O começo desta semana foi marcado pela notícia de que a Comissão Europeia deverá emitir a sua primeira multa antitruste contra a Apple por supostamente violar leis que favorecem a concorrência com as taxas da App Store — com foco no mercado de streaming de música. A multa deverá rondar, dizem, os 500€ milhões.
Porém, em vez de tentar rebater a multa (antes que ela se concretize), a Apple decidiu delatar a empresa por trás da investigação antitruste do órgão europeu: o Spotify.
Em comunicado divulgado hoje, obtido pelo TechCrunch, a Apple argumentou contra a ideia de que o Spotify tenha sido prejudicado por quaisquer práticas anticompetitivas de sua parte:
Estamos felizes em apoiar o sucesso de todos os desenvolvedores — incluindo o Spotify, que é o maior aplicativo de streaming de música do mundo. O Spotify não paga nada à Apple pelos serviços que a ajudaram a construir, a atualizar e a compartilhar seu aplicativo com usuários da Apple em 160 países ao redor do mundo. Fundamentalmente, a reclamação deles é sobre tentar obter acesso ilimitado a todas as ferramentas da Apple sem pagar nada pelo valor que a Apple oferece.
A gigante de Cupertino destacou também que o Spotify tem uma participação de mercado de 56% — bem maior que os 20% do Amazon Music e os 11% do Apple Music. Mais do que isso, a Maçã disse que o aplicativo do Spotify foi baixado (não só pela primeira vez) ou atualizado mais de 119 bilhões de vezes em seus dispositivos.
Outros detalhes sobre os negócios do Spotify divulgados pela Apple incluem o fato de que a gigante do streaming usa milhares de APIs 1Application programming interface, ou interface de programação de aplicações. da Apple em 60 frameworks, bem como a plataforma de testes beta da Apple, o TestFlight.
Além disso, a Maçã revelou que o Spotify já enviou mais de 420 versões do seu aplicativo para a revisão da App Store e até mesmo que os engenheiros da Apple ajudaram a empresa a resolver vários problemas, como aqueles que afetam a reprodução de mídia acelerada por hardware e otimizações da bateria.
Spotify visa lucrar com regulamentações?
Como dito, a investigação da União Europeia sobre o mercado de streaming de música e as políticas da App Store foi inicialmente desencadeada pelo Spotify — que não só reclamou várias vezes das diretrizes da Maçã, como também se reuniu, nos últimos dez anos, ao menos 65 vezes com a Comissão Europeia numa tentativa de convencer o órgão de que as regras da Apple têm um impacto negativo nos serviços de streaming de música, segundo as informações.
No entanto, a Apple disse que, embora o Spotify tenha alegado que as políticas da Apple estavam prejudicando a concorrência, o mercado de streaming de música estava, na realidade, em ascensão.
Nesse sentido, a companhia alega que o Spotify quer “reescrever as regras para seu próprio ganho”. A Apple não acredita que as reclamações do Spotify sejam sobre concorrência ou sobre encontrar um acordo melhor para os consumidores — ela diz que o Spotify simplesmente “quer um acordo melhor” e está “usando a Comissão Europeia para tentar consegui-lo”.
Veremos como (ou mesmo se) o Spotify responderá à cartada mais recente da Maçã — e se isso terá algum impacto na parte burocrática envolvendo a UE.
Notas de rodapé
- 1Application programming interface, ou interface de programação de aplicações.
