Da última vez que falamos aqui sobre as vendas dos Macs e o mercado de computadores em geral, no início do ano, a Apple não tinha muito do que reclamar: as vendas estavam estáveis, com uma leve subida na comparação ano-a-ano; muito embora o quinto lugar em fatia de mercado entre as fabricantes não fosse lá o mais honroso do mundo, era uma situação razoavelmente aceitável.
Agora, os dados relativos ao terceiro trimestre de 2017 chegaram e a Apple pode acender a luz amarela lá na sua divisão de computadores. Ou não: tudo depende da fonte escolhida para analisar o cenário.
A Gartner foi uma das duas firmas que trouxe seus levantamentos acerca do desempenho da indústria de computadores e, das duas, é a que apresenta a situação mais preocupante para a Maçã. De acordo com a empresa, o mercado de PCs sofreu uma queda de 3,6% nas vendas gerais nesse terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado — uma decaída puxada principalmente pelos Estados Unidos, onde o índice chegou aos 10% negativos (já em outros mercados, como o Japão e a América Latina, as vendas permaneceram relativamente estáveis).
Neste levantamento, a queda da Apple foi ainda maior que a da indústria: se no terceiro trimestre de 2016 aproximadamente 4,9 milhões de Macs foram despachados, no período deste ano o número caiu para cerca de 4,6 milhões — uma queda de 5,6%. Com isso, a Maçã voltou para o quinto lugar entre as fabricantes (ela tinha subido brevemente para o quarto no segundo trimestre), com uma fatia de mercado de 6,9% — atrás, respectivamente, de HP (a única com um crescimento de vendas), Lenovo, Dell e ASUS.
No total, foram aproximadamente 67 milhões de computadores despachados mundialmente no terceiro trimestre de 2017, contra 69,5 milhões enviados no mesmo período do ano passado — com isso, temos o 12º trimestre consecutivo com um encolhimento do mercado. Realmente, os smartphones e tablets sacudiram o mundo, não é verdade?
O outro levantamento da indústria vem da IDC e, nas estimativas da firma, a Apple não está num mar tão revolto assim. Aqui, o encolhimento do mercado de PCs é bem menor, com 67,1 milhões de unidades despachadas no último trimestre conta 67,4 milhões no mesmo período do ano passado (uma queda de 0,5%). A Maçã, por sua vez, teve uma leve subida de 0,3% na comparação ano-a-ano — 4,9 milhões contra 4,8 milhões de unidades despachadas, que garantiram o quarto lugar em fatia de mercado, com um índice de 7,3%.
Seja lá qual pesquisa se escolha analisar, é bom lembrar de um dado deveras importante: o último trimestre foi o primeiro de vendas dos iMacs e MacBooks [Pro/Air] atualizados e, em outras circunstâncias, seria o caso de vermos um salto no ritmo de vendas — como é normal quando novos produtos são lançados. Se os números tanto da IDC quanto da Gartner nos dizem algo, é que o interesse do público pelos computadores da Maçã, de um ponto de vista global, está esfriando — esfriando, aliás, até mais rápido que o interesse por computadores em geral, que é uma tendência inevitável.
Talvez seja a hora da Apple fazer uma escolha: ou admite que tornou-se uma empresa majoritariamente de dispositivos móveis e diminui significativamente sua linha de Macs (mantendo, digamos, apenas um modelo para poder concentrar-se nele com mais afinco) ou volta a dar uma maior atenção aos seus computadores, trazendo mais atrativos para os clientes fiéis ou possíveis novos consumidores. A Apple tem dinheiro em caixa para fazer a loucura que quiser com os Macs por décadas mas, do jeito que está, a situação está muito longe da ideal.
via MacRumors