O mundo da tecnologia foi pego de surpresa nesta semana após a Apple anunciar a criação de um programa de reparos independentes para os seus produtos, o Self Service Repair. A notícia alcançou grande repercussão entre membros do movimento Direito ao Reparo (Right to Repair), que vêm pressionando a Maçã e outras companhias a darem mais liberdade para usuários na hora reparar seus dispositivos.
Ontem, a firma de reparos iFixit, grande defensora do movimento, reagiu de forma positiva ao anúncio, parabenizando a Apple pela decisão. A empresa, no entanto, não economizou palavras ao fazer uma série de questionamentos sobre como o programa funcionará, adotando uma postura cética em relação ao serviço.
Agora, outra grande personalidade do movimento a opinar sobre assunto foi o engenheiro Louis Rossmann, que já prestou diversos testemunhos ao Congresso dos EUA em apoio a legislações nesse sentido. Assim como o iFixit, Rossmann assumiu uma postura desconfiada e se mostrou preocupado com a possibilidade de o programa sofrer com os mesmos problemas do Independent Repair Provider — que é focado em firmas de reparo independentes.
Segundo o engenheiro, o IRP sofre com dois problemas principais: a escassez de peças (limitadas a itens mais “comuns” como telas, baterias e câmeras) e a demora na entrega desses componentes. De acordo com ele, essas limitações inviabilizam reparos mais complexos e fazem com que as firmas percam seus clientes pela demora provocada pelos longos períodos de entrega.
Rossmann ressaltou que, apesar de considerar o Self Service Repair um avanço, só dará o devido crédito à Apple caso ela resolva esses problemas com o novo programa.
Façam isso direito e poderemos começar do zero, deixando o passado no passado, e eu lhe darei todo o crédito do mundo. Sem nenhum ressentimento. Eu estou falando sério. […] Se eles fizerem isso direito, comprarei e usarei um MacBook como meu computador diário.
Outro questionamento levantado pelo engenheiro foi se a Apple fornecerá peças específicas para reparo em vez de componentes completos, como vender apenas o painel de LED de uma tela de um MacBook em vez do display inteiro, por exemplo — algo que seria consideravelmente mais caro.
O Self Service Repair será lançado em 2022, segundo Apple, primeiramente apenas nos Estados Unidos. Apesar dessa exclusividade inicial, a empresa prometeu expandir o programa para mais países ainda no ano que vem, cobrindo, inicialmente, reparos de iPhones das linhas 12 e 13 e, futuramente, Macs com chips M1.
via The Loop