Se você tem acompanhado o mundo da tecnologia e da Apple nos últimos anos, muito provavelmente deve ter se deparado com alguma notícia sobre as disputas envolvendo a distribuição de aplicativos para iPhones (e, consequentemente, iPads) — sendo as mais famosas delas a da Epic Games e a dos órgãos da União Europeia.
A reivindicação principal é de que o sideloading seja permitido nesses dispositivos móveis da Maçã. Mas o que significa isso e o que mudará na prática, caso a Apple faça essa liberação?
É o que explicaremos nos parágrafos a seguir! 📱
A forma atual de distribuição de apps no iPhone e no iPad
Antes de mais nada, vale recapitular como a distribuição de aplicativos e jogos é feita atualmente no iPhone/iPad. Desde a concepção da App Store, em 2008, desenvolvedores que querem distribuir aplicativos para iPhones e iPads precisam necessariamente passar pelo crivo da equipe de revisão da empresa para que, depois, eles possam ser disponibilizados ao público.
Isso também envolve o pagamento do Apple Developer Program (que custa US$99 anuais), além do fato de que as desenvolvedoras precisam repassar uma porcentagem de 15-30% do preço do app em si, de compras internas (chamadas lá fora de In-App Purchases) ou de assinaturas.
Indícios de mudanças
Ocorre que isso poderá mudar muito em breve. Segundo a Lei dos Mercados Digitais da União Europeia, as grandes empresas de tecnologia devem permitir que lojas de aplicativos alternativas sejam usadas para baixar aplicativos. Assim, cairia por terra a exigência de pagamentos de taxas para a Apple — ou não, afinal a Apple ainda pode tentar amarrar isso de alguma forma.
A empresa, porém, vem batendo o pé, dizendo que isso pode afetar a segurança e a privacidade dos usuários — dois pilares que ela se gaba muito de levar a sério em seus produtos e serviços.
Para ilustrar isso, a Maçã inclusive disponibilizou um documento intitulado “Building a Trusted Ecosystem for Millions of Apps: A threat analysis of sideloading”. Nele, alguns números são apresentados, como a quantidade 15-47x maior de infecções por malware em Androids se comparado ao iOS.
O sideloading
O sideloading, por outro lado, pode permitir que desenvolvedores possam distribuir seus aplicativos sem precisar passar pela Apple (ou pelo menos pela sua loja), seja ofertando-os em seus sites ou mesmo em outras lojas de aplicativos. É algo com que usuários de dispositivos com Android já estão familiarizados há muitos anos, inclusive.
Ao mesmo tempo em que isso permitiria comprar aplicativos e jogos sem supostamente pagar taxas para a Maçã, isso poderia causar problemas de segurança. Porém, um argumento muito usado por quem defende o sideloading é de que Macs oferecem a possibilidade de baixar tanto apps pela Mac App Store quanto de outros sites — ainda que isso atualmente precise ser ativado nos Ajustes do Sistema, de forma manual.
Para possibilitar isso, a Apple conta com algumas ferramentas as quais permitem que o sistema verifique a assinatura do ID do desenvolvedor, afim de confirmar que o software é de uma pessoa/empresa identificada e que não foi alterado de alguma maneira. Mesmo que o macOS não possa verificar todos os desenvolvedores, você ainda pode optar por abri-los mesmo assim (ainda que seja um pouco arriscado, em alguns casos nos quais você de fato não saiba a procedência do app).
Então, uma opção que pode ser considerada pela Maçã é a de verificar desenvolvedores por meio de certificados atrelados aos seus apps e, assim, não abrir mão de toda a segurança do sistema.
Além disso, é importante notar que o fato de o sistema permitir sideloading não obriga ninguém a instalar apps dessa forma. Aos que preferirem, a App Store continuará sendo um local seguro/confiável para tal.
O futuro
Os rumores mais recentes indicam que o sideloading poderá ser liberado junto ao iOS 17 — ao menos na União Europeia. Porém, com o tempo, nada impede que ela expanda isso para outros países.
Veremos como essa novela se desenrolará nos próximos capítulos. Qual é a sua opinião? 🤔
