Duas patentes conquistadas recentemente pela Apple indicam que a fronteira final em termos de computação é fazer os aparelhos eletrônicos se comportarem de formas condizentes com sua localização. Até faz sentido: você é uma pessoa quando vai a uma festa de casamento, e se transforma quando vai jogar futebol com os amigos, mudando mais uma vez quando está no trabalho — a não ser que você trabalhe organizando festas de casamento em campos de futebol. É natural que seus gadgets sejam assim também.
Um desses inventos descreve um dock para MacBooks que poderia disponibilizar diferentes conjuntos de informações dependendo de onde ele estivesse ligado. Por exemplo, um dock na sala de estar, ligado à TV, pode desencadear uma série de configurações bem diferentes de um no carro ou outro em um mostruário. Enquanto um pode acionar automaticamente uma interface como o Front Row, o outro pode ligar os comandos de voz e o terceiro pode ativar sistemas de segurança diferenciados.
Esses docks seriam inteligentes por terem um processador próprio e memória, mas dependeriam de informações de localização providas pelo computador para saber que tipo de configuração adotar. No trabalho, o Dock (esse, de software) poderia ser preenchido com apps de produtividade; em casa, com apps de entretenimento; no carro, com um aplicativo de navegação — quase como uma outra patente, em que as Home Screens poderiam ser afetadas por informações do GPS.
Aliás, por falar em iGadgets, este invento tem o CYA (cover your ass) de sempre, prevendo sua aplicação em computadores e dispositivos portáteis como celulares e PDAs (personal digital assistants, ou iPod touch, para os íntimos).
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Outro invento que faz equipamentos se comportarem de forma diferente com base em sua posição no universo diz respeito a iPads capazes de identificar a presença de outros gadgets, como computadores, impressoras e projetores, em um ambiente de trabalho. Pra que isso, você pergunta? Para eles poderem se rebelar melhor contra os seres humanos, claro! E o iPad liderando.
Brincadeira. 😛 Há muitos motivos para um iPad traçar um mapa dos equipamentos eletrônicos em um escritório, sendo o principal deles poder exibir um mapa dos equipamentos eletrônicos em um escritório. Quer enviar um documento para impressão? Escolha a impressora em um ícone 3D no mapa. Quer transferir uma apresentação ou vídeo para um computador? Escolha a máquina no mapa. Quer fazer uma apresentação? Escolha o projetor.
Se isso parece com o AirDrop, é porque lembra demais, mesmo — capaz até de ser algum tipo de implementação futura para o iOS/OS X. Não que um iPad rode o OS X, mas sim que um Mac ganhe alguma aplicação deste tipo.
Mas o que é preciso para que algo assim se concretize? A patente descreve sensores, dúzias deles! Pode pensar num sistema de comunicação sem fio, a Apple o citou: RFID, infravermelho, ultrassom, LADAR (e não, não é o RADAR do Cebolinha)… Tudo isso, claro, vai depender de equipamentos compatíveis, de forma similar ao que ocorre com o AirPrint e o AirPlay hoje.
Ou seja, mesmo que apareça esse recurso num iGadget, ele só vai ser útil para quem compra uma dúzia de periféricos [1, 2] que custam mais que computadores completos. Ok, rolou uma hipérbole, mas é bem por aí.