A Lu postou ontem sobre dois artigos da revista PC World listando as 10 coisas mais odiadas no Macintosh e as 10 coisas que as pessoas mais amam na Apple.
Lembrei de uma matéria muito semelhante (tenho minhas dúvidas sobre a originalidade — ou estou sendo precipitado e ambas têm algum tipo de acordo?) que saiu no suplemento de Informática do jornal Folha de S. Paulo desta semana: Top 10 do ódio [pela Apple].
Se me permitem, quero comentar cada um dos 10 pontos:
- PREÇO ALTO: Macs e iPods custam mais no Brasil do que em outros países. De fato; não bastassem os absurdos impostos de importação, esses produtos sofrem taxas sobre taxas e mais taxas até que cheguem às mãos do consumidor final por aqui. Imaginem a discrepância que é comprar um produto direto em uma loja da própria Apple, nos Estados Unidos, para um produto que é comprado lá (talvez até pelo mesmo preço final para consumidores), importado (taxas), transportado (frete), que chega ao distribuidor (lucro), vai para as revendas (mais lucro) e só aí chega às mãos do consumidor final brasileiro. Não há como competir. Mas eu discordo que vendas de produtos Apple no Brasil devam ser vistas apenas através de lojas oficiais e autorizadas em território nacional; já ouviram falar da B&H? E da Greenmax?
- TRADUÇÃO: A loja de música digital iTunes não tem uma versão brasileira. O tópico já começa com um erro de interpretação por parte do repórter; não se trata de “tradução”, e sim de trazer e instalar uma versão nacional da loja musical no Brasil — caso eu parasse por aqui, o mesmo repórter já iria começar a imaginar que se trata de uma loja física. Não; o mercado fonográfico mundial é bastante burocrático e lida com direitos autorais de artistas e gravadoras, que variam de país para país. A iTunes Store já funciona em diversos países do mundo, mas não muitos; se nem na Turquia ou na Áustria ela chegou ainda, que dirá aqui no Brasil! Claro, é muito chato, sempre ficamos entre os últimos (ou nem ficamos). Mas o Brasil, de fato, é um país de 3º mundo, e um dos campeões em pirataria mundial. Qual a pressa da Apple em instalar sua loja de músicas online por aqui? Vocês teriam?
- SEGURANÇA: A Apple desafiou hackers e perdeu a parada. Bom, tenho que admitir que estou um pouco por fora do que o repórter quis tratar com este ponto — e olha que sou bem antenado. Aparentemente, a Apple (será que foi ela mesma?) realizou algum concurso desafiando hackers a invadirem o Mac OS X. Eu, sinceramente, não me lembro de nada relacionado, e desde já agradeço se algum de vocês puder me ajudar postando algum link sobre o assunto nos comentários. Enfim, caso isso realmente tenha acontecido, não tenho dúvidas de que ela só saiu ganhando, afinal, não passa de uma bela jogada para descobrir falhas no sistema e corrigi-las o mais rápido possível. Invadir o Mac OS X é algo que qualquer hacker gostaria de colocar no portfólio, então se tal evento realmente ocorreu, não devem ter sido poucos os interessados em participar e, na minha opinião, invadido ou não, a Apple só saiu ganhando na parada. Obrigado, hackers!
- I AM A MAC: Propagandas satirizam quem usa sistema Windows. As propagandas não satirizam quem usa o Windows, e sim a Microsoft. A rivalidade entre as duas empresas é histórica; quem assistiu “Piratas da Informática” lembra bem como que ambas foram criadas e como cresceram. Para muitos, o Windows nada mais é do que uma cópia do Mac OS — e sempre foi. Uma cópia que inicialmente foi feita às pressas, com muitos problemas, mas que, com o tempo, se aprimorou bastante, mas nunca atingiu um nível de estabilidade, performance e confiabilidade muito alto, gerando sempre muitos ataques, revoltas e brincadeiras para cima de Bill Gates. A Apple vai na onda e se diverte; a Microsoft finge que nem sabe da existência da campanha. E, convenhamos, usuários de Macs ou de Windows: essa série de comerciais é ou não é uma das mais divertidas de todos os tempos? O que tem de paródia por aí não tá escrito…
- ECOLOGIA: O Greenpeace classifica a Apple como uma das empresas menos preocupadas com a natureza. Não faltam motivos para atacar a Apple. De fato, Tio Jobs deixou a questão ecológica de lado por bastante tempo, e ninguém nega que a empresa só foi se mexer de verdade depois de ataques do Greenpeace e quando dados estatísticos sobre a preocupação de companhias do setor informático foram divulgados por aí. De qualquer forma, nunca é tarde para voltar atrás e corrigir erros: a Apple já está tomando uma série de medidas para se tornar mais ecológica e até 2010 espera poder reciclar significativamente mais do que Dell ou HP com sua porcentagem de peso de vendas anteriores.
- VIDA ÚTIL: A Apple lança versões de seus produtos em curtos intervalos, desvalorizando lançamentos. O ciclo de vida médio de produtos da Apple é de 6 meses. 6 meses em termos informáticos não é nada pouco, pessoal. E, convenhamos, a desvalorização de Macs é infinitamente inferior à de PCs comuns; hoje encontramos de monte Macs de quatro, cinco ou seis anos atrás em classificados, por preços bastante razoáveis — e com vendedores cheios de remorso por estarem se desfazendo de seus queridos companheiros de longa data. O último iPod (5.5G) foi lançado em setembro de 2006, há 8 meses; iMacs idem; Macs mini idem; MacBooks Pro com Core 2 Duo saíram em outubro do ano passado, há 7 meses; os MacBooks só foram atualizados agora, depois de 6 meses sem novidades; esse argumento está correto mesmo?
- PRÉ-APROVADO: O iPhone nem foi lançado, mas já é “o lançamento do século”. Lançado ele foi; ele não foi disponibilizado no mercado, ainda. E ele já é o “lançamento do século” pelo simples fato de que, desde janeiro, quando anunciado, foi o eletrônico que gerou a maior repercussão na mídia e no mercado mundial, sem sequer ter chegado às mãos dos consumidores. Que empresa pode se dar ao luxo de dizer que tem tamanho poder de manipulação e influência mundial com um simples conceito? Ah, e diga-se de passagem, o iPhone já foi aprovado pela FCC.
- ENGAJADOS: Fãs da empresa pregam a superioridade da Apple. Isso é realmente um ponto negativo? Eu sempre digo para os meus amigos… usam PCs (computadores comuns, com Windows) quem necessita do computador como ferramenta. Por isso, as pessoas sentam na frente da máquina, fazem o que precisam fazer e desligam-o o mais rápido possível. Não agüentam e nem têm motivos para ficar curtindo muito aquele momento, tornando divertido e prazeroso. Quando você menos espera, alguma coisa de errado acontece, você perde tudo o que estava fazendo ou tem que pedir ajuda do seu amigo nerd pra resolver um problema super besta, problema este que nem deveria existir. No mundo Mac as coisas simplesmente funcionam, são criadas e arquitetadas com o pensamento no usuário, no seu dia-a-dia, no que ele precisa e, principalmente, de forma a otimizar o seu tempo ao máximo. Usar PCs é como ter um Palio, que você usa para se locomover, ir trabalhar e resolver sua vida. Usar um Mac é como ter um Porsche, onde você sai para esbanjar, para curtir, relaxar e aproveitar cada minuto sentado na máquina. Ou, para os que preferem, ter um PC é como usar uma CG 125cc para ir ao trabalho; Macs são como clubes de motoqueiros da Harley-Davidson, há uma paixão indescritível pela marca e pelos seus produtos.
- STEVE JOBS: A arrogância do executivo desperta ira até entre macmaníacos. E, ao mesmo tempo, ele tem um carisma inexplicável, é um dos executivos mais respeitados e idolatrados em todo o mundo, por usuários de Macs ou não. Que outra pessoa atrai tanta atenção e mobiliza tanto a mídia como Steve Jobs em dias de keynotes de apresentações em Macworlds? Os tradicionais cerca de 90 minutos de seus discursos são sempre muito bem aproveitados, geram um clima de tensão sobre os anúncios muito forte em toda a comunidade macmaníaca e não deixa ninguém trabalhar em paz até que o evento termine e o Apple.com seja atualizado com as novidades. A parte final “One more thing…” é uma das mais esperadas e sempre traz anúncios inusitados por todos. Por sinal, a próxima keynote está se aproximando… WWDC ’07 está aí, de 11 a 15 de junho, é hora de se preparar. E que as especulações comecem!
- MODA SONORA: Os fones brancos do iPod viraram símbolo de afetação. Mais um ponto que não entendi nada no porquê de ter sido classificado como algo a se odiar. Quem não quer um iPod, hoje em dia? Quem não se sente o máximo usando os tradicionais fones brancos da Apple? Quem não tem a maior paixão pelo seu iPod e o trata como um filho que acaba de nascer? A Apple revolucionou, de fato, a forma como ouvimos música e continua trazendo constantes inovações para o mercado que só trazem benefícios para os consumidores e agitam a concorrência, que é obrigada a correr atrás do prejuízo, tentar inovar e trazer diferenciais que possam ameaçar a liderança da empresa da maçã. Não vejo a hora do iPod 6G sair, com tela wide touch-screen à lá iPhone e HD de 120GB. Hehe.
Agora eu quero ouvir vocês. O que acham disso tudo?