No fim de 2019, a Apple envolveu-se em (mais) uma polêmica quando o desenvolvedor David Heinemeier Hanson acusou o algoritmo do Apple Card de sexismo. Isso porque o cartão ofereceu a ele um limite de crédito 20x maior que à sua esposa, mesmo com os dois fazendo declaração de imposto conjunta e tendo comunhão universal de bens.
A partir daí, vários outros usuários — incluindo ninguém menos que Steve Wozniak — relataram situações parecidas, a polêmica se instaurou e o banco Goldman Sachs, responsável pela parte financeira do cartão (e pelo algoritmo, portanto), pediu desculpas. Pois hoje, quase um ano e meio depois, o banco foi “inocentado”.
De acordo com a Bloomberg, o Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York iniciou — ainda lá em novembro de 2019 — uma investigação acerca de possíveis vieses discriminatórios no algoritmo do Apple Card e na atribuição automática de limite de crédito a determinados usuários. O órgão, entretanto, não encontrou nenhum indício de falha ou defeito nas decisões de crédito do algoritmo.
A investigação foi lançada com base na Lei da Oportunidade de Crédito Igualitária, instituída nos Estados Unidos em 1974 e que impede empresas e serviços financeiros de discriminar pessoas com base em raça, cor, religião, nacionalidade, gênero, status marital ou idade no momento de conceder crédito ou empréstimos. O departamento escrutinou dados relacionados a mais de 400.000 pessoas que solicitaram um Apple Card e determinaram que o algoritmo do cartão não violou a regulamentação.
A Superintendente Linda A. Lacewell, entretanto, aproveitou a oportunidade para reforçar a importância de um acesso equalitário ao crédito entre todos os cidadãos:
Por mais que não tenhamos encontrado nenhuma violação nas atribuições, nossa investigação serve como um lembrete nas disparidades do acesso ao crédito mesmo 50 anos após a aprovação da lei que impediu esse tipo de discriminação. Essa é apenas uma parte de uma discussão que precisamos ter sobre acesso igualitário ao crédito.
Apesar de ter se livrado das acusações, o Goldman Sachs foi criticado pelo órgão por falhas na transparência e no serviço ao consumidor — falhas essas que, segundo o parecer, podem ter contribuído para a percepção do problema e que poderiam ter sido solucionadas por “uma melhor gerência” da instituição no lançamento do Apple Card.