Em fevereiro passado, nós informamos que a Apple passaria a exigir a aprovação do governo chinês para colocar jogos na App Store do país. Na verdade, não se trata de uma novidade: a China já mantinha uma política de aprovação própria em relação a jogos eletrônicos desde 2016, mas só agora a Apple (e a App Store) passaram a seguir essa regra.
Desenvolvedores de jogos distribuídos na App Store chinesa têm até o dia 30 de junho para enviar à Apple um “número de aprovação” cedido pela Administração Geral de Imprensa e Publicação (AGIP) da China; sem isso, a Maçã será obrigada a remover os jogos da loja. E, segundo uma nova matéria da Bloomberg1Matéria fechada para assinantes., a empresa removerá milhares de jogos sem aprovação no próximo mês.
A decisão da Apple encerra uma prática comum utilizada por algumas empresas/desenvolvedoras, que publicavam seus jogos na App Store enquanto aguardavam a autorização dos reguladores — processo esse bem lento.
Segundo a Bloomberg, games como Grand Theft Auto (que são bem violentos e dificilmente passariam despercebidos pelos órgãos chineses) serão os mais afetados — os reguladores chineses exigem que todos os jogos pagos ou aqueles que ofereçam compras internas sejam submetidos a essa revisão a fim de obter uma licença.
O fato é que existem cerca de 60 mil jogos disponíveis na App Store da China que são pagos ou que contam com In-App Purchases, sendo que pelo menos um terço deles não tem licença, segundo estimativa da AppInChina (que ajuda empresas a localizar e publicar seus aplicativos no país).
Levando em conta que a China foi responsável por cerca de um quinto dos US$61 bilhões gerados por bens e serviços digitais na App Store em 2019 (segundo maior mercado depois dos Estados Unidos) — e que a Apple recebe 30% desse valor —, estamos falando, sim, de um “problemão” para a companhia.
Ainda que grandes conglomerados como Tencent e NetEase sejam impactados, eles conseguem se adaptar por conta dos recursos infinitos e diálogo com o governo; já pequenas empresas e desenvolvedores não têm essa mesma facilidade, infelizmente.
De acordo com a Bloomberg, quem não conseguir uma licença basicamente terá duas opções que, aparentemente, não são lá muito atraentes: mudar o modelo de receita para publicidade, que não exige aprovação do governo; ou se unir a grandes players, como a Tencent, para obter essa tal licença.
Notas de rodapé
- 1Matéria fechada para assinantes.