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Apple e Foxconn admitem terem contratado mais funcionários temporários do que a lei chinesa permite

Essa não é a primeira vez que a ética da Apple é questionada em relação às leis trabalhistas na China
Foxconn

O antigo fantasma que rodeia a cadeia de produção da Apple voltou, no último fim de semana, a assombrar a companhia: uma denúncia feita pelo China Labor Watch (grupo sem fins lucrativos que investiga as condições de trabalho nas fábricas chinesas) descobriu que a Foxconn — uma das maiores parceiras da Maçã na produção de iGadgets — violou certas leis trabalhistas na China.

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Entre os pontos levantados pela instituição, está a contratação demasiada de trabalhadores temporários. De acordo com a reportagem, publicada pela Bloomberg, esse tipo de mão de obra representava cerca de 50% da força de trabalho total em agosto passado — sendo que a lei trabalhista chinesa estipula um máximo de 10%.

O CLW contou que investigadores disfarçados “trabalharam” na fábrica da Foxconn em Zhengzhou e descobriram que o número de empregados temporários, também conhecidos como “equipe de despache”, eram ainda maiores às vésperas do lançamento dos iPhones XS e XS Max, no ano passado. Entre as funções temporárias está a de estagiários, e, como muitos estudantes voltaram às aulas no fim de agosto, a média de funcionários dessa categoria recuou para 30% (o que ainda representa uma violação).

Nossas descobertas recentes sobre as condições de trabalho na fábrica da Foxconn em Zhengzhou destacam vários problemas que violam o código de conduta da Apple. A Apple tem a responsabilidade e a capacidade de fazer melhorias fundamentais nas condições de trabalho ao longo de sua cadeia de fornecedores. No entanto, a Apple está agora transferindo custos da guerra comercial [entre os Estados Unidos e a China] por meio de seus fornecedores para os trabalhadores chineses, e lucrando com a exploração desses funcionários.

Em um comunicado, a Apple disse que investigou a porcentagem de trabalhadores temporários de toda a equipe da fábrica chinesa e descobriu que as contratações “excederam os padrões”, de forma que iria trabalhar com a Foxconn para “resolver imediatamente o problema”.

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Acreditamos que todos [os funcionários] em nossa cadeia de fornecedores devem ser tratados com dignidade e respeito. Para garantir que nossos altos padrões sejam respeitados, temos um sistema de gerenciamento robusto, começando com o treinamento sobre direitos no ambiente de trabalho, entrevistas com funcionários das fábricas, fornecimento de canais de queixas anônimas e realização de auditorias.

Além disso, a Maçã afirmou que descobriu que estagiários em uma das instalações da fábrica trabalhavam horas extras à noite, o que também viola as políticas da empresa, mas que esse problema já havia sido corrigido. Não obstante, a companhia “respaldou” a alegação dizendo que os estagiários trabalhavam pelas horas extras voluntariamente e foram devidamente remunerados.

Paralelamente, a Foxconn também admitiu ter descoberto uma “dependência excessiva de trabalhadores temporários” e disse que iniciou um processo de investigação detalhado para garantir que todos os problemas fossem resolvidos.

Cerca de 12.000 iPhones são montados por turno na fábrica de Zhengzhou, de acordo com dados divulgados pelo CLW; os iPhones XS e XS Max, no entanto, foram considerados “mais complexos” de montar do que o iPhone X, o que exigiu um maior número de trabalhadores temporários.

A “bomba” explodiu na iminência do lançamento da nova geração de iPhones, os quais serão apresentados amanhã (10/9) em um evento especial da Apple. Veremos, assim, como a Apple (e a Foxconn) reagirá à denúncia — preferencialmente impedindo, de uma vez por todas, que todo tipo de irregularidade envolvendo a produção de seus dispositivos aconteça.

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