros em um mercado maduro”.
O jornalista Mark Gurman, da Bloomberg, aproveitou o gancho para destacar sua opinião/previsão de que a Apple também fará uma alteração no nome da linha de seus produtos para incluir a marca Ultra em ainda mais dispositivos — incluindo iPhones. Ou seja, em vez de um “iPhone 15 Pro Max”, poderemos ter um “iPhone 15 Ultra”.
Ainda em matéria de nomes/marcas, Kuo também disse que a Apple deveria, por questões de marketing, ter nomeado os novos chips dos iPhones 14 Pro de “A16 Pro”, possibilitando que o A15 Bionic dos iPhones 14/Plus fosse chamado de A16 (ou mesmo “A15 Plus”). Além disso, segundo ele a Apple também deveria renomear os processos de produção dos seus chips, já que ela deverá usar um processo de 3 nanômetros nos próximos anos.
Em última instância, de acordo com o analista, uma das razões pelas quais a Apple consegue fazer tal segmentação na sua linha de produtos é que, apesar dos avanços na concorrência do mercado, os dispositivos Android ainda não representam uma ameaça para a Apple no mercado de aparelhos high-end “devido ao valor da marca e às desvantagens do ecossistema.”
Apesar disso, ele notou que a transferência de pedidos da Qualcomm de SoCs1System-on-a-chip, ou sistema em um chip. topos-de-linha da Samsung para a TSMC, bem como as estratégias agressivas das marcas em dispositivos dobráveis, poderão contribuir para amenizar essa diferença no mercado nos próximos anos.
Como de costume, resta-nos aguardar e ver como tudo isso se desdobrará.
Notas de rodapé
- 1System-on-a-chip, ou sistema em um chip.