Julio Madeira
É gerente de desenvolvimento, entusiasta da Apple desde de 2009 e orgulhoso proprietário de um Macintosh SE HD de 1987 em funcionamento. Vira e mexe escreve alguns artigos para o MacMagazine, como convidado.
Você já pensou em programar ou pelo menos digitar alguma coisa em um Apple II? E em um Apple I? E se nesse lugar você também puder programar no BASIC que Bill Gates e Paul Allen escreveram para o famoso MITS Altair? E se eu lhe disser que dá para fazer tudo isso, em um único lugar?!
Eu amo museus. Sempre que eu viajo, aproveito para conhecer um pouco da cultura local e sempre visito um museu. Em minha última viagem para Seattle (Washington), em janeiro deste ano, tive oportunidade de visitar e conhecer o Living Computers Museum + Labs.
Enquanto eu procurava um museu local ou um ponto histórico, dei de cara com esse museu. Confesso que não esperava muito, mas quando soube que é possível interagir com os equipamentos, achei que era o local perfeito para ir!
O Living Computer Museum foi fundado originalmente por Paul G. Allen (1953-2018) e hoje opera como uma instituição de caridade, sem fins lucrativos.
Com o apoio do seu fundador, o museu abriu sua coleção de computadores antigos para o público ver e usar. Em 2016, ele foi ampliado com a adição de exposições no 1º andar com tecnologia atual, além de três laboratórios práticos de aprendizado de Ciências da Computação.
Depois, recebeu o nome Living Computers: Museum + Labs, mostrando computadores antigos e oferecendo sessões interativas. Isso dá aos visitantes a chance de realmente usar os computadores no museu! Uma expansão dele permite experiências com tecnologias mais modernas, como carros autônomos, internet das coisas, big data e robótica, mas confesso que, para um geek como eu, a parte dos computadores antigos é bem mais interessante. O LCM+L também hospeda uma ampla variedade de programas e eventos educacionais em suas salas de aula e laboratórios de última geração.
De acordo com o site do LCM+L, seu objetivo é “dar vida às nossas máquinas para que o público possa experimentar como era vê-las, ouvi-las e interagir com elas. Tornamos nossos sistemas acessíveis, permitindo que as pessoas venha interagir com eles.”
O site atual compartilha da mesma forma:
O Living Computers: Museum + Labs fornece uma experiência prática única, com tecnologia de computador da década de 1960 até o presente. O LCM+L honra a história da computação com a maior coleção do mundo de supercomputadores, mainframes, minicomputadores e microcomputadores totalmente restaurados e utilizáveis.
Em julho passado, o museu foi fechado devido à pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), mas sem dúvida se trata de um lugar que vale a pena você deixar na agenda para uma oportunidade futura, numa visita a Seattle.
Abaixo, uma pequena parte dos muitos computadores que existem lá e estão à disposição dos visitantes — escolhi algumas fotos que fazem sentido para quem curte a história da computação.
Aqui temos um osciloscópio que foi usado em 1958 como uma tela para o primeiro jogo do mundo. Alguns cientistas descobriram que um osciloscópio poderia mostrar os resultados na tela, e eles simularam uma partida de tênis — na tela ao lado, o jogo “Tennis for Two” criado por eles na década de 1950.
Nesta foto, temos um terminal burro que acessa um MITS Altair rodando o Basic criado por Gates e Allen no dormitório deles, em Harvard.
Na foto acima, é possível ver um Apple I em um case de acrílico transparente onde é possível programar no BASIC sem ponto flutuante – escrito à mão por Steve Wozniak.
Aqui você vê o primeiro contrato de sociedade entre Gates e Allen para a fundação da Microsoft, em 1977.
Temos também o Xerox Palo Alto, equipamento que mostrou a Steve Jobs tecnologias como Ethernet, email, mouse e interface gráfica.
Antes do processador Intel Pentium, existiam os 486, 386 e 286. Antes deles, tínhamos o PC AT-XT e, antes, o PC XT — que utilizava o processador Intel 8080 ou 8088. O avô desses processadores foi o Intel 4004, o qual provou que os microcomputadores eram viáveis.
Quem conhece a história de Jobs sabe da passagem dele vendendo placas do Apple I na loja Radio Shack; abaixo, um dos computadores vendidos por eles na década de 1980.
Lá também é possível conhecer e usar o famoso Lisa.
E, por fim, uma sala de aula repleta de Apple II, onde é possível aprender e programar MS-BASIC sem se preocupar com o tempo.
Sei que Seattle não é um local muito turístico, mas, caso você esteja na região, é — sem sombra de dúvida — uma ótima pedida. Além de ser um museu sem fins lucrativos, visitá-lo se torna uma verdadeira viagem no tempo e ajuda a manter vivo o sonho de Paul Allen (de manter essa memória viva e ao alcance de todos).