É fato que a Apple já não consegue mais manter o mesmo nível de suspense e discrição de anos atrás para o lançamento de seus produtos. Hoje, rumores e vazamentos são coisas bem mais comuns no mundo da tecnologia do que nos primeiros anos de vida do iPhone, por exemplo.
Mesmo assim, a empresa ainda mantém uma cultura de sigilo quase total dentro de seus escritórios — proibindo, muitas vezes, o compartilhamento de informações até mesmo entre suas equipes. Esse controle todo, segundo um ex-funcionário da empresa, levou engenheiros que trabalharam no desenvolvimento dos primeiros AirPods a um estado de “esgotamento” e “frustração”.
Em um artigo publicado pela Fast Company, o ex-gerente de recursos humanos da Apple, Chris Deaver, revelou como esse segredo todo tornou a criação dos primeiros AirPods bastante difícil e deixou a convivência dentro da empresa bem mais áspera. Ele explicou, ainda, como essa situação desencadeou uma cultura bem mais “flexível” para o desenvolvimento dos AirPods Pro.
As equipes estavam inovando por meses em sigilo apenas para finalmente compartilhar [as informações] na última hora antes do lançamento, levando a reuniões diárias de cinco ou seis horas de duração, causando um tremendo atrito e esgotamento. As pessoas ficavam frustradas. Elas queriam sair ou “nunca mais trabalhar com aquela pessoa”.
Deaver explicou que entende o cuidado da Apple com o compartilhamento de informações em seus corredores, já que o “fator surpresa” pode ser bastante benéfico para o lançamento de um produto. Entretanto, ele também destacou o que chama de “lado escuro” dessa prática.
Eu ouvia um funcionário atrás do outro, pessoas brilhantes, fazendo a mesma pergunta: “Como posso trabalhar desse jeito? Se eu posso compartilhar informações apenas com determinadas pessoas, como saberei com quem e quando [compartilhá-las]? Não quero acabar demitido ou preso.”
Apesar de os AirPods terem sido um sucesso quase instantâneo após seu lançamento, em 2016, ficou claro para Deaver que a Apple precisava de uma renovação em sua cultura interna. Para isso, ele e sua equipe foram buscar inspiração no time de câmeras da empresa, o qual adotava um método de trabalho baseado em confiança mútua e e transparência denominado “braintrust” (“confiança intelectual”).
Descobrimos o “The Camera Braintrust”, ou “CBT”, e aplicamos esses ingredientes principais: uma sessão semanal de transparência entre funcionários, com foco em uma abordagem aberta ao compartilhamento de desafios que estavam enfrentando. Cada líder e equipe compartilhava exatamente onde estavam em seu desenvolvimento e o que precisavam das outras equipes. Isso levou a ciclos de inovação que alçaram a tecnologia da câmera para novos patamares, tornando-se o padrão-ouro de colaboração.
Essa nova filosofia, segundo Deaver, foi adotada durante o desenvolvimento dos AirPods Pro e resultou em um ambiente de trabalho bem mais leve — embora ainda bastante cuidadoso com vazamentos.
O que surgiu foi um “braintrust” com sessões regulares de abertura e conexão que deram vida aos AirPods Pro. […] Foi uma prova de inovação, mas também do poder do compartilhamento. Sim, o compartilhamento pode ser feito no contexto do sigilo.
Internamente, essa nova cultura foi apelidada de “Different Together” (algo como “Diferentes Juntos”), em alusão à clássica campanha “Think Different” (“Pense Diferente”) da Apple.
Deaver não deixou claro como a decisão do que podia ser compartilhado ou não passou a ser feita, mas indicou que os AirPods Pro ajudaram a criar um ambiente de trabalho bem mais leve dentro da empresa.
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