O melhor pedaço da Maçã.
Steve Jobs na apresentação do iPhone, em 2007

Nos dez anos de lançamento do iPhone, novo livro promete contar detalhes inéditos sobre a gênese do revolucionário aparelho [atualizado 2x]

29 de junho de 2017. Neste dia, completar-se-ão dez anos desde que o primeiro iPhone chegou às prateleiras da operadora Cingular AT&T, nos Estados Unidos, e mudou não só tudo o que sabemos sobre dispositivos móveis, como conseguiu um lugar privilegiado na cultura popular e marcou a sociedade como um todo.

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Do seu lançamento em diante, a história é bem conhecida. Mas e antes? E os acontecimentos dentro de 1 Infinite Loop que levaram à criação de um dos produtos definidores de uma década? Esta é uma faceta muito menos conhecida do iPhone, e que promete ser destrinchada com profusão de detalhes no novo livro “The One Device: The Secret History of the iPhone”, do jornalista e editor da Motherboard Brian Merchant, a ser lançado no dia 20 deste mês e já em pré-venda na Amazon e na iBooks Store.

Livro - The One Device: The Secret History of the iPhone

O The Verge publicou hoje um trecho inicial do livro e, com ele, já temos alguns detalhes deveras polpudos — e, até então, inéditos — sobre a trajetória do primeiro smartphone da Maçã, da criação até a chegada às lojas. A começar, por exemplo, pelo fato de que o processo teria até destruído casamentos de tão árduo que foi.

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“O iPhone é a razão de eu estar divorciado”, diz Andy Grignon, engenheiro sênior do iPhone. Eu ouvi coisas parecidas com essa mais de uma vez entre as minhas dúzias de entrevistas com os engenheiros e arquitetos-chave do aparelho. “Sim, o iPhone arruinou um bom número de casamentos”, diz outro. “Era realmente muito intenso, provavelmente um dos piores períodos da minha vida, profissionalmente falando”, diz Grignon. “Porque você cria uma panela de pressão com um bando de pessoas realmente inteligentes com um prazo impossível, uma missão impossível, então ouve que o futuro da companhia está se apoiando nisso. Então era quase uma sopa da miséria. Não havia um momento para colocar seus pés na mesa e dizer ‘este será um ótimo dia’, era sempre ‘porra, estamos ferrados’. Toda vez que você se virava tinha uma morte iminente do programa à espreita.”

Uma das partes mais interessantes do trecho lançado, entretanto — e que já causou polêmica —, tem a ver com um dos nomes-chave por trás do iPhone: Phil Schiller. De acordo com Tony Fadell, também um dos altos executivos da Apple à época da criação do aparelho, Schiller é “uma figura teimosa” e por muito tempo resistiu à ideia de criar um smartphone sem um teclado físico. As palavras de Fadell acerca do ex-colega não são lá muito amistosas:

Ele simplesmente ficava lá sentado, com a guarda levantada o tempo todo, dizendo “não, precisamos ter um teclado físico. Não. Teclado físico.” E ele nunca escutava nossos argumentos enquanto nós dizíamos “não, Phil, isso funciona agora”, e ele dizia “é preciso um teclado físico!”

Schiller não tinha, segundo relatos do livro, a mesma verve tecnológica de muitos dos outros executivos. “Phil não é um cara da tecnologia”, diz Brett Bilbrey, ex-chefe do grupo de tecnologia avançada da Apple. “Havia dias em que você tinha que explicar coisas para ele como se ele fosse uma criança na escola”. Jobs gostava dele, de acordo com Bilbrey, porque ele “olhava para a tecnologia como os americanos médios o fazem, como o vovô e a vovó faziam”.

Eventualmente, segundo o livro, Schiller foi convencido de que um teclado virtual na tela multi-touch do iPhone daria certo e o plano seguiu como o esperado. Mas, de acordo com o próprio, nada disso é bem verdade:

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Khyle Deen: Horrorizado em saber que @pschiller lutou por um teclado físico no iPhone. Difícil pensar nisso depois de dez anos.

Phil Schiller: Não é verdade. Não acredite em tudo o que você lê…

A resposta de Schiller, como bem se sabe, serve para que ponhamos tudo o que lemos em perspectiva — mesmo um livro feito com esmero, a partir de uma pesquisa aprofundada, pode ter lá suas inconsistências e erros. Ninguém sabe realmente o que aconteceu lá nos idos da criação do iPhone, mas o certo é que o processo criou sua boa dose de inimizades e antipatias — como se pode ver pelas palavras pouco amistosas de Fadell em relação ao atual vice-presidente sênior de marketing global da Maçã.

Esperamos que o livro completo, quando sair, nos traga mais detalhes sobre essa história — afinal, seja na ficção ou na vida real, todos gostamos de um bom conflito, não é mesmo?

Atualização 14/06/2017 às 09:20

E já temos mais uma reação acerca dos polêmicos parágrafos sobre Phil Schiller. Com a palavra, Tony Fadell:

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Eu respeito @pschiller como colega e como amigo. A história sobre ele não é verdadeira. Pedi ao escritor que corrija o registro.

Essa resposta, é claro, traz mais algumas questões deveras espinhosas. A declaração de Fadell sobre Schiller, no trecho publicado no livro, está dentro de aspas; ou seja, considerando que a peça foi escrita por um jornalista de respeito, há de se crer que Fadell falou aquelas palavras, letra por letra — caso contrário, o livro já nasce com sérios problemas de credibilidade.

Claro que temos outra possibilidade, que é a de Fadell ter realmente dito aquilo e agora estar arrependido por ter comprado uma briga feia com a Apple, sua ex-casa. Talvez, com o restante do livro, possamos ter uma ideia mais clara das etapas do processo e dissiparmos esta impressão inicial deveras controversa — mas, para isso, teremos que aguardar até 20 de junho.

Atualização II, por Rafael Fischmann 14/06/2017 às 22:07

A coisa está esquentando. Em várias respostas postadas no Twitter, o autor do livro garante que não distorceu as palavras de Fadell e que inclusive tem a sua entrevista pessoal com ele gravada em áudio.

Considerando isso, temos duas possibilidades: 1. ou Fadell inventou a tal história enquanto conversava com Merchant, ou 2. Fadell se arrependeu profundamente do que lhe disse na ocasião.

Algo me diz que essa história não acaba aqui.

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