Já tratamos diversas vezes sobre a dependência da Apple com a China, incluindo uma previsão de que demoraria cerca de oito anos para a Apple retirar somente 10% da produção no país. O fato é que, desde que se instaurou a pandemia da COVID-19 e os severos lockdowns, a gigante de Cupertino parece estar se dedicando a acelerar a transição para outros locais.
Conforme mostrou uma análise feita pela Reuters, a Apple diminuiu a exposição às fornecedoras chinesas desde 2019. Os dados da cadeia de suprimentos da empresa revelam que, de 2014 a 2019, a China tinha 44% a 47% de toda a fabricação mundial da Maçã, sendo o principal local de produção. Em 2020, o número já diminuiu para 41% e em 2021, caiu para somente 36%.
A Apple possui mais de 600 locais entre seus principais fornecedores, que representam 98% dos gastos diretos da empresa. Os dados ainda apontam um aumento na diversificação de países de seus fornecedores, como é possível observar no gráfico abaixo.
Enquanto houve queda na China, outros locais tiveram um bom crescimento: os Estados Unidos foram de 7,2% em 2019 para 10,7% em 2021, e Taiwan subiu de 6,7% para 9,5%. Outras que também tiveram bons investimentos e subiram foram a Índia (de 1% para 1,5%) e o Vietnã (de 2,2% para 3,7%).
Entretanto, como a produção na China é tão robusta, mesmo com essas recentes mudanças, não será possível se “desfazer” dela tão rapidamente, segundo relatou Eli Friedman, professor associado da Cornell University que estuda mão de obra no país.
A cadeia de suprimentos da China não vai evaporar da noite para o dia. A separação simplesmente não é realista para essas empresas por enquanto. Vietnã e Índia não são a China. Eles não podem produzir nessa escala, com a qualidade e com o tempo de retorno, com a confiabilidade da infraestrutura.
A fim de comparação, hoje a China detém 70% da produção dos iPhones globalmente, em sua fábrica da Foxconn. Para talvez diminuir essa porcentagem, a fabricante está expandindo para a Índia, com intenção de quadruplicar a força de trabalho na sua fábrica de iPhones em dois anos.
Os analistas também esperam que essa mudança do país de produção ocorra para os outros produtos da empresa, incluindo Macs, iPads, Apple Watches e AirPods.
Os problemas envolvendo a China já está afetando as vendas da Apple e preocupam acionistas. Por conta disso, é possível vermos uma velocidade de mudança cada vez mais rápida por parte da Maçã.
