Conforme já sabemos, a Apple precisou de dez horas para vender mais de 5 mil ingressos para sua tradicional conferência de desenvolvedores, que será realizada apenas daqui a dois meses. A notícia pegou muita gente de surpresa — incluindo alguns brasileiros que esperavam garantir seu espaço nos próximos dias — e não é de hoje que existem debates sobre o forte interesse na WWDC. Porém, agora a coisa ficou complicada.
O primeiro esgotamento de ingressos para a Worldwide Developers Conference ocorreu em 2008: tudo bem, levou aproximadamente dois meses após a abertura das inscrições para ocorrer. A partir daí, todas as edições do evento foram lotadas: em 2009, isso aconteceu em 33 dias; no ano passado, em menos de 10 dias. E agora, com um esgotamento registrado em aproximadamente 10 horas, nem é preciso dizer que o volume de interessados em participar de um evento oficial da Apple em desenvolvimento de software vai além do que ela pode suportar de qualquer maneira, mesmo com vídeos online.
A situação cria um belo dilema: há quem acredite que a WWDC deve se tornar um evento maior para comportar o volume de interessados, mas também há pessoas que consideram isso um risco para quem decide se inscrever com o objetivo de se socializar entre desenvolvedores e participar de laboratórios de treinamento — que são as duas principais razões para alguém gastar US$1.600 só no ingresso (sem contar viagem e hospedagem em San Francisco). Sim, tudo isso é difícil em um evento para 5 mil pessoas, então imagine a mesma coisa para 10, 15 mil indivíduos. O que é ruim piora.
Considerando esses fatores, a Apple poderia tentar manter a WWDC do mesmo jeito, mas ela também gera o maior volume de discussões sobre o tamanho atual da conferência. Tudo bem que o material das sessões vai parar na internet por bem ou por mal, mas nada disso substitui a exclusividade do evento principal.
O cenário atual é fácil de descrever: a Apple criou dois monstros sob a forma de plataformas de desenvolvimento e não consegue dar conta deles com um evento por ano. Talvez seja possível solucionar essa questão fazendo edições similares da WWDC em determinados países, visando conter a demanda por regiões — é algo que diversas empresas de tecnologia aprenderam a fazer e, apesar de não ser a oitava maravilha do mundo, pelo menos cria mais fontes de informação de qualidade para grandes comunidades dedicadas em software. Ah, e também evita que alguém tente brigar por ingressos de um evento no eBay…